O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Augusto Mário da Silva, anunciou esta sexta-feira, 03 de março de 2023, a realização da conferência internacional sobre o extremismo e radicalismo, que se realizará em novembro deste ano em Bissau.

“Viemos apresentar ao Presidente da República um projeto que a liga está a desenvolver em parceria com o Instituto Marquês Valle Flor e financiado pela União Europeia, que é o projeto Observatório de Paz. É um projeto que implica articulação com as autoridades públicas, portanto não foi possível fazer apresentação do projeto ao Presidente da República aquando do seu lançamento e hoje fizemos apresentação deste projeto” disse, acrescentando que aproveitaram a oportunidade para convidar o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, como convidado de honra, para uma conferência internacional que se realiza em Bissau, sobre o extremismo e radicalismo. 

Em declarações aos jornalistas à saída de uma audiência com o chefe de Estado, Augusto Mário da Silva explicou que o Presidente Embaló manifestou a disponibilidade de apoiar a realização daquela conferência internacional, “porque de facto é uma questão de interesse nacional e que diz respeito à Guiné-Bissau, enquanto membro da CEDEAO e sabemos que a sub-região está a ser fustigado neste momento por estas questões de radicalismo e extremismo violento”. 

“Foram essas questões que tratamos com o Presidente e saímos muito satisfeitos da audiência, porque sentimos que o nosso trabalho está a ter o respaldo político de que precisamos para efetivamente continuar a desenvolver a nossa atividade”, notou.

Questionado sobre a perceção da sua organização sobre a situação do extremismo e radicalismo na Guiné-Bissau, respondeu que a liga entende que a Guiné-Bissau precisa de facto de um trabalho de sensibilização para que as pessoas possam efectivamente saber viver na diversidade e que possam ser mais tolerantes em relação às suas diferentes. 

“O conceito é pouco conhecido pela maioria das pessoas, embora na prática vivamos sinais ou indícios de radicalismos. Há várias situações que já aconteceram aqui que de facto indica o radicalismo, mas como é uma questão que não é muito abordado publicamente e as pessoas desconhecem os contornos reais, portanto é preciso fazer este trabalho e, por isso estamos aqui para chamar atenção das pessoas de que devemos saber viver num mundo diversificado e saber ser tolerante para com o nosso próximo” alertou, para de seguida, avançar que o radicalismo verifica-se em todos os grupos societários e não só, como também na relação inter-étnica, partidária e religiosa.  

Assegurou que o radicalismo é um fenômeno que atravessa todos os grupos sociais. Por isso, afiançou que é preciso trabalhar para reforçar a coesão e a tolerância, que segundo a sua explanação, “é característico dos guineenses, mas que nunca é demais continuamos a cultivar”.

Sobre a ausência da LGDH no cumprimento do novo ano da sociedade civil ao Presidente da República, Augusto Mário da Silva disse que aproveitaram a ocasião para esclarecer a ausência da liga naquela cerimónia, acrescentando que na verdade houve uma falha de comunicação na altura e enviaram uma carta para explicar o que realmente aconteceu.

“O Presidente compreendeu e declarou-nos que de facto aceitou a nossa justificação e,  razão pela qual estamos aqui hoje. As nossas relações vão continuar e tal como tem sido até aqui de forma saudável e com a liga a fazer o seu trabalho e o governo a fazer também a sua parte”, esclareceu, acrescentando que a liga vai continuar a trabalhar para o respeito da dignidade da pessoa humana na Guiné-Bissau.

Refira-se que a LGDH, através do seu vice-presidente e coordenador do Projeto Observatório da Paz, Bubacar Turé, participou recentemente num encontro internacional de reflexão sobre a prevenção do extremismo violento na África Ocidental e Central, realizado em Dakar, capital do Senegal. 

Por: Aguinaldo Ampa