Eleições gerais : MAMADU IAIA DJALÓ PROMETE RESPEITAR A SEPARAÇÃO DOS PODERES SE FOR ELEITO PRESIDENTE DA REPÚBLICA  

O candidato da Aliança para a República (APR) às eleições presidenciais, Mamadu Iaia Djaló, admitiu que caso seja eleito Chefe de Estado da Guiné-Bissau, vai respeitar a separação de poderes entre os quatro órgãos da soberania, que está plasmado na Constituição da República. Contudo, o jovem candidato ao sufrágio agendado para o dia 23 de novembro, lembrou que no sistema semipresidencialista o Presidente da República não é executivo e tem obrigação à vontade popular expressa nas urnas. 

“Temos um país com sistema semipresidencialista, onde o Presidente da República não é executivo, onde o Presidente da Republica é o arbitro e um elemento do equilíbrio. O Presidente da Republica, na sua arbitragem, lida com o executivo que sai do partido vencedor das eleições legislativas, por isso, a minha candidatura independentemente de ser uma candidatura da paz, da tranquilidade e de respeito das normais que a democracia nos impõe, o Presidente da República tem obrigação de respeitar a vontade popular no que diz respeito à governação, porque no nosso sistema, o Chefe de Estado é o arbitro”, disse.

CANDIDATO DA APR: “CANDIDATEI-ME PARA ACABAR COM AS INSTABILIDADES POLÍTICAS E GOVERNATIVAS”

“Se eu for eleito Presidente da Republica no dia 23 de novembro, não terei dificuldades de lidar com o executivo, porque respeitarei cabalmente o princípio da separação dos poderes plasmado na nossa Constituição da República. Isso significa também que na minha visão, caso for eleito, vou criar condições no sentido que o poder judicial possa funcionar com toda a normalidade e garantirei que haja uma verba disponível para que o poder judiciário possa trabalhar com total independência, fazendo a justiça em nome do povo guineense”, afirmou Mamadu Iaia Djaló.

Iaia Djaló deixou estas garantias numa entrevista exclusiva ao Jornal O Democrata, para falar da sua visão política como candidato à eleição presidencial agendada para o dia 23 de novembro, as qual se realizarão em simultâneo com as eleições legislativas. 

O jovem candidato que sonha assumir a Presidência da República da Guiné-Bissau, assegurou que decidiu candidatar-se no sentido de acabar com as cíclicas instabilidades políticas que não têm permitido ao país alcançar o rumo de desenvolvimento desde a abertura democrática no país.

Na ocasião, Djaló, que promete dar atenção à situação do emprego aos jovens quadros guineenses, afirmou que caso assuma a Presidência da República, não terá problemas de usar a sua magistratura para garantir a estabilidade política e governativa, bem como o respeito pelas instituições democráticas.

“Para mim será uma tarefa facilíssima, porque para ser o Presidente da República na Guiné-Bissau temos que olhar para a essência da personalidade da figura que pretende ser o Chefe de Estado. Por isso, não terei dificuldades de estabilizar o país, criando condições propicias para um diálogo inclusivo e não terei a dificuldade em unir os guineenses, uma vez que pertenço às diferentes franjas étnicos da Guiné-Bissau”, argumentou.

DJALÓ DEFENDE UM PODER JUDICIAL ORGANIZADO E INDEPENDENTE PARA QUE HAJA UM ESTADO DE DIREITO

Segundo explicou Iaia Djaló, nenhum cidadão guineense, incluindo o Chefe de Estado, está acima da lei magna da Guiné-Bissau, caso foi escolhido pelos guineenses vai mesmo respeitar a Constituição da República, mudando assim o paradigma.

Ao longo desta entrevista ao O Democrata com o objetivo de abordar os seus principais desafios caso seja eleito Presidente da República, Djaló abordou vários assuntos da atualidade sócio política da Guiné-Bissau, com destaque para a situação do Estado de Direito, Corrupção, Forças de Defesa e Segurança, Reforço da Unidade e da Coesão Social, desempenho do Presidente Republica Cessante entre outros temas.

