O Comité da tabanca de Kassu, Alexandre Sanhá, revelou que as grávidas e a população em geral da secção de Suzana atravessam diariamente a fronteira para consultas médicas no Senegal, por falta de técnicos de saúde nos centros de Saúde de Suzana e de Varela.
Kassu é uma aldeia situada na linha de fronteira, na secção de Suzana, setor de São Domingos, região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau.
Em entrevista a O Democrata, Alexandre Sanhá afirmou que a decisão do governo de retirar o pessoal de saúde afetou de que maneira a população da secção de Suzana.
“Os técnicos colocados naquele centro de saúde foram retirados pelo governo. Neste momento, só há uma parteira. Ela não consegue cobrir a área sanitária de Suzana. As mulheres grávidas são obrigadas a atravessar fronteiras e outras vão em pirogas às consultas de acompanhamento no Senegal” disse, apelando ao governo a reconsiderar a sua posição, de forma a minimizar o sofrimento daquele povo.
“É vergonhoso ver diariamente mulheres das tabancas que estão a beira da fronteira com o Senegal: Kassu, Budjim, Arame, Edjatem, Cassolol, Hassuka, a atravessarem a fronteira para as consultas pré-natais no Senegal. Nós sentimo-nos envergonhados, quando estamos com os nossos colegas comités do Senegal, questionam-nos como é que o nosso governo não consegue garantir saúde a população. Ficamos calados e envergonhados” insistiu Sanhá, afirmando que a população daquela zona sente-se abandonada pelo Estado e que o Estado não fez nenhum investimento nas zonas de fronteira.
“Veja a nossa estrada [São Domingos a Varela]. Na época das chuvas, somos obrigados a pagar o triplo do valor pago neste momento. Se tivessem a nossa zona como prioridade iriam melhorar a nossa estrada, permitindo-nos escoar os produtos que produzimos para irmos vendê-los a um bom preço” disse.
Denunciou a falta de infraestruturas escalares, deprofessores, de técnicos de saúde, tendo afirmado que muitas escolas construídas na secção de Suzana são de iniciativa comunitária.
Em relação ao preço de castanha de cajú, Alexandre Sanháacusou os comerciantes de não estarem a respeitar o preço fixado pelo governo e que estes estão a comprar a castanha de caju a 250 xof, enquanto em Kaguit (Senegal), os comerciantes compram-na a 400 XOF ao kilo.
“Os agentes do Estado impedem a população de atravessar a fronteira para levar a castanha de cajú, de forma a poder vendê-la a um bom preço, mas a população desta zona vai diariamente às tabancas do Senegal, Kaguit, Yutu, Efock, Ziguinchor, fazer tratamento e consultas. É triste o que está a acontecer nesta zona. Haverá este ano muita fome na secção de Suzana” denunciou.
“O Estado guineense coloca os seus agentes na época de castanha até nas últimas tabancas nesta zona, porque é que não podem colocar técnicos de saúde na secção de Suzana?” questionou Alexandre Sanhá.
Por: Tiago Seide
















