Editorial : ATÉ QUANDO A ARROGÂNCIA DE “POLITIQUEIROS” NESTE PAÍS?

O povo guineense, em autêntico espetador impávido, tem assistido ao longo de vários anos a uma interminável “telenovela” de ‘desgraça’ colectiva animada por atores sem mérito, intoxicados na arte de mentira e arrogância. Dois conceitos básicos de politiquice enraizada nas subconsciências.

Dia após dia, ano após ano, de governos formalmente constitucionais em executivos de transições, o humilhado povo é  condenado no “tunel de silêncio” a engolir a tamanha falta de respeito por parte de acólitos de falsidade. O impasse político atingiu esta fase por causa da mediocridade e arrogância. Sempre foi assim ao logo da trajetória política guineense.

Este país já sofreu bastante com a cultura de arrogância e há fortes possibilidades que continue a sofrer porque os ditos políticos não sentem pressão alguma.

No início da nona legislatua, o actual Chefe de Estado, obssecado à sua visão do mundo e numa autêntica atitude arrogante, ignorou tudo e todos. Quis implantar, seu ‘modus operandi’, um império de ditadura. No meio do caminho, instalou-se o impasse, incertezas também, claro. Perplexo e hesitado, o Presidente da República olha ao horizonte não vê sinal de claridade nenhuma. A crise acumula-se e gera contornos. A judicialização de assuntos políticos substitui à militarização da vida política guineense. O resultado do unilateralismo presidencial é sem dúvida o colapso e a perda do tempo. Hoje, socialmente a situaçao é explosiva com a proliferação de greves em diferentes setores sociais. Quem ganhou com esta situação? Ninguém! A não ser a famosa arrogância.

A semelhança do Presidente da República, o PAIGC e seu líder está quase a sagrar-se o campeão de arrogância. Contra os elementares princípios da convivência democrática, o PAIGC demonstra claramente que é incapaz de evoluir e dar sinais de um partido adaptado às exigências do presente. O partido libertador, com a mínima vontade política, pode controlar a situação e evitar mais um pesadelo ao povo. O que é que ganha o PAIGC com o impasse sem fim? Quais benefícios para o partido em criar situações de bloqueio inútil tentando desafiar  uma instituição soberana, neste caso o Supremo Tribunal de Justiça?

É chegado a hora de o PAIGC compreender que a sociedade está a mudar-se apesar de constantes atropelos. Um ‘novo cidadão’ está a constituir-se no meio da desordem de Estado. Progressivamente, uma opinião pública se consolidará neste país e não haverá mais ‘templo’ para pregação de ensinamentos da arrogância  nem profecias de falsidade.

Apesar de tudo, acreditamos que é possível relançar este processo com base em diálogo franco. Os guineenses são capazes quando querem. Aprovado em várias situações do pretérito histórico guineense. É possível salvar o resto desta legislatura em prol do bem-estar do povo da Guiné-Bissau. O Presidente da República tem um papel crucial neste exercício através dos seus bons ofícios com vista a um entendimento alargado e inclusivo. O Chefe de Estado deve abandonar o seu capote de clã e vestir definitivamente o “camisote” de pregador e constructor de consensos entre todos os filhos desta terra.

A solução sustentável passará imperativamente por um entendimento entre dois maiores partidos políticos, PAIGC e PRS. O Presidente José Mário não deve cair outra vez na armadilha de interesses de grupinhos. Aqui trata-se do país, da República, do povo, e não de meia dúzia de pessoas. O tempo é de nos libertar da arrogância e abraçarmo-nos uns aos outros. É possível, basta colocarmos os interesses nacionais acima dos interesses pessoais ou partidários.

 

 

Por: Redação

 

 

 

 

 

6 thoughts on “Editorial : ATÉ QUANDO A ARROGÂNCIA DE “POLITIQUEIROS” NESTE PAÍS?

  1. Parabéns ODemocrata, uma radiografia do que esta passando na Guiné, pela primeira vez vi um artigo com honestidade intelectual, uma qualidade, sem inclinar para nenhum lado, como muitos jornalistas e os analistas politicos do facebook fazem, deixam de lado o problema real do pais, para defender o tacho, mas uma vez parabéns. Um abraço para todos. Indeky Badjana

  2. Eu, para mim, este é o melhor artigo que alguma vez li neste jornal. Um artigo, na minha modesta opinião, imparcial, conciso e objectivo. Que Deus vos abençoe a todos!

  3. A nossa amada patria, GB. Precisa da luz que este artigo trouxe a ribalta, é sem duvidas o sentido de querer vêr as coisas bem resolvidas. JOMAV, CIPRIANO, DSP ku PRS. Nô cansa! Parcim cuma suma nota tama partido, ou seja, cada interveniente definda seu mais proximo, ku pui bo pensa cuma nó misti continua assisti inda novela não, País está acima de tudo. Bo pensa nó ca sibi, bona mitinu na indimizades na tabanca abos bona Ricu cada minuto!

    Quis apenas traser esse lado, lado da humildade, ou seja, de não defender ninguem. Djarama o Democrata, gostei do artigo.

  4. “Si kusa muri, kusa ku matal”, impávidos a seguir o nosso colapso, o poder permanece intacto, os atores sucedem-se, a luta pela sobrevivência é permanente, se notarem, morrem pessoas a cada dia, mediante uma dinâmica outros nascem. sem que isso significa o despovoamento do País, antes pelo contrário cresce a população.

    Eu já defendi tantas vezes, que a crise não será ultrapassada com o pronunciamento dos tribunais, tive choque com pessoas esclarecidas, fiquei na minha posição até outros momentos. O primeiro arrogante é aquele que não o devia ser, infelizmente ele encarnou arrogância. Não havia razão para derrubar um Governo com 4 moções de confiança votadas por unanimidade no parlamento, fez vontade aos que o coçava ouvidos com cotonete. Depois desafio, arrogantemente a todos, nós assistimos, mas hoje pensamos que devia ser quem a baixar-se por quem, já que todos envergaram fatos de arrogância?

    Meus caros compatriotas, um País, não se deve confundir com uma instituição. Hoje não há moral, este PR não tem nenhuma magistratura de influencia para usar, se não consegue influenciar suas capangas, que são apenas 15, quem poderá influenciar? o artigo está bem escrito, só nesta parte desacordo, porque o PR, é parte do problema, é na Presidência que o sismo teve epicentro, a sua réplica atingiu o parlamento, palácio de Brá e o País na sua totalidade.

    Dizem que as decisões do PR, são irreversíveis, aliás é o que lhe é peculiar, hoje estamos a saborear os resultados amargos da irreversibilidade de decisões precipitadas, caracterizadas de inexperiência politica e de falta do sentido de estado, ou melhor falta de respeito ao povo.

    As voltas que estamos a dar não fará atravessar o mar, se não há barco, vamos por pirogas, não vejo um fim a vista desta crise, que não seja cedências politicas. Se fosse politico, ou parlamentar colocava a disposição o meu lugar, que estar a participar em sessões de teatros, sem resultados que depois devo reportar ao meu eleitorado, deixando mau imagem aos meus familiares e o povo em geral.

    Obrigado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *