PEQUENAS INDÚSTRIAS REPRESENTAM 70% DO PIB DA GUINÉ-BISSAU 

O Secretário de Estado do Plano e Integração Regional, Abas Embalo, afirmou que as micro e pequenas indústrias representam cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB). Por esse motivo, o setor industrial constitui uma das prioridades do Governo, sendo sempre considerado nas políticas públicas e nas negociações de acordos com os parceiros de desenvolvimento.

Abas Embalo fez esta afirmação durante a cerimónia de abertura do Primeiro Fórum Industrial, organizado sob a liderança do Ministério da Economia, Plano e Integração Regional, no âmbito do Projeto Empreendedorismo Jovem e Mulheres, Facilidade de Desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas, Compacto Lusófono – Fase I, financiado no quadro da parceria entre o Governo e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

O governante defendeu que este é um momento de reflexão sobre o papel das parcerias público-privadas na mobilização de recursos sustentáveis. “A parceria público-privada é reconhecida como um mecanismo estratégico para o desenvolvimento dos setores portadores de crescimento económico”, afirmou.

No seu discurso, Abas Embalo explicou que o Primeiro Fórum Industrial tem como objetivo promover o diálogo estratégico entre os setores público e privado, em torno dos desafios e oportunidades para a industrialização do país. O governante destacou ainda que o setor industrial é estratégico, vital e transversal para a promoção de um desenvolvimento inclusivo e sustentável, pois é o setor capaz de fortalecer o tecido económico nacional, fomentar cadeias de valor multisetoriais e criar mais oportunidades de emprego, especialmente através da promoção e formalização das pequenas e médias indústrias guineenses.

Abas Embalo reafirmou o compromisso do Governo em dinamizar o setor industrial por meio de uma maior sinergia entre as instituições públicas e privadas, visando a criação de mecanismos que contribuam para um ambiente favorável ao investimento e à transformação do setor industrial numa verdadeira alavanca da economia nacional.

Por sua vez, a Vice-Presidente do Conselho de Administração da FUNDEI, Macaria Barai, alertou que a industrialização da Guiné-Bissau enfrenta desafios culturais bem conhecidos por todos. Apontou ainda a escassez de infraestruturas adequadas, a inexistência de zonas industriais funcionais, o acesso limitado ao financiamento, sobretudo para as pequenas e médias empresas, a falta de competências técnicas e de centros de formação ajustados às exigências do setor, bem como a ausência de incentivos fiscais e logísticos que promovam o investimento produtivo. Destacou também a frágil coordenação entre os atores públicos e privados, o que dificulta a implementação de políticas eficazes.

Perante esse cenário, defendeu que o setor público e o setor privado podem e devem atuar como ferramentas estratégicas para o desenvolvimento de infraestruturas industriais, promovendo uma gestão eficiente e sustentável, atraindo investimentos com partilha de riscos e ganhos, e incentivando a formação técnica de jovens e mulheres. Essa estratégia visa ainda estimular cadeias de valor locais e regionais, transformando o potencial agrícola e mineiro do país em valor real.

Reconheceu, no entanto, que para que essa colaboração funcione, é necessária vontade política, um ambiente jurídico claro, regras transparentes, mecanismos de monitorização, eficácia e, acima de tudo, confiança mútua entre os parceiros.

No seu discurso, enalteceu o papel da FUNDEI, que ao longo de mais de três décadas tem acompanhado de perto os altos e baixos da industrialização da Guiné-Bissau. Informou que a fundação foi criada para apoiar o tecido produtivo e empresarial do país, atuando como ponte entre as políticas públicas e as iniciativas privadas, mobilizando apoios e facilitando o acesso ao financiamento.

“A nossa experiência demonstra que nenhuma estratégia de industrialização terá sucesso se não for construída sobre parcerias sólidas, transparentes e orientadas para resultados”, concluiu.

Por: Carolina Djeme

Author: O DEMOCRATA

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