O presidente do Congresso Nacional Africano (CNA), Braima Djaló, acusou o governo de nada ter feito para salvar a campanha de comercialização de castanha de cajú na Guiné-Bissau.
Em entrevista a O Democrata via telefónica, a partir de Boé, onde se encontra em campanha eleitoral, Braima Djaló afirmou que a população guineense vive atualmente uma extrema pobreza, sublinhando que a castanha está a ser comprada a baixo do preço fixado pelo governo [375 fcfa] em quase todas as regiões do país, porque o executivo criou entraves aos investidores do setor de cajú.
Criticou que o povo esteja com fome, mas alguns partidos que sustentam o executivo estão a exibir carros de luxo, motorizadas e outros materiais de campanha. Por isso, Braima Djaló apelou aos eleitores que sancionem na urna todos os partidos políticos que compõem o executivo, por estes estarem à contribuir para destruir a vida da população, condenando-a à fome e pobreza extrema e à morte lenta e que os atuais autoridades se preocupam em satisfazer as suas necessidades e não as da população.
Para o líder do CNA, a situação económica e social do país é das piores e que os indicadores para a sua melhoria estão aquém das expectativas.
Obama, como também é chamado, assume-se como alternativa para tirar o país da situação em que se encontra, apontando a educação e a saúde como setores prioritários do programa do CNA, defendendo a capacitação dos professores e consequentemente a introdução do ensino bilíngue crioulo e português no Ensino Básico para melhorar a qualidade da educação, assim como garantir a gratuitidade do ensino, do jardim ao 12° ano, e a obrigatoriedade da frequência escolar até 12° ano.
Braima Djaló críticou também a inoperância de estruturas de saúde no interior, tendo afirmado que, em caso da vitória do CNA, o partido irá melhorar os indicadores da saúde, criando condições para o tratamento médico no país.
“É vergonhoso ver pessoas a serem evacuadas para tratamento médico no estrangeiro. É preciso criarmos condições para os setores da saúde e da educação. Estes setores estão de rastos no país” disse, lembrando que sem saúde e educação não há desenvolvimento.
Em relação aos setores da Segurança e Defesa, Braima Djaló defendeu a capacitação e definição de critérios de ingresso nestes setores, de forma a permitir que o país tenha forças republicanas, denunciando que tem sido prática recrutar militantes e simpatizantes dos partidos no governo para as forças Armadas.
“Se quisermos ter forças armadas republicanas temos que definir os critérios de ingresso nos setores da defesa e segurança. O que tem sido prática depois das eleições é recrutar para as forças armadas os militantes e simpatizantes dos partidos que ajudaram um partido a chegar ao poder. Nós vamos criar as condições para que os nossos militares integrem as missões de paz das organizações regionais e mundiais” disse.
O líder do CNA disse que o partido prioriza também o setor da justiça, apontando a criação de condições para os operadores de justiça, acompanhadas de avaliação de desempenho de operadores dos mesmos, inspeção judicial, de forma a permitir à celeridade processual e a imparcialidade.
“Os tribunais devem ser funcionais, porque a corrupção é endêmica no país e alastra-se em quase todos os setores. Por isso, o combate à corrupção exige a calma, serenidade e uma justiça funcional” insistiu.
Obama admitiu a possibilidade de uma coligação pós-eleitoral com o vencedor das eleições legislativas para garantir a paz e a estabilidade política no país.
Contudo, garantiu que a eventual coligação não se assentará na participação dos dirigentes do partido no governo, mas a coligação assentar-se-á no compromisso de resolver os problemas da população de Gabú, nomeadamente a saúde, a educação, as infraestruturas, a energia, o saneamento e a água.
Refira-se que o Congresso Nacional Africano (CNA) concorre em 6 círculos eleitorais, nomeadamente 2 (Bidanda/Cacine e Quebo), 13 (Bambadinca/ Xitole),15 (Boé/ Pitche), 16 (Gabu), 17 (Pirada) e 18 (Sonaco).
Por: Tiago Seide



















