O desenvolvimento dos Media modificou, nas sociedades contemporâneas, todo o processo político. Mudou contatos entre os líderes políticos e as suas bases e a relação dos cidadãos com as políticas públicas. O próprio processo de governação pública sentiu o impacto da evolução dos meios de Comunicação Social na esfera pública. Os novos Media exigem dos políticos contemporâneos uma nova Política de Comunicação Social para a construção de um novo mercado de ideias nos espaços públicos nacionais. Ou seja, os Media revolucionaram a perceção dos cidadãos em todas as atividades públicas e nas políticas eleitorais.
Os Media desconstruíram a segmentação pública das sociedades contemporâneas e construíram um novo segmento para redefinir as relações entre o político e o cidadão eleitor, entre as mulheres e os homens, crianças e adultos, leigos e especialistas. Aprofundaram as transformações no discurso político estabelecendo, de certa forma, a união de sentimento dos eleitores transmitida nas urnas com as políticas públicas. Assim, nas sociedades contemporâneas, um povo sem os Media independentes é uma espécie de um corpo semimorto. Ou seja, é como um barco sem leme que dificilmente encontrará um bom porto. Os cidadãos desta sociedade serão um povo escravo e nunca soberano. A única homenagem que lhe podemos render é chamar-lhes de selvagem.
Na verdade, se quisermos ter um povo guineense inteligente e culto, onovo governo do Estado da Guiné-Bissau deverá definir uma nova politica de Comunicação Social. O maior prazer espiritual do povo guineense é ter a liberdade de consumir, no seu mercado de ideia nacional, produtos da socialização produzidos por Media nacionais. Os Media nacionais serão as fontes de informações que organizam os ritmos da vida quotidiana, os espaços domésticos e as fronteiras entre as diferentes esferas sociais que atuam no novo mercado de ideia nacional.
Evidentemente a nossa classe política não pode continuar a ignorar o papel dos Media em mudanças tão significativas e manifestadas pelos eleitores nas últimas eleições legislativas de junho de 2023. O novo governo da Guiné-Bissau não deverá ter dificuldades em incorporar de forma expressiva, os Media no processo de socialização dos cidadãos guineenses no novo mercado de ideia nacional. A política de Comunicação Social do novo governo deve encarar parlamentares e governantes de forma similar aos autores e atores, aos cantores e as outras estrelas do mundo do entretenimento.
Hoje é fundamental que a nova Política de Comunicação Social do próximo governo da Guiné-Bissau se reflita na essência de eliminar, no novo mercado de ideia nacional, os critérios noticiosos excludentes que geram pautas jornalistas excludentes que poderão estabelecer no país um discurso de crime de conduta pública.
A política de Comunicação Social do próximo governo deve ser deconvergência de serviços informativos e Mediáticos. Ou seja, da convergência do setor público com o domínio privado para atuarem, no mercado de ideia, como atores prestadores de serviços mediáticos aos cidadãos da Guiné-Bissau.
O novo governo da Guiné-Bissau deve, na sua politica de Comunicação Social, atribuir aos Media e aos jornalistas, a função do Serviço Público de Socialização dos Cidadãos e de Representação dos interesses públicosda Nação guineense. O que permitiria definir os parâmetros legais de qualificar a qualidade de produtos jornalísticos no novo mercado de ideia nacional, estabelecendo, assim, sistemas de legislações favoráveis a liberdade de expressão, pluralidade e diversidade dos Media como uma plataforma para o discurso democrático no espaço público nacional.
A Política de Comunicação Social do próximo governo da Guiné-Bissau não deverá esquecer nas gavetas a capacitação profissional dos jornalistas e estabelecer na esfera pública da democracia nacional a capacidade económica e infraestrutural para sustentar os Media e os jornalistas independentes e pluralistas no mercado de ideia nacional. A liberdade, a pluralidade e a diversidade de informação devem ser as palavras-Chave da qualidade de produtos jornalísticos da Politica de Comunicação Social do próximo governo da Guiné-Bissau.
Na nova Politica de Comunicação Social do próximo governo da Guiné-Bissau a dignidade da pessoa humana e o respeito pelos Direitos Fundamentais devem ser bens jurídicos inalienáveis. O cidadão nacional deve ter o direito a informação e a liberdade de criação da empresa de Comunicação Social. O que permitirá acabar com o monopólio de informação pelo setor público e concretizar o exercício efetivo da liberdade de imprensa na produção de conteúdos jornalísticos de qualidade para o consumo humano no novo mercado de ideia nacional.
A soberania dos cidadãos guineenses no mercado de ideia residirá na sua capacidade de editar jornais ou de escolher entre os jornais que lhes são propostos no mercado de ideia nacional.
Por: António Nhaga
Diretor-Geral



















