O candidato a primeiro-ministro do Partido Africano para Paz e Estabilidade Social (PAPES), Malam Sissé, apontou como um dos focos do partido acabar com a fome na Guiné-Bissau, através de uma agricultura forte e industrializada.
Outra aposta do PAPES é garantir uma “justiça sã”, apontando ainda como setores prioritários a educação, saúde e os recursos naturais.
Em entrevista telefónica esta quarta-feira, 17 de maio de 2023, ao jornal O Democrata, Malam Sissé declarou que, por ser um partido liberal socialista do centro, o PAPES vai trabalhar, caso seja opção dos eleitores guineenses, para resgatar a Guiné-Bissau e tirá-la da situação em que os sucessivos governos colocaram-na.
Malam Sissé afirmou que a situação dos direitos humanos na Guiné-Bissau deve ser assumida como uma responsabilidade de todos os guineenses, defendendo que é preciso fazer uma revolução, no quadro das leis, uma revolução constitucional, que permitirá aos guineenses trabalharem na base da Constituição.
“Um país onde as pessoas são espancadas, onde doentes morrem nos hospitais e na rua e ninguém é responsabilizado, é um país sem rumo. Não temos tido escolas públicas a funcionar regularmente. Portanto é todo um conjunto de direitos que são violados. Porque o direito à escola, à saúde e à integridade física são todos direitos fundamentais. Apenas podemos mudar o rumo das coisas, fazendo uma revolução dentro do quadro Constituicional”, indicou.
Questionado sobre a quebra registada na campanha de comercialização da castanha de cajú, Malam Sissé respondeu que é da responsabilidade do Presidente da República o facto de a castanha não estar a ser comercializada, porque “dissolveu o Parlamento e criou um governo de iniciativa presidencial, o mesmo governo que não tem criado as condições nem facilitado para que o produto fosse comprado ao produtor a 375 francos CFA, o preço determinado pelo executivo”.
“Os partidos políticos da Guiné-Bissau são especialistas em desenhar estratégias. Criam dificuldades ao povo para vendê-lo facilidades. Neste momento os camponeses estão a passar fome, estão sem dinheiro e não podem pagar as propinas dos filhos nem garantir saúde às crianças. A mensagem que vão ouvir na campanha eleitoral é simples: votem em nós vamos comparar acastanha a um preço X, é compra de consciência dos eleitores”, assinalou Malam Sissé, para quem essas técnicas devem ser combatidas, sancionado todos os partidos que estão na governação e que já governaram este país.
“O PAPES é a única formação política que não saiu de nenhum outro partido, nem é descendente. Votem em nós somos a solução para os vossos problemas e da Guiné-Bissau”, apelou, para de seguida defender que a castanha de cajú, enquanto um produto estratégico, deve ser valorizado em toda a sua cadeia, porque “ não é possível que empresários e comerciantes ou exportadores ganhem mais do que um produtor que faz tudo”.
“ Se os eleitores confiarem a governação ao PAPES, criaremos um Ministério de Cajú e pequenas agências especificamente para gerir a castanha. Temos que profissionalizar o Estado, criar riquezas para que todo omundo possa viver bem acomodado e tirar os guineenses da mendicidade e da bajulação”, assegurou.
No capítulo de integração, Malam Sissé referiu que não é justo que o guineense continue a contentar-se com pouco, lembrando que a Guiné-Bissau, enquanto membro da comunidade internacional, tem militares que garantem a integridade territorial sancionados há mais de dez anos, que não podem ir curar-se no exterior, “ apenas é um exemplo da nossa fraca integração. Quem vai a Dakar,paga quase em todos os postos de controlo, começando por M´pack. Um estrangeiro chega cá e domina o mercado de trabalho. Os bancos comerciais são todos estrangeiros. Que tipo de integração é essa?”.
O candidato a primeiro-ministro do PAPES considerou o estado da justiça guineense “ zero” e alertou que se for primeiro-ministro 99% dos atores da justiça vai para casa, que vai criar um tribunal neutro para gerir o país por um período de dez anos, profissionalizar jovens e fazê-los administrar a justiça em nome do povo, porque quem falhar ou sair da esfera da verdade será julgado e condenado de trinta a quarenta anos de prisão.
“Vamos produzir leis novas, porque não se pode continuar a pensar que este país pode andar sem a justiça. Não são os políticos, são magistrados e juízes que colocaram o país onde está”, acusou.
Por: Filomeno Sambú
















