CEDEAO APELA À LIBERTAÇÃO DE SOLDADOS MARFINENSES PRESOS NO MALI DESDE JULHO

Os chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apelaram à junta maliana para libertar até 1 de janeiro de 2023 os 46 soldados marfinenses presos no Mali desde julho deste ano.

O apelo saiu da 62ª Sessão Ordinária dos chefes de Estado da organização sub-regional  reunidos em Abuja, em 4 de dezembro,  na qual os países membros da CEDEAO decidiram criar uma força regional dedicada a intervir não só contra o jihadismo, mas também em caso de golpe de Estado, que a região tem experimentado vários ao longo dos últimos dois anos.

“Os líderes da CEDEAO decidiram recalibrar a nossa arquitetura de segurança”, disse Omar Touray, Presidente da Comissão da CEDEAO, para quem a decisão  trata-se de a organização encarregar-se da sua “própria segurança” e “não depender de atores externos”, sublinhando que os países estão “determinados a estabelecer uma força regional que intervenha quando necessário, quer se trate de segurança, terrorismo ou restauração da ordem constitucional nos Estados-membros”.

A propagação do jihadismo a partir do norte do Mali chegou ao Burkina Faso e a Níger e estende-se ao sul e ao Golfo da Guiné. Os exércitos nacionais têm cooperado com atores externos, como a ONU, a França e a Rússia. A insegurança é um fator-chave nos golpes militares que abalam a região desde 2020, no Mali, no Burkina Faso e por outras razões, na Guiné Conacri.

Sobre esse assunto, os oficiais militares da região  reunir-se-ão na segunda quinzena de janeiro para discutir modalidades para estabelecer a força regional, anunciou Touray, acrescentando que os líderes da África Ocidental decidiram não confiar apenas em contribuições voluntárias que já mostraram as suas limitações, sem dar mais detalhes.

A Cimeira presidida por Umaro Sissoco Embaló, Presidente em exercício da conferência dos chefes de Estado da CEDEAO analisou também a situação política no Mali, no Burkina Faso e na Guiné Conacri, três  países suspensos dos órgãos de decisão da organização da África Ocidental. 

A CEDEAO vem pressionando há meses pelo retorno, o mais rápido possível, dos civis à frente desses países. Em reação, os militares comprometeram-se, sob pressão, a ceder após dois anos e um período de transição, durante o qual todos dizem querer “refundar” os respetivos estados. 

Os líderes da África Ocidental revisaram as ações uns dos outros à volta do “retorno à ordem constitucional”.

Por outro lado, volvidos quase cinco meses, Bamako acusou os 46 soldados marfinenses de serem mercenários enviados para desestabilizar o poder de Assimi Goïta, o que a Costa do Marfim nega firmemente. Várias vezes este país esclareceu que essas forças são o 8º destacamento do Elemento Nacional de Apoio (NSE), responsável por apoiar o contingente alemão da MINUSMA e proteger certos locais logísticos.

Abidjan, por exemplo, denuncia a “chantagem” de que é vítima. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, confirmou que os soldados “não são mercenários” e pediu a sua libertação, mas até ao momento o pedido não foi atendido e ficou “em vão até agora”, apesar das várias mediações em curso.

O caso dos soldados marfinenses é uma fonte de sérias tensões entre a Costa do Marfim e o Mali e o presidente togolês, Faure Gnassingbé, que desempenha os bons ofícios nessa crise, irá “exigir” a libertação dos soldados.

Por: Filomeno Sambú

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