LÍDER  DA APU-PDGB ACUSA SISSOCO EMBALÓ DE ANARQUISMO E DE CONTROLO DAS INSTITUIÇÕES 

O ex-primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, acusou o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de anarquismo e de querer controlar todas as instituições ao seu favor.

Denunciou que o chefe de Estado terá movimentado, por meio de um decreto presidencial, membros do seu governo sem que tenha informações ou solicitado remodelação e disse que decidiu gerir os atropelos de Sissoco Embaló até ao momento, porque se tratava de um projeto que tinha a sua volta pessoas comprometidas com a verdade e a causa nacional.

“Os atropelos de Umaro Sissoco Embaló em vários assuntos são sistemáticos e consubstanciam numa anarquia total, que chega a presidir as reuniões do Conselho de Ministros sem avisar, nem facultar previamente a agenda ao primeiro-ministro”, afirmou o líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), durante uma conferência de imprensa realizada esta quinta-feira, 11 de julho de 2024, para anunciar o seu regresso efetivo à política, depois de ter estado ausente do cenário político a cumprir ritual de fanado.

Questionado pelos jornalistas se terá recebido de alguém dinheiro para terminar a sua casa, Nabian nega que tenha recebido algo de alguém para construir a sua casa, onde atualmente reside, tendo alertado que o Presidente da República pode usar todos os mecanismos e o dinheiro que tem para comprar consciências, mas jamais ganhará eleições na Guiné-Bissau.

O político desafiou as autoridades nacionais, órgãos com com poder para investigar, a investigarem Sissoco Embaló, sobretudo nas suas viagens e no correio de transporte de dinheiro em que está envolvido.

Em relação às  acusações de Augusto Poquena proferidas contra a sua pessoa, o ex-primeiro-ministro deixou claro que se o regime mudar, moverá uma queixa-crime contra essa figura do grupo de altos  dirigentes do Partido  da Renovação  Social (PRS) para provar todas as acusações que desferiu contra ele.

Nuno Gomes Nabian disse que o recrutamento de mais de mil homens, pelo chefe de Estado, para servir de uma força anti-golpes vai contra todos os princípios das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP).

Sobre a circulação da droga em grande quantidade no país, disse que quando foi informado do envolvimento do atual Procurador Geral da República, Bacar Biai, e  do Ministro do Interior, Botche Candé, não queria acreditar, razão pela qual confrontou Umaro Sissoco Embaló, que o terá confirmado que os dois poderiam estar implicados  e que tinha agentes portugueses e franceses a acompanharem o assunto.

“Disse-me que o assunto chegou  longe demais e que estava a ser investigado por agentes portugueses e franceses que contratou”, precisou e disse que uma das razões que o levou a distanciar-se de Umaro Sissoco Embaló foi quando sentiu que estava a ser menosprezado e mentido pelo Presidente da República.

“Nas celebrações da independência da Guiné-Bissau, fui ignorado. A minha cadeira não estava nas cadeiras da linha de frente, mas quando queriam graduar Sissoco como general de quatro estrelas solicitaram-me para terminar o que tinha orquestrado sem o meu conhecimento. Simplesmente recusei, porque sabia que era uma espécie de silada. Eu não me colocaria diante dos assuntos complicados ao ponto de assumir um problema que não comecei”, assinalou.

O líder da APU-PDGB aconselhou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a assumir uma postura de neutralidade, porque” as leis da Guiné-Bissau são da República da Guiné -Bissau, não da CEDEAO”, numa clara alusão ao comunicado  dessa organização que recomendava a realização das eleições legislativas, não as presidenciais.

“A APU-PDGB vai às eleições presidenciais e  Sissoco deve marcá-las antes do fim do seu mandato, porque a partir do dia 27 de fevereiro de 2025, às zero horas e um minuto, não será mais Presidente”, avisou.

Afirmou que o horizonte político do Presidente Sissoco neste momento não é fazer um mandato mandato, mas sim perpetuar-se no poder.

Nabiam disse que o Presidente Embaló, para além de ser   “maior desestabilizador da Guiné-Bissau” é responsável “moral e material” de vários sequestros, violações e ataques, incluindo duas investidas contra a Rádio Capital e agressões a diversos cidadãos comuns e ativistas políticos.

Acusou ainda o chefe de Estado de estar envolvido no tráfico de drogas, afirmando que todas as drogas que entram no país são de conhecimento ou da responsabilidade do Presidente Umaro Sissoco Embalo.

Por: Filomeno Sambú 

Foto: Marcelo Na Ritche

Author: O DEMOCRATA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *