Opinião: URGÊNCIA DA DIGITALIZAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU – DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Nos últimos anos, a digitalização tem se tornado uma prioridade em muitos países ao redor do mundo. No entanto, quando olhamos para a Guiné-Bissau, percebemos que o processo de transformação digital enfrenta uma série de desafios, mas também traz oportunidades significativas para o desenvolvimento social, econômico e educacional do país.

A Guiné-Bissau, assim como muitas nações da África subsaariana, enfrenta um contexto onde a infraestrutura digital é ainda limitada, e a inclusão digital de grande parte da população é um desafio contínuo. No entanto, em um mundo cada vez mais globalizado, a digitalização não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente para que o país acompanhe as transformações que estão acontecendo no cenário global.

Desafios no Processo de Digitalização

Um dos maiores obstáculos que a Guiné-Bissau enfrenta no processo de digitalização é a falta de infraestrutura adequada. O acesso à internet é limitado, principalmente nas zonas rurais, e a qualidade dos serviços de internet disponível é muitas vezes insatisfatória. Isso impede que muitos cidadãos possam se beneficiar dos serviços digitais, como educação online, serviços bancários digitais, ou até mesmo acesso a informações governamentais.

Além disso, a falta de capacitação digital entre a população é outro grande desafio. A alfabetização digital não é uma prioridade no sistema educacional, e muitos cidadãos não têm habilidades básicas para operar tecnologias essenciais, como computadores e smartphones. Este é um aspecto crucial, pois a digitalização não se resume apenas à infraestrutura, mas também à capacidade das pessoas de utilizá-la de maneira eficaz.

Outro ponto a ser considerado é a falta de investimentos governamentais e privados em tecnologias inovadoras. A Guiné-Bissau possui um setor privado em crescimento, mas muitas empresas ainda não reconhecem o potencial da digitalização como um motor de desenvolvimento e inovação. As políticas públicas também precisam ser mais proativas na implementação de estratégias digitais no governo, no setor de saúde, na educação e em outros campos.

Oportunidades e Potenciais Benefícios da Digitalização

Apesar desses desafios, a digitalização oferece oportunidades imensas para a Guiné-Bissau. Um dos principais benefícios é o acesso a novos mercados e o aumento da competitividade das empresas. Com a expansão das tecnologias digitais, pequenas e médias empresas poderão alcançar um público mais amplo, tanto local quanto global. Plataformas de e-commerce, marketing digital e tecnologia financeira podem ajudar a reduzir as barreiras de entrada e promover a inclusão financeira, especialmente entre as populações mais carentes.

Na educação, a digitalização pode trazer uma verdadeira revolução. O ensino a distância, embora ainda uma realidade distante para muitos guineenses, tem o potencial de democratizar o acesso à educação de qualidade. A criação de plataformas de ensino online e recursos digitais poderia suprir as lacunas educacionais existentes, permitindo que os estudantes tenham acesso a materiais e professores de todo o mundo, sem as limitações geográficas.

Além disso, a digitalização pode melhorar os serviços públicos, proporcionando maior transparência e eficiência. A digitalização dos processos administrativos e a implementação de plataformas de governo eletrônico podem reduzir a burocracia, aumentar a transparência e combater a corrupção. A Guiné-Bissau também pode usar a tecnologia para melhorar os sistemas de saúde, como o uso de telemedicina para fornecer cuidados médicos a áreas remotas, onde os profissionais de saúde são escassos.

O Papel da Governança e dos Investimentos Públicos e Privados

É evidente que, para que a Guiné-Bissau se beneficie plenamente dos processos de digitalização, é necessário um esforço conjunto entre o governo, o setor privado e as organizações internacionais. O governo deve adotar políticas públicas que incentivem a infraestrutura digital, garantindo que o acesso à internet seja uma realidade para todos os cidadãos, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica.

