O Centro de Saúde do setor de Empada carrece de tudo o que permite o funcionamento normal de um serviço hospitalar dessa amplitude. Faltam médicos, falta energia elétrica, água potável e bem como uma ambulância para a evacuação de doentes. Perante estas circunstâncias, o Enfermeiro-chefe do hospital, Feliciano Tomás da Cunha (Felix), faz papel de ‘polivalente’, trabalhando como administrativo, médico e enfermeiro para salvar vidas dos habitantes do setor de Empada.
Empada é um setor que tem uma população de quinze mil trezentas e trinta e seis (15. 336 mil) habitantes. O setor tem um centro hospitalar com apenas vinte (20) camas para o internamento dos pacientes, oito (8) enfermeiros e três (3) serventes. As doenças mais frequentes nesta localidade são casos de paludismo, diarreia e infeções respiratórias (IRA).
O centro de saúde de Empada não tem ambulância própria em funcionamento. Tinha uma viatura que se encontra neste momento avariada e já lá vão cerca de três anos. De momento conta com os serviços de uma viatura doada por uma organização humanitária portuguesa, que serve o hospital setorial nas evacuações de doentes, se necessário, para o hospital de Catió ou para Bissau, dependendo dos cuidados que o paciente precisa.
A dada altura, os serventes do centro tinham que sair do hospital para pegar água afim de abastecer os serviços daquele unidade de saúde, mas graças ao empenho da ex-enfermeira-chefe que lá trabalha, conseguiram construir um poço que veio a minimizar os sacrifícios dos serventes e pacientes.
Como um técnico de saúde não tem horas determinadas para trabalhar, a reportagem do jornal « O Democrata » chegou ao centro, quando um jovem enfermeiro acabava de regressar das tabancas, onde tinha estado a concluir a campanha de vacinação que decorre no setor, cansado e cheio de pó das estradas (em terra batida). Felix tinha que atender uma paciente que deu entrada no hospital havia pouco tempo.
A nossa reportagem teve que esperar cerca de uma hora até que o enfermeiro que faz de tudo para salvar vidas, terminasse o atendimento a referida paciente, para de seguida conceder uma entrevista ao nosso repórter.
Na entrevista ao nosso jornal, disse que os casos mais recorrentes no centro hospitalar são o paludismo, diarreia e infecções respiratórias (IRA).
“A maioria das pessoas que frequenta o nosso centro apresenta sintomas do paludismo, que detectamos através dos exames de ‘gota espécie’ ou ‘TDR’. Depois temos os casos da diarreia e de infecções respiratórias (IRA)”, contou o ‘pivô’ do centro de saúde local.
Solicitado a pronunciar-se sobre se o centro dispõe de um médico, Da Cunha afirmou que não têm médico naquele hospital, acrescentando que deparam com muitas situações que exigem a intervenção de um médico, mas recorrem muitas vezes às evacuações para Catió ou Bissau.
“PRECISAMOS DE UM MÉDICO NO HOSPITAL DE EMPADA”
Feliciano Tomás da Cunha não escondeu a urgente necessidade de afetar aquele centro sanitário de um médico, revelando que já pediram várias vezes a direção regional de saúde a fim de diligenciar junto do ministério da tutela a possibilidade de enviar um médico para o setor para poder aliviar a sobrecarga de trabalhos naquele hospital.
“Fico sobrecarregado nas atividades aqui, faço trabalho de médico, de enfermeiro que é minha área de formação e ocupo ainda da parte administrativa do centro. Se chego às 8 horas de manhã, fico até as oito da noite, mas graças a colaboração do resto da equipa conseguimos resolver 80 por cento dos trabalhos diários do hospital”, lamentou o jovem enfermeiro, garantindo que se tivesse um médico e um administrador poderão atingir 95 por cento das atividades quotidianas naquele centro.
Instado a pronunciar-se sobre a falta da energia elétrica, o enfermeiro-chefe disse que o fato constitui uma preocupação dos profissionais do centro, revelando que a iluminação de que dispõem trabalha com muita deficiência, devido a perda de capacidades das baterias que acumulam a energia elétrica proveniente do grupo de paineis solares instalados no mesmo centro. Isso obriga os técnicos sanitários a priorizarem alguns serviços com a iluminação, como por exemplo, pediatria e maternidade.
