A Organização Não-governamental (ONG) Tiniguena afirmou que a exploração de areias pesadas na secção de Suzana, concretamente em Nhiquim, no norte da Guiné-Bissau, tem sido marcada por conflitos que os sucessivos governos têm tratado com insuficiente rigor.
Em comunicado, no qual se posicionou face aos acontecimentos do dia 18 de abril de 2025, onde um grupo de mulheres ateou fogo nas máquinas da empresa GMG Internacional (FZC) SA que explora areias pesadas no bloco 12 em Nhiquim- Varela, resultando supostamente na detenção de 16 pessoas.
A organização manifesta-se preocupada com a exploração dos recursos minerais na Guiné-Bissau, afirmando que a atividade e os conflitos dela decorrentes têm causado danos consideráveis às populações locais.
Para a organização, a exploração mineira na Guiné-Bissau está a ser caraterizada pela ausência de uma visão estratégica, pela falta de transparência, corrupção e desrespeito às normas nacionais e internacionais que regulam a atividade.
“Ao longo dos anos, a população de Varela tem demonstrado grande resiliência e civismo, alertando de forma contínua às autoridades nacionais, para os impactos ambientais, sociais e económicos da exploração da areia pesada”, lembrou, sublinhando que qualquer ambição de desenvolver o setor mineiro como motor de crescimento económico deve estar intrinsecamente associada ao cumprimento rigoroso das normas ambientais, ao respeito pelos direitos das comunidades e à justiça na distribuição dos benefícios da exploração.
A Tiniguena exortou o Estado guineense a cumprir e fazer cumprir todas as normas, leis e regulamentos relativos à exploração dos recursos naturais e à boa governança ambiental, assim como garantir a proteção dos direitos das comunidades locais, assegurando uma compensação justa pelos danos causados pelas atividades de exploração.
No documento, a organização recomenda ainda que sejam estabelecidos os mecanismos de responsabilidade social das empresas exploradoras e que seja criado um sistema eficaz de reclamação e denúncia pública e realizar as avaliações Ambientais Estratégicas para o setor extrativo, como ferramenta de apoio à decisão técnica e política.
“Melhorar a comunicação com as partes envolvidas e com o público sobre os riscos, oportunidades e desafios das indústrias extrativas; reforçar a capacidade institucional das entidades públicas responsáveis pelo setor; e garantir máxima transparência na exploração dos recursos naturais e aderir plenamente a iniciativas internacionais como a Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extrativas (ITIE)” insistiu a organização, apelando, à comunidade de Varela, “apesar das dificuldades enfrentadas”, à prudência na sua atuação e à adoção do diálogo como o principal mecanismo de resolução de conflitos, reiterando a sua disponibilidade para apoiar os esforços neste sentido.
Por: Tiago Seide



