Investimentos em educação digital também são essenciais para que a população possa utilizar as tecnologias de forma eficaz. Isso inclui a capacitação de jovens e adultos em habilidades digitais, desde o básico até níveis mais avançados, capacitando-os para enfrentar as exigências do mercado de trabalho digital.

Além disso, a colaboração com empresas privadas que atuam no setor de telecomunicações e tecnologia é fundamental. O desenvolvimento de parcerias público-privadas pode acelerar a criação de infraestrutura digital no país, tornando a internet acessível e de qualidade. A mobilização de recursos internacionais também é essencial, já que o financiamento externo pode ser um motor importante para iniciativas digitais inovadoras.

Conclusão: O Futuro Digital da Guiné-Bissau

A Guiné-Bissau está em um ponto crucial em sua trajetória de desenvolvimento. O processo de digitalização, embora desafiador, oferece um caminho claro para a transformação do país. Com um planejamento estratégico, investimentos em infraestrutura e educação, e uma forte colaboração entre o governo e o setor privado, a Guiné-Bissau pode trilhar um caminho de inovação e inclusão que permitirá ao país alcançar um desenvolvimento sustentável.

No entanto, para que isso aconteça, é necessário agir com urgência. A digitalização não é uma questão de “se”, mas de “quando”. Se a Guiné-Bissau não acelerar sua adoção de tecnologias digitais, corre o risco de ficar para trás em um mundo cada vez mais conectado e competitivo. Portanto, o país deve agir agora para garantir que todos os guineenses possam se beneficiar das oportunidades que a digitalização pode oferecer. O futuro digital do país depende das ações tomadas hoje.

Por: Djuldé Camará,

docente do curso de Engenharia Informática na Universidade Lusófona da Guiné

1 thought on “Opinião: URGÊNCIA DA DIGITALIZAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU – DESAFIOS E OPORTUNIDADES

  1. Ora bem, Sr. Djuldé Camará… Que bela dissertação, digna de uma cadeira introdutória de “Transformação Digital 101”, cheia de lugares-comuns, afirmações genéricas e chavões reciclados. Até aqui tudo bem — afinal, todos temos o direito de despejar um parágrafo entusiasmado sobre a digitalização da Guiné-Bissau. Mas sabe o que seria realmente transformador? Publicar os comentários que os leitores deixam no seu artigo.

    Sim, comentários. Lembra-se disso? Aquela pequena expressão de liberdade de opinião que costuma vir depois de um texto publicado ao público. Mas pelos vistos, neste “futuro digital” que tanto apregoa, o seu modelo de participação cívica é mais parecido com um megafone unidirecional: o senhor fala, o povo ouve, e cala-se — porque não há botão de “publicar”.

    Se não quer ser questionado, talvez devesse escrever apenas no seu diário. Ou num caderno de capa preta com cadeado, desses onde se escrevem sonhos, desabafos e listas de compras. Agora, publicar artigos de opinião em jornais (sim, mesmo online) e depois ignorar ou bloquear os comentários dos leitores? Isso é como dar uma aula onde os alunos têm de ficar calados — mesmo que o professor esteja a dizer que o Sol gira à volta da Terra. A sério, qual é o propósito? Precisa de palmas automáticas?

    Aliás, a própria digitalização que tanto defende passa por interação, diálogo, escuta ativa. Não por esse paternalismo encapotado em linguagem técnica. Publicar opinião sem permitir contraponto é como montar um stand de realidade virtual sem ligar os óculos: parece bonito, mas ninguém entra na experiência.

    Portanto, caro Djuldé, se quer mesmo dar lições sobre transformação digital, comece por digitalizar a coragem de ouvir os outros. Caso contrário, o seu texto não passa de um eco num deserto digital. Pomposo, vazio e convenientemente sem contraditório.

    Fica a sugestão: publique os comentários. Ou, se preferir, mude o título do artigo para “Monólogo sobre Digitalização: agora com Wi-Fi”. Sempre soa mais honesto.

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