As gauladas dos Chefes dos Estados Africanos que nos chegam da Cimeira da União Africana da Guiné-Equatorial são incompreensíveis para qualquer guineense que ama a nossa pátria. Reforçar mais contingente militar internacional no nosso país nesta altura em que o país regressou a ordem constitucional é mesmo de má-fé de alguns países membros da nossa querida Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) ou da velha senhoria dos