O serviço das consultas tem iluminação, mas funciona com muitas dificuldades. Funciona apenas até as nove da noite, enquanto no serviço de medicina para homens não possui iluminação, assim como o de cirurgia está sem lâmpadas. De acordo com Feliciano da Cunha, se aparecer um caso de urgência depois das 21 horas, são obrigados a transferir o caso para a maternidade a fim de fazer as intervenções necessárias.
Felix disse que o hospital de Empada não tem ambulância própria, acrescentando que contam com a assistência de uma ambulância propriedade da comunidade empadense doada e sobre a responsabilidade da Missão Católica do setor. Sempre que precisam evacuar um doente, solicitam a missão católica que dispensa a referida viatura para os serviços do hospital.
HOSPITAL DE EMPADA SEM ÁGUA POTÁVEL
A falta de água potável é outra preocupação dos profissionais de saúde colocados no setor, o enfermeiro-chefe do hospital em causa apelou a quem de direito e de vontade para lhes ajudar no sentido de recuperar um furo de água que fora construído naquele centro.
“Desde que chegamos a este centro hospitalar, encontramos este problema de falta de água potável, mas graças a ex-enfermeira-chefe do hospital e em colaboração com a sua equipa, conseguiu-se abrir a um ano atrás, um poço aqui no recinto do centro, o que veio minimizar o sacrifício em água”, notou, assinalando que agora os serventes não saem a procura da água junto da comunidade local como faziam outrora.
Entretanto, Felix exortou a quem de direito no sentido de ajudar o referido centro na recuperação de um antigo furo de água naquele centro que necessita de manutenção, para continuar a fornecer água potável para o consumo humano, ou seja, construir um novo furo para facilitar ainda mais os trabalhos dos serventes que puxam água com as mãos, do poço tradicional que atualmente existe no centro de saúde.
“Aqui vai –se apreciar caso seja possível limpar ou mudar o referido furo para outro lugar a fim de fornecer água da melhor forma, porque deparamo-nos com dificuldades enormes, muitas vezes com problemas de água para os trabalhos na maternidade (na sala do parto)”, disse Da Cunha.
“TEMOS MEDICAMENTOS PARA PRIMEIROS SOCORROS”
O Centro de Conservação de Medicamentos (CECOME) de Buba abastece ao setor de Empada em medicamentos.
“Numa dada altura temos medicamentos na nossa farmácia, mas quando não há no CECOME de Buba, isso afeta igualmente o nosso centro. Quando temos falta de medicamentos aqui, recorremos à missão católica de Empada. Se faltar aí os doentes ou seus familiares mandam comprá-los em Buba ou Bissau”, explicou, prosseguindo que na altura tinham um estoque de medicamentos para prestar os primeiros socorros.
O Centro sanitário de Empada dispõe de vinte camas para uma população de mais de 15 mil habitantes. Fica superlotado nos períodos de elevado número de pacientes com sintomas de paludismo. Todavia, no momento que a nossa reportagem deslocou-se ao Sul do país, região de Quinara, no setor de Empada havia camas desocupadas no centro de saúde.
O profissional apelou ainda à titular da saúde pública para prestar atenção ao sul da Guiné-Bissau, colocando os médicos nos centros de saúde de Empada e Fulacunda que ainda não tem um especialista naquela área.
Lamentou por outro lado, a forma como muito dos recém-formados nunca querem deslocar-se para a zona onde ocorreram maiores combates da luta armada para a independência da Nação guineense. Afiançando que os seus colegas que tomaram os seus diplomas recentemente irão acudir às necessidades das populações do Sul e vão aceitar trabalhar em prol do bem-estar sanitário daquela população.
Feliciano Tomás da Cunha é um jovem formado em Enfermagem Superior pela Universidade Lusófona da Guiné-Bissau. Sakala é nome de um ser super natural (irã – dunu di matu), onde as pessoas recorrem para pedir sucesso e saúde.
Por: Sene Camará
Colaboração: Cesário Quartel da Silva

















