O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, insurgiu-se novamente contra a apreensão de mais de trezentos passaportes em Portugal pela Polícia de Segurança Pública (PSP) que seriam destinados aos peregrinos à cidade santa de Meca, na Ábia Saudita.
Interpelado pelos jornalistas, esta quinta-feira, 29 de maio, à saída da cerimónia de posse de novos responsáveis do Supremo tribunal de Justiça (presidente e vice-presidente deste órgão), Sissoco Embaló afirmou que Portugal não foi sensível na sua atuação e disse que está a ser “hostil” a muçulmanos.
“As pessoas perdem com o essencial e o que é essencial está a ser neutralizado e tirado da vista de todos. Não compreendo…a nossa relação com Portugal é uma relação que ultrapassa essa brincadeira de passaportes. Temos uma declaração de um dos peregrinos…é lamentável. Portugal não foi sensível na apreensão destes passaportes”, lamentou e disse que essa atuação de Portugal atinge qualquer sensibilidade, por ser uma questão sensível e religiosa.
Para Umaro Sissoco Embaló, essa atitude revela “hostilidade” clara a muçulmanos.
“Assuntos de peregrinação são sensíveis em todas as partes do mundo. Não brincamos com a religião e temos que tratar os assuntos da religião com sensatez e prudência “, criticou, para de seguida afirmar concordar com o ministro dos negócios estrangeiros quando este disse que Portugal é pouco sensível à Guiné-Bissau quando o país é dirigido por um Presidente muçulmano e criticou a atuação da imprensa portuguesa em relação ao atual regime no poder.
“Cada vez que o país é dirigido por um Presidente muçulmano, Portugal é um pouco hostil. A mim isso não me diz nada. Aconteceu com Malam Bacai Sanhá, Serifo Nhamadjo e está a acontecer comigo Umaro Sissoco Embaló. Aqui não temos uma república cristã nem muçulmana, a República da Guiné-Bissau é um país laico como Portugal”, disse.
Insistiu dizendo aos jornalistas que “sempre que o país tem um Presidente que não é da confissão cristã, Portugal age de outra forma”, numa clara alusão à imprensa portuguesa, neste caso particular.
“Por isso, repito, concordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros. Penso que a situação já está ultrapassada, mas continuo a lamentar a atuação, por as autoridades portuguesas não terem sido sensíveis em tratar esse assunto com sensibilidade. Tudo isso vem confirmar que o ministro dos Negócios Estrangeiros estava certo na sua declaração”, indicou.
Questionado pela imprensa relativamente à greve nos setores da saúde e educação, que assumiu que iria mediar com os sindicatos, Sissoco Embaló disse apenas que é um facilitador e que depois irá inteirar-se da situação.
“Não é o papel de um Presidente da República. O Presidente da República só vai intervir se for solicitado, está aqui comigo o Primeiro-ministro, vou pedir-lhe para informar-me sobre o que realmente se está a passar nestes dois setores sociais”, assinalou.
Por: Filomeno Sambú



