O candidato mais jovem a presidência da república, afirmou que a Guiné-Bissau não pode almejar um Estado de Direito Democrático sem uma justiça independente. 

“Para termos um Estado de Direito a funcionar, temos que ter um poder judicial organizado e independente. Quando falo da organização do poder judicial, falo evidentemente de afetar de meios aos nossos tribunais, os nossos juízes, porque sabemos que para fazer a justiça em nome do povo e com o juiz fome, o juiz que tem magro salário, o juiz que trabalha em péssimas condições isso mostra claramente a vulnerabilidade do nosso poder judiciário. Neste sentido, as pessoas fortes podem dominar as pessoas mais fracas, por isso, promete investir fortemente no poder judiciário no sentido de realizar o seu trabalho de forma autônoma e independente caso seja eleito”, acrescentou.

De acordo com Iaia Djaló, a Guiné-Bissau para garantir um Estado Direito Democrático é fundamental ter um poder judiciário “organizado, transparente e independente”, permitindo assim ao país atrair os investidores externos para a nação guineense.

Em relação à corrupção, o jovem candidato lamenta o clientelismo que acontece na administração publica do país, colocando os militantes das diferentes formações politicas no aparelho de Estado sem uma mínima preparação e sem concurso público ao longo de anos, através dos sucessivos executivos. “Estão lá não por meritocracia, não porque saíram de um concurso, mas estão lá, porque vieram por uma indicação política, por isso, o que é que podemos esperar destes funcionários? Questionou, lembrando que só podemos esperar somente a corrupção no aparelho de Estado do país”.

Relativamente as Forças de Defesa e Segurança, Iaia Djaló, lembra que os militares e polícias devem continuar a desempenhar o papel republicano que foi reservado na Constituição da República, obedecendo o poder político democraticamente eleitos pelo povo guineense.

“Estamos no período eleitoral, caso eu for eleito, a força de segurança e defesa praticamente devem obedecer-me naturalmente”, lembrou.

Djaló garantiu também que não terá dificuldades de unificar a unidade nacional e coesão internas entre os guineenses, uma vez que pertence a diferentes granjas e etnias da Guiné-Bissau, evitando os discursos da divisão étnica, regionalismo e religiosa.

Em relação ao crime organizado que tem afetado a Guiné-Bissau nos últimos anos, devido ao país estar na zona de crescente interesse das redes do crime organizado e na rota transatlântica do trafico de droga, o candidato à presidência da república, diz que se for eleito, vai usar a sua magistratura junto do governo no sentido combater o trafico de drogas, a criminalidade relacionada com o trafico de drogas e dinheiro ilícito.

Segundo explicou Djaló, para ter êxito nesta luta contra o crime organizado no país, é fundamental criar as condições e equipar a Policia Judiciaria do país (PJ) com matérias sofisticados da última geração.

Questionado sobre o mandato do Presidente da Republica Cessante, Umaro Sissoco Embaló, o jovem candidato à eleição presidencial, realçou as obras em cursos no país, contudo, Djaló diz que durante o primeiro mandato aconteceram constantes violações da Constituição da República, violações dos direitos humanos, violações da liberdade de imprensa e a violação da liberdade de manifestação.

“O seu balanço imaterial foi catastrófico e foi dos piores da história. Quando falo do balanço imaterial de Umaro Sissoco Embaló falo do respeito a Constituição da República, falo do respeito aos direitos humanos, a liberdade da imprensa e a liberdade de manifestação. Enfim todos estes direitos foram postos em causa. Por isso, precisamos de inverter esta tendência no próximo dia 23 de novembro”, afirmou Iaia Djaló.

Após à longa entrevista, o jovem candidato deslocou-se a região de Oio, concretamente ao setor de Mansoa para a campanha eleitoral, tendo em vista as próximas eleições presidenciais.

Por: Alison Cabral    

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