A população de Suzana, no norte da Guiné-Bissau, está “muito apreensiva” com o início, em breve, de trabalhos de prospeção de minérios, disse esta quinta-feira, 02 de junho de 2022, à Lusa o presidente da associação dos filhos e amigos daquela secção, Tiago Seidi.
Tiago Seidi indicou que a Associação Onenoral dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFAS), que reagrupa 17 ‘tabancas’ (aldeias), foi informada pelo Ministério dos Recursos Naturais que “brevemente” duas empresas irão iniciar os trabalhos de prospeção de minérios nas localidades de Catão, Djifunco e Edjin.
Os trabalhos serão conduzidos por uma empresa com sede na Gâmbia e outra chinesa, informou Seidi, que salientou que a associação “em princípio, não é contra” a prospeção anunciada, mas está “muito apreensiva, tendo em conta as experiências do passado”.
O líder das comunidades de base das localidades que compõem a secção de Suzana e Varela assinalou “as más experiências e más recordações” deixadas no terreno na sequência de prospeções efetuadas nas ‘bolanhas’ (campos de cultivo do arroz) por duas empresas estrangeiras.
“Em 2008, o Estado da Guiné-Bissau deu licença à empresa chinesa West African Union. Essa empresa ainda na fase de prospeção, tirou mais de 200 toneladas de areia pesada em Varela, e em 2017 a empresa russa Poto SARL, também na fase de prospeção, tirou mais de 500 toneladas da mesma areia, deixando as ‘bolanhas’ e os poços de água totalmente danificados”, observou Tiago Seidi.
Pelas informações recolhidas junto do Ministério dos Recursos Naturais, em Bissau, a AOFAS teve conhecimento de que a empresa SAFMI, sediada na Gâmbia, e uma outra chinesa, preparam-se para iniciar as prospeções de mineiros em Catão, Djifunco e Edjin, afirmou o representante.
“Essas empresas até podem dizer ao Estado que vão fazer uma simples prospeção, mas devido à fragilidade do nosso Estado, acreditamos que no terreno acabam por fazer outra coisa, deixando prejuízos à nossa população que vive essencialmente da agricultura”, notou Seidi.
O líder comunitário indicou ainda que a população das três localidades está “avisada e alerta” desde que tomou conhecimento da possibilidade de haver trabalhos na zona, mas também a partir do momento em que começou a constatar “movimentações estranhas” de pessoas ligadas às duas empresas.
“Disseram às comunidades que vão realizar ali trabalhos e que eventualmente haverá mudanças da população para outras ‘tabancas’ para evitar os efeitos colaterais”, referiu Tiago Seidi, citando as preocupações dos aldeões.
A AOFAS pretende levar a preocupação das três comunidades às autoridades guineenses e neste momento desenvolve contactos para chegar ao primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e ao Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló.
Tiago Seidi adiantou que pretende solicitar às autoridades que “haja mais rigor e exigência” em relação às empresas que recebem licenças de prospeção em Bissau, “mas que no terreno acabam por fazer mal ao ecossistema”.
“Estas três localidades são zonas pequenas, estamos a falar de localidades muito próximas do rio. Se não houver uma fiscalização séria, os trabalhos vão causar prejuízos incalculáveis para a nossa população”, disse Seidi.
In lusa




















Uma exploração selvagem sem respeito do Plano de Gestao Ambiental e Social com preocupações em ganhos pessoais pouco se interessando pelas populações locais. Estão a empurar-nos para a radicalização que poderá acontecer embora nao desejável
Estes trabalhos de prospecção devem ser acompanhado por uma equipa de AOFASS com a missão de fiscalização dos trabalhos prospectivo. Antes de tudo isto, primeiramente é a reabilitação da estrada. É isto que devemos exigir a empresa antes de início da prospecção.