Após oito anos no comando técnico da seleção nacional de futebol, Baciro Candé foi informado por meio de uma carta formal pela direção da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, que não tem a intenção de renovar o seu contrato que termina no dia 15 de março próximo do ano em curso, cessando a sua ligação com os Djurtus.
Ainda de acordo com uma fonte ligada a FFGB, a instituição pretende contratar um treinador estrangeiro para dirigir a seleção nacional e de preferência um treinador português.
O Democrata apurou que um dos nomes na agenda da federação nacional é o do luso-santomense, Luís Boa Morte, que atualmente é adjunto treinador de Fulham Football Club da Inglaterra, que está a ser dirigido por Marco Silva. Luís Boa Morte foi internacional português, que chegou a ser uma das maiores promessas de futebol português formado na academia do Sporting Clube de Portugal que, segundo a nossa fonte, também se mostrou disponível para comandar os Djurtus.
A nossa fonte avançou que as prioridades da federação nacional é um treinador português, dado que a maior parte dos jogadores guineenses que representam a seleção nacional são formados em Portugal e assim o enquadramento com o treinador português será mais sólido, bem como o fator língua será uma vantagem para o treinador português.
FFGB QUER APROVEITAR BACIRO CANDÉ PARA OUTRO DEPARTAMENTO TÉCNICO
A decisão de não renovar o contrato com o Mister Baciro Candé foi tomada de forma unânime pelos membros do Comité Executivo da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), após mais um ‘fracasso’ na Taça das Nações Africanas (CAN’2023), onde a seleção nacional saiu na fase de grupos da prova.
“Vamos esperar que o seu contrato termine no dia 15 de março e não vamos renová-lo, mas a FFGB vai criar as condições no sentido de aproveitar o Baciro Candé nos outros departamentos técnicos de futebol pelo trabalho que fez nos últimos anos como selecionador nacional”, informou uma fonte da federação, avançando que para além do Mister Candé, a federação decidiu demitir os responsáveis das diferentes estruturas ligadas ao futebol, nomeadamente, o diretor desportivo, Team Manager da seleção de futebol e adjunto selecionador nacional.
Confrontado com a decisão do FFGB pelo Jornal O Democrata, o comentador desportivo nacional, Camnaté Domingos Binhafá enalteceu a decisão do Comité Executivo da FFGB de não renovar o contrato do técnico principal, contudo, realçou o trabalho feito pelo selecionador nacional, Baciro Candé ao longo dos anos que permitiu a Guiné-Bissau apurar-se para o CAN quatro vezes consecutivas.
“Acho que a decisão do Comité Executivo foi acertada, mas temos que agradecer o Baciro Candé pelos feitos alcançados pela seleção nacional que permitiu a Guiné-Bissau apurar-se quatro vezes para o CAN, que é um feito inédito na nossa história, mas o técnico devia ter saído antes e não agora, porque apesar de ser uma decisão acertada, mas é tardia”, afirmou Camnaté Domingos Binhafá, numa entrevista por telefone a partir de Portugal, para analisar a decisão do Comité Executivo da Federação.
Na opinião de Domingos Binhafá, o treinador guineense devia demitir-se do cargo, logo após a eliminação da Guiné-Bissau do maior torneio de futebol em África e não esperar pela decisão da instituição que gere o futebol nacional.
“Ele devia tomar a iniciativa de pedir a demissão, porque não conseguiu alcançar os anseios dos guineenses nesta quarta participação, pela quarta vez consecutiva, que era qualificar-se para a fase seguinte da Taça das Nações Africanas”, disse.
Na visão do jovem comentador de futebol guineense, além da falta de organização nos elencos de Baciro Candé e a ambição nesta competição africana, nota-se a falta de abordagem eficaz do selecionador nacional nos três jogos que realizou na prova.
O jovem analista deixou ainda duras críticas a atual direção executiva da FFGB e entendeu que o presidente do órgão, Carlos Mendes Teixeira, devia também apresentar a sua demissão do cargo, como fez o seu homólogo dos Camarões, Samuel Eto’o, mas que não foi aceite pela Comissão Executiva da Federação Camaronesa de Futebol.
Segundo explicação do comentador desportivo, o atual órgão federativo nacional não tem um projeto “credível e ambicioso” para convencer os jovens futebolistas profissionais radicados na Europa para jogarem na seleção nacional, na sequência desta quarta participação na CAN’2023, a decorrer na Costa do Marfim desde o mês passado de Janeiro.
Questionado sobre o perfil do futuro técnico, Binhafá não tem preferências, mas lembrou que existem muitos técnicos nacionais que podem assumir a seleção nacional de futebol, que podem levar a Guiné-Bissau ao CAN ou até ao Mundial.
Formado pela Faculdade Direito de Bissau, Domingos Binhafá alertou ao órgão federativo que antes de contratar o próximo selecionador nacional, é fundamental apresentar um projeto para o futuro da seleção da Guiné-Bissau.
Inserido no grupo A da CAN’2023, juntamente com a Costa do Marfim, Nigéria e a Guiné-Equatorial, a Guiné-Bissau despediu-se desta competição de futebol com três derrotas consecutivas em três partidas.
Em quatro participações consecutivas no CAN, nomeadamente em 2017 no Gabão, em 2019 no Egito, 2021 nos Camarões e em 2023 na Costa do Marfim, os “Djurtus” nunca conseguiram somar qualquer triunfo e consequente apuramento para a fase seguinte da prova.
A Guiné-Bissau que participou soma 12 jogos, perdeu 9, empatou 3 e não venceu qualquer partida.
Por: Alison Cabral/Assana Sambú



















