Em Carta Pastoral: DIOCESE DE BAFATÁ EXORTA QUE ELEIÇÕES NÃO DEVEM SER MOTIVO DE CONFLITOS ENTRE IRMÃOS

A Diocese de Bafatá exortou aos guineenses que as eleições não devem ser motivo de divisão ou conflito entre irmãos, porque, de acordo com a Diocese de Bafatá, “são uma excelente oportunidade para o exercício de uma cidadania responsável, voltada para o bem comum e para a construção da fraternidade, fundada no sagrado princípio da Unidade e Luta, que conduziu o nosso Povo à conquista da independência nacional e à afirmação da nossa indestrutível e incontestável guineendadi”.

A Diocese de Bafatá fez esta chamada de atenção na sua Carta Pastoral endereçada aos fiéis cristãos e aos guineenses em geral, no quadro da celebração dos seus 25 anos e, consequentemente da nomeação do seu primeiro bispo e da conclusão do Ano Santo. A carta consultada pela redacção do Jornal O Democrata, a Diocese de Bafatá propõe à toda a comunidade diocesana — sacerdotes, religiosas, leigos, jovens, famílias e comunidades que vivam este ano sob o sinal da fraternidade, dom precioso do Espírito e fundamento de uma vida cristã autêntica. 

A Igreja de Bafatá recorda o lema da primeira Carta Pastoral de Dom Pedro Carlos Zilli — “A esperança não engana”, afirmando na sua carta que este lema continua a iluminar a Diocese. Neste Ano Jubilar, foram chamados a renovar a certeza de que Deus não abandona o seu povo. 

“COMO CRISTÃOS, SOMOS CHAMADOS A REJEITAR TODAS AS FORMAS DE TRIBALISMO E DE INSTRUMENTALIZAÇÃO DA RELIGIÃO”

“A Doutrina Social da Igreja reafirma constantemente que a fraternidade é o alicerce de uma sociedade justa e solidária. Não há paz sem fraternidade, não há justiça sem o reconhecimento da dignidade de cada ser humano”, lê-se na carta, na qual saúda as várias experiências de diálogo inter-religioso realizadas naquela Diocese, em particular as orações inter-religiosas pela paz, no início de cada ano, sempre incentivadas pelo saudoso Dom Pedro.  

Nesta mesma linha, incentiva que seja cultivada cada vez mais um clima de fraternidade e proximidade com os seus irmãos de outras confissões religiosas. A Diocese enfatiza na sua carta que os católicos, são chamados a dar o primeiro passo no diálogo e na fraternidade, em vista da construção de uma sociedade unida e inclusiva. “Esta é a nossa missão”.

Sobre as eleições gerais, a Diocese de Bafatá, adverte aos guineenses que a escolha dos dirigentes do país deve ser feita com consciência, serenidade e responsabilidade, afirmando que”não se trata apenas de apoiar este ou aquele grupo, mas de discernir, à luz dos valores do Evangelho e da dignidade humana, quem melhor pode servir a justiça, a paz e o desenvolvimento integral da nossa nação”.

“Como cristãos, somos chamados a rejeitar todas as formas de manipulação, de tribalismo, de instrumentalização da religião ou de compra de consciência”, alertou, para de seguida lembrar que a política, como afirmou o Papa Francisco, “é uma das formas mais elevadas de caridade” (FT, 180), “quando verdadeiramente colocada ao serviço do povo”. 

Por isso, a Diocese apela a todos para contribuírem para um clima de diálogo construtivo, de respeito mútuo e de verdadeira paz, dando testemunho da nossa fé também na esfera pública.

A Igreja de Bafatá sublinha na sua carta que num país com registo de algumas tensões sociais, políticas e religiosas, os cristãos são chamados a serem testemunhas de fraternidade — sinais vivos de reconciliação e paz. Contudo, informa na carta que infelizmente, assistem o crescimento de tendências que utilizam a religião ou a política para dividir, manipular e excluir. 

“A Igreja de Cristo não pode nem deve calar-se perante tal realidade. Condenamos todas as formas e meios que visem eliminar ou enfraquecer a fraternidade entre os filhos de Deus”, lê-se na carta.

Na realidade da Guiné-Bissau, marcada por incertezas e desafios sociais, políticos e económicos, ser cristão é ser testemunha de esperança: “Esperança que consola os desanimados; Esperança que sustenta as famílias; Esperança que inspira o compromisso com a justiça, a paz e a reconciliação e Esperança que abre caminhos para um futuro melhor, baseado no amor de Deus”.

Relativamente a Orientações da celebração do Jubileu da Diocese, convida, através da carta, toda a Diocese a preparar-se, em espírito de oração, comunhão e alegria, para este evento tão significativo da nossa caminhada eclesial.

Importa referir-se que a abertura do Ano Pastoral e do Jubileu será no dia 19 de outubro de 2025. Em novembro vai ser realizada a Assembleia Diocesana, que definirá as atividades preparatórias para a celebração solene, marcada para os dias 24 a 26 de abril de 2026.​

Por: Assana Sambú

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