Parque natural de Cacheu: WETLANDS INTERNACIONAL REFORÇA COMPROMISSO COM CONSERVAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL

O Coordenador Nacional da Wetlands Internacional na Guiné-Bissau, Raul Tomas Jumpe, defendeu a necessidade de intensificar os esforços na conservação e gestão dos recursos naturais da região de Cacheu, no norte do país.

Segundo Jumpe, a organização continuará a mobilizar fundos para apoiar os trabalhos da plataforma, considerando a sua relevância na preservação da paisagem Jeta-Pecixe-Cacheu (JPC). A declaração foi feita nesta quinta-feira, 11 de dezembro, durante o quarto encontro da plataforma dos atores da paisagem JPC, no âmbito do projeto Wetlands for Resilience (W4R), financiado pela SIDA GLOBAL. O projeto promove dinâmicas paisagísticas e articulação entre diversos atores para criar um ambiente social, económico e ecológico favorável.

O projeto W4R é apresentado como um modelo para conservação e gestão de recursos naturais, restauração costeira e fórum de concertação, permitindo aos atores partilhar iniciativas, alinhar estratégias e construir uma visão comum que equilibre a conservação da natureza e o desenvolvimento sustentável para as comunidades locais.

Jumpe destacou que a iniciativa contribui diretamente para os três pilares definidos nas diretrizes técnicas para Reservas da Biosfera (UNESCO, 2022): Conservação da biodiversidade natural e cultural; apoio ao desenvolvimento económico, social e sustentável; Promoção de educação, investigação e monitorização relacionadas com conservação e desenvolvimento sustentável, com enfoque local e articulação nacional e global.

A governadora da região de Cacheu, Honorina Vasconcelos, apelou à reflorestação, especialmente do mangal, e incentivou práticas sustentáveis como plantar uma árvore após o corte de outra, envolvendo crianças para garantir a continuidade. Alertou ainda para os riscos da monocultura do cajú, que empobrece o solo, defendendo a identificação de zonas vulneráveis.

EMPENHO NA CANDIDATURA A RESERVA DA BIOSFERA 

A coordenadora do projeto W4R, Sandra Nandigna, sublinhou que a iniciativa visa mitigar problemas estruturais, reforçando funções institucionais e promovendo gestão integrada da paisagem JPC. Explicou que Cacheu foi escolhida após estudos socioeconómicos que evidenciaram a necessidade de intervenção, com o objetivo final de apoiar a candidatura da paisagem a Reserva da Biosfera.

Durante os três anos de execução, foram realizadas cartografias que identificaram cinco áreas de conservação e três núcleos principais (Jeta, Tam-Canhop, Guita, Pecixe e Cacheu, incluindo o parque), além do Complexo Ecológico da Mata de Ucô, Calequis e Boté. Estes núcleos são prioritários para ações de conservação.

Nandigna revelou que a candidatura da paisagem ao Património Mundial da UNESCO está avançada, embora com atrasos devido à necessidade de dados técnicos e científicos. Uma consultoria já elaborou o dossiê de candidatura, e várias ONGs estão engajadas para facilitar o processo.

MANGAIS EM BOM ESTADO, MAS COM DESAFIOS 

À margem do encontro, o secretário executivo da Plataforma Nacional de Mangal, Rui Andrade, informou que a Guiné-Bissau possui cerca de 320.000 hectares de mangais em bom estado, embora haja ameaças localizadas, como acampamentos de pesca, urbanização e turismo desordenados. Andrade anunciou a preparação de uma lei que proíbe a exportação de mangais, aguardando aprovação governamental.

Alertou também para a expansão da monocultura do cajú, que leva à destruição de matas e palmares. Para mitigar, foram criados viveiros florestais com espécies nativas e frutíferas, visando restaurar a floresta e garantir segurança alimentar.

Por: Jacimira Segunda Sia

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