A embaixadora da União Europeia, Sónia Neto, defendeu hoje que apostar na investigação é promover a economia da Guiné-Bissau, porque “a educação é o motor e a base que move qualquer sociedade”.
Sónia Neto frisou que investir no ensino superior é apostar no crescimento pessoal e no aumento de competências profissionais dos jovens guineenses que constituem o motor de desenvolvimento do país, bem como na criação de respostas e oportunidades de resolução de problemáticas relevantes à sociedade.
Sónia Neto falava durante a apresentação do “Estudo Diagnóstico do Ensino Superior e Investigação científica: Oportunidades e recomendações”, elaborado pela Fundação Fé e Cooperação (FEC) e financiado pela União Europeia, o primeiro estudo do género realizado no país.
Sônia Neto concluiu que o ensino superior na Guiné-Bissau não contribui para o desenvolvimento e redução da pobreza, porque a oferta de estabelecimentos de ensino superior na Guiné-Bissau está quase toda concentrada em Bissau e os cursos disponibilizados não contribuem para os objetivos de desenvolvimento e redução da pobreza.
Segundo o estudo, a rede de ensino superior “tem uma distribuição territorial fortemente assimétrica” e “evidencia consequências ao nível da equidade do sistema pois as despesas que a situação de deslocado implica são determinantes para o acesso ao ensino superior e para o crescimento do setor”.
Os dados referem que quase 55% das instituições do ensino superior estão localizadas na região de Bissau e que apenas a região de Tombali não tem um estabelecimento de ensino superior.
Em relação à oferta formativa, 18 estabelecimentos oferecem licenciaturas, mas apenas cinco são instituições públicas.
O estudo mostrou também que o número de alunos a frequentar o ensino superior no presente ano letivo é de 17.025 estudantes, o que representa um aumento de 31,1% em relação ao ano letivo anterior, número que ultrapassa largamente os 15.000 previstos até 2025.
“A região de Biombo tem cinco instituições de ensino superior, Oio tem três em Farim, Bissorã e Mansoa. Bafatá, Bolama, Quínara e Gabú têm apenas uma instituição de ensino superior cada”, frisa o estudo.
O documento aponta que os cursos científicos e tecnológicos representam apenas 11% da oferta total, existindo apenas um curso ligado à transformação de produtos agrícolas, um curso ligado à pesca e um curso ligado à indústria extrativa, testemunhando a dificuldade da economia guineense na transformação dos seus recursos naturais.
Na sua declaração, a embaixadora Sónia Neto enfatizou que a União Europeia tem investido o seu financiamento para a melhoria da qualidade de educação, mobilidade dos docentes e estudantes e reforço da cooperação em matéria de investigação, bem como na educação inclusiva.
E que usarão a sua influência para que a educação seja prioritária em termos do investimento publico, porque sem a educação não há inovação, não há a capacidade de criar novos empregos nem espaços que promovam a inovação e o desenvolvimento económico. E não há cidadãos informados e comprometidos com o progresso sustentável das suas comunidades e do seu país.
Por seu lado o diretor da Escola Superior da Educação, Eugénio N´Luta reconheceu que as instituições do ensino superior continuam a carecer de recursos humanos especializados e de incentivos para investigações e, consequentemente, as suas publicações.
Para o diretor da Escola Superior de Educação, o presente estudo vai permitir ao governo adotar novas políticas de intervenção no domínio do ensino superior.
Por Epifania Mendonça
Foto: E.M
















