As autoridades do setor de Tite, região de Quínara, sul da Guiné-Bissau, anunciaram terem encontrada as  ossadas de uma criança amontoada na savana de Flack Ndeckté, setor de Tite, quase sete meses depois de ter sido dada como desaparecida pelos familiares.

As circunstâncias do desaparecimento jamais foram esclarecidas, nem pelas autoridades, nem pelos familiares, mas sabe-se que a criança teria seguido a mãe e outros membros da família que faziam a travessia para o campo de cultivo que fica na outra zona da savana, onde foram encontrados os restos mortais da menina.

Em entrevista esta terça-feira 08 de abril de 2025 ao jornal O Democrata, Formosinho da Costa, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos para a região de Quínara, decresceu o sucedido como “um choque dramático” para a comunidade local e pediu uma investigação célere e transparente para apurar as circunstâncias da morte.

“Toda a comunidade acordou em choque. Estamos de luto pelo desaparecimento dessa criança. É um caso inédito e deve haver explicações”, disse e foi dessa forma que começou a relatar alguns fatos que apontam agora para possíveis circunstâncias que poderiam explicar a morte da criança.

Segundo Formosinho da Costa, a criança teria seguido a mãe e o resto da família que iam para o campo de lavoura e teria sido advertido pela mãe para não continuar a segui-los e que fosse cuidar dos irmãos mais novos em casa, porque era a única entre os irmãos com uma certa maturidade para controlar alguma situação em casa. E quando a mãe não esperava que teria a coragem de continuar a insistir, foi quando atravessou uma savana inundada de água de cerca de cem metros de largura e acabou morta, supostamente por afogamento ou outras circunstâncias misteriosas.

“Ficamos a saber que não desistiu e que tinha seguido a mãe. As buscas foram feitas na terra e em todos os lugares possíveis que apontavam para a presença de um corpo ou cadáver, mas sem sucesso, desde outubro  de 2024 até hoje. Soubemos dessa informação através do administrador do setor, que me informou que forainformado que foram encontrados os restos mortais da criança. Na época das chuvas, os populares apenas usam canoas para atravessar a savana”, descreveu, para de seguida informar que os restos mortais foram enterrados no local sem um único tecido e supõe-se tenham sido encontrados por um grupo de crianças que se encontravam a pastar gado ou por abutres

“Encontramos apenas um esqueleto humano. O local não é seguro para atravessar a pé, nem para adultos, nem para crianças. O Estado deve acionar imediatamente um processo de investigação. A morte dessa criança levanta muitas suspeitas, por isso apelamos que se faça inquérito sério, envolvendo policiais especiais, por não ser justo uma menor morrer nestas circunstâncias duvidosas”, insistiu.

Formosinho da Costa revelou que há nove anos um professor também morreu no mesmo local e até ao momento nenhuma explicação foi dada sobre a sua morte. O professor tinha ido receber o seu salário em Tite e quando estava de regresso para o seu posto de serviço desapareceu e mais tarde foi encontrado morto.

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos para a região de Quínara disse que nos últimos tempos os casos mais frequentes no setor de Tite são furtos e assassinatos a sangue frio com recurso a armas de fogo entre familiares, irmãos e tabancas vizinhas, tendo apelado às autoridades regionais e ao governo central a darem maior atenção ao setor de Tite, antes que se transforme num caos.

“Recentemente, nas localidades de Ntugan, irmão matou irmão com recurso à arma e retirou-lhe o sexo com faca. É um crime e crimes como este e outros não podem ser admitidos. É preciso trabalhar na moralização da sociedade e na aplicação da lei”, defendeu.

Por: Filomeno Sambú