Um mês após a Comissão de Governança, Auditoria e Conformidade da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB) ter invalidado a reeleição de Dembo Sissé como presidente da Liga Guineense de Clubes de Futebol (LGCF), 25 dos 38 clubes filiados elegeram hoje um novo presidente para os próximos quatro anos.
O escolhido foi Rui da Silva, presidente do FC Safim, eleito numa Assembleia Extraordinária convocada por meio de um abaixo-assinado dos 25 clubes presentes. O pleito decorreu num hotel em Bissau.
Sem concorrência e com a presença da FFGB, Rui da Silva — considerado próximo de Dembo Sissé — obteve unanimidade dos votos, segundo a Comissão Organizadora das Eleições.
A Assembleia Eleitoral ficou marcada pela ausência de 13 clubes com direito a voto. Logo após a eleição, realizou-se a cerimónia de tomada de posse, confirmando Rui da Silva como presidente da LGCF até 2029.
Em seu discurso, ladeado por dois dirigentes da FFGB, Rui da Silva prometeu conduzir a Liga com base em pilares fundamentais: transparência na gestão, valorização dos clubes e diálogo permanente e construtivo com todos os associados. O novo presidente, que antes ocupava o cargo de vice-presidente, também destacou a intenção de elevar o nível competitivo das competições nacionais e reforçar a credibilidade da cooperação institucional com a FFGB.
“A Liga só será forte se todos os seus membros forem ouvidos e respeitados. Trabalharemos para elevar o nível competitivo das nossas competições, reforçar a credibilidade da cooperação institucional com a FFGB e demais instituições, e criar condições para que o futebol guineense continue a ser símbolo de resiliência e formação de talentos”, afirmou.
Rui da Silva sublinhou ainda a relevância cultural, social e económica do futebol nacional, que, segundo ele, “une comunidades, inspira jovens, cria oportunidades e projeta a Guiné-Bissau para o mundo”. Nesse sentido, garantiu que a LGCF tem o dever de proteger esse património e promover um crescimento sustentável, competitivo e justo.
“A nossa ambição é clara: queremos uma Liga mais forte, inclusiva e verdadeiramente sustentável. Os desafios são significativos — desde a modernização das infraestruturas, problemas financeiros dos clubes, mobilidade e combate à violência no futebol”, acrescentou.
Sobre a crise interna, Rui da Silva reconheceu que divergências são naturais, mas prometeu trabalhar pelo entendimento e pela defesa dos interesses de todos os associados. Negou qualquer traição contra Dembo Sissé e afirmou esperar contar com o apoio do ex-presidente.
“Dembo é dirigente de futebol, continuará sendo dirigente e estará ao nosso lado. Sempre esperamos contar com o seu apoio e experiência”, declarou.
Questionado pelo Jornal O Democrata sobre eventual envolvimento da FFGB na crise, Rui da Silva negou a alegação.

Segundo apurou O Democrata, os clubes ausentes na Assembleia foram: Quinará, Sonaco, Cupelum, Cacine, Hafia de Bafatá, Sporting de Bafatá, Cuntum, Sporting Clube da Guiné-Bissau, Fidjus de Bideras, Ondame, Bula e Ajuda Sport.
Importa salientar que, após a reeleição de Dembo Sissé, a Comissão de Governança, Auditoria e Conformidade da FFGB decidiu, em outubro, não reconhecer a direção da LGCF liderada por Sissé, alegando irregularidades no processo eleitoral, como falta de transparência, conflitos de interesse e posse irregular dos cargos — fatores que, segundo a Comissão, comprometiam princípios de boa governança, integridade e independência.
Na sequência, um grupo de 23 clubes formalizou um abaixo-assinado para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária com o objetivo de definir nova data para eleições. O governo tentou mediar a crise, mas sem sucesso.
Por: Alison Cabral



















