Editorial: DJURTUS PAGAM SUBSÍDIO DE IRRITAÇÃO AOS GUINEENSES

[Edição impressa n°556 Ano XI, de 01 de fevereiro de 2024] A seleção nacional de futebol, os Djurtus estão a pagar, na Federação do Futebol da Guiné-Bissau no alto-Bandim, um subsídio de irritação a todos os cidadãos guineenses portadores de um cheque visado pelo selecionador nacional Baciro Candé. Os Djurtus disponibilizaram um referido subsídio para pagar a irritação de 11 jogos disputados em quatro edições consecutivas da sua presença, sem nenhuma vitória, na Copa Africana das Nações (CAN).

O grande problema é saber agora quem é que esteve irritadíssimo durante os quatro anos consecutivos da noite asa ida ao CAN para poder receber mais subsídio. Por exemplo, houve famílias que partiram louças e brigaram por autogolos da goleada dos Djurtus na Costa de Marfim. Também a entrada em falso dos Djurtus em todos os jogos, com medo, falta de atitude e de entrega em defesa da pátria de Amílcar Cabral irritou todos os guineenses, mesmo os de otimismo de panglossiano.

Os guineenses vão receber o subsídio de irritação de 11 jogos sem questionar a verdade sobre os Djurtus. Na verdade, nenhum dos jogadores da seleção nacional tem compromisso para com o país que o viu a nascer ou com a terra dos pais e dos avós. 

Todos os selecionados que integram a lista dos Djurtus querem simplesmente mostrar e exibir os seus dotes futebolísticos. Por outro lado, é mais de que visível que as opiniões dos empresários do desporto têm ainda uma grande influência na organização interna dos Djurtus.

A média e a qualidade dos jogadores selecionados é muito fraca. Pois, não temos mais jogadores com qualidades nos grandes clubes europeus. Por outro lado, o próprio país está sem autoestima em fazer algo para os Djurtus. Por isso, os melhores jogadores guineenses que militam nos grandes clubes europeus não arriscam jogar na seleção ou de fazer para o país.

A única condição ou segredo para jogar hoje na seleção nacional é apenas apresentar uma imagem que prova que o jovem emigrante joga na Europa. Não importa se ele joga na Mafra FC, no Clube dos Pescadores de Costa da Caparica, no Torriense ou no Sintrense. A culpa é do governo que não conseguiu, até hoje, criar infraestruturas desportivas em todo o território nacional para a formação de jovens como Baba, Cirilo, Bobo e Jaime Garça.

Na era de Júlio Barreto, de Ciro, de Bobo e de Jaime Graça não havia na seleção nacional jogadores do Clube dos Pescadores da Costa de Caparica. Aliás era uma seleção de todo o território nacional e não de Bissau. Infelizmente quando a seleção nacional foi batizada com o nome de Djurtus começaram a aparecer nela jovens emigrantes do Clube dos Pescadores da Costa de Caparica.

Para que os Djurtus não estejam a pagar constantemente subsídios de irritação aos cidadãos guineenses, é preciso fazer um trabalho de base. A seleção moçambicana, por exemplo, teve 14 anos ausente da CAN. Hoje regressou muito bem estruturada no CAN da Costa de Marfim.

Os Djurtus precisam fazer um trabalho de base de vários anos, para o qual precisam de técnicos competentes no desporto. Por outro lado, a contratação da equipa técnica dos Djurtus deve estabelecer objetivos concretos a atingir. Caso contrário, todos os jogos que os Djurtus ganharam no CAN será apenas de uma ação fortuita. Não há um trabalho de base de vários anos com os nossos jovens jogadores em todo o território nacional. Por outro lado, o nosso campeonato nacional não é competitivo. 

Criamos várias equipas espalhadas por todo o país sem promover a competitividade. O que fragilizou ainda mais a competitividade do nosso campeonato nacional de futebol.

Se não houver um trabalho de base continuará a haver nos Djurtus, jogadores que só apenas querem exibir os seus dotes futebolísticos sem compromisso com o país que os viu a nascer ou com a terra dos pais e dos avós.

Por: António Nhaga

Diretor-Geral

angloria.nhaga@gmail.com

Author: O DEMOCRATA

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