As regiões de Bafatá e de Gabú são zonas da Guiné-Bissau onde se verifica mais o contrabando de tabaco, transformando as fronteiras das duas regiões em zonas mais vulneráveis aocomércio ilegal de cigarros em todo o território nacional.
Não é de agora que este fenômeno acontece em Gabú e Bafatá, mas nota-se que há vários anos que comerciantes ambulantes utilizam motorizadas e bicicletas para transportar ilegalmente produtos tabaqueiros na zona leste do país.
A situação tornou-se incontrolável. As autoridades aduaneiras e da inspeção de comércio das duas regiões não dispõem de recursos humanos e meios materiais suficientes para fazer face aos enormes desafios de circulação ilegal de cigarros e da fuga ao fisco em Bafatá e em Gabú.
CIGARRO É PRODUTO DE LUXO NA ECONOMIA GUINEENSE
Em declaração à Rede de Jornalistas sobre Economia e Mercado Ilícito na Guiné Bissau (REJOMEI-GB), o coordenador da Organização Não Governamental “ADIC NA FAIA” de Gabú, Adulai Baldé, disse que, na realidade, as autoridades das duas zonas fronteiriças não têm a capacidade para apreender os produtos tabaqueiros que circulam ilicitamente em Gabú e Bafatá, porque a maioria dos guardas-fronteiriços são apenas auxiliares, sem vínculos com o Estado e não recebem subsídios, o que lhes torna vulneráveis, aceitando subornos de qualquer comerciante ambulante para fazer vista grossa e deixar passar ilegalmente produtos tabaqueiros pela fronteira.
Todavia, as autoridades aduaneiras da região de Bafatá não reconhecem a existência, na sua zona de jurisdição, de contrabandistas de cigarros e de tabaco. Os responsáveis aduaneiros de Bafatá consideram que é difícil contrabandeartabaco e cigarro na fronteira daquela região, uma vez que as autoridades senegalesas não admitem a saída ilegal de produtos tabaqueiros do seu território. Por outro lado, garantem que o desalfandegamento de tabaco e cigarro na região de Bafatá é feito mediante um forte controle policial, em particular, do Serviço de Informação de Estado (SIE).
Garantiram ainda à reportagem de REJOMEI-GB que a comercialização de produtos tabaqueiros no mercado nacional obedece às normas próprias estabelecidas pelas autoridades nacionais.
Por seu lado, o economistas guineense, Serifo Só, defendeu que “o cigarro é um produto de luxo e não da primeira necessidade pelo que quando se trata de sua comercialização,podemos considerar que é dupla perda porque normalmente a taxa imposta pelo Estado é alta, não só para a angariação de receitas para o estado, mas também como forma de desincentivar a sua comercialização e o seu consumo, por ser um produto tóxico, que traz graves consequências à saúde humana ou por constituir uma ameaça à saúde pública,” acrescentando que “a Guiné-Bissau não especificou a taxa exata aplicável no despacho de cigarros e nem o seu destino específico, como acontece nos outros países em que o valor taxado é reinvestido diretamente no serviço de saúde.”
CONSEQUÊNCIAS DE CONSUMO DE CIGARRO NA FAMÍLIA
Na análise do sociólogo Diamantino Domingos Lopes “as consequências do conflito de relação entre o indivíduo e os seus familiares, podem encurtar esse privilégio”, acrescentando que “quando se dá essa oferta, o dinheiro não é aplicado devidamente para os fins desejáveis, e havendo uma ruptura na relação entre o indivíduo e a sua família nasce um problema com o vício e uso indevido do dinheiro para saciar as necessidades fisiológicas porquanto não se come o cigarro, mas com o cigarro se sente e tem prazer”.
Também em declarações à REJOMEI-GB, o Presidente da Rede Nacional das Associações Juvenis (RENAJ), Abulai Djaura, considerou extremamente preocupante o nível do consumo de cigarro e tabaco nos adolescentes e jovens.
“Quando a juventude, que é a força motriz do desenvolvimento de um país, é consumidora excessiva de tabaco, tem sempre resultado negativo”, defendeu Abulai Djaura que aconselha os jovens a evitarem o consumo de estupefacientes, garantindo que a RENAJ em parceria com as comunidades, as bancadas e as diferentes associações juvenis promoverão campanhas de sensibilização para mostrar aos mais jovens os perigos que o cigarro representa à saúde humana.
Por seu lado, o Médico Clínico Geral, Mário Ianta, revelou à reportagem da REJOMEI – GB que “hoje o consumo de tabaco e do cigarro é responsável por diversos problemas de saúde humana tais com: enfisema pulmonar, câncer de pulmão, bronquite crônica, osteoporose e a impotência sexual.”
Mário Ianta sustentou ainda que as consequências do consumo de cigarro não se limitam somente ao mal estar de saúde das pessoas consumidoras. Elas também são responsáveis pela desorganização social dos consumidores. O que, em muitas circunstâncias, leva o consumidor a vender as suas pertenças para poder alimentar o vício, o que poderá transformar o consumidor num delinquente, que anda pelas ruas a roubar e assaltar as pessoas com uma única finalidade de satisfazer a sua dopamina.
O técnico de Saúde aconselha as pessoas que ainda não experimentaram o consumo de cigarro, em particular os jovens, a não fazê-lo, porquanto o tabaco é hoje a principal causa de doenças mentais e também da morte prematura no mundo.
Por: Mamudo Dansó
Vice-Coordenador da REJOMEI-GB
E-mail:rivadanso@gmail.com



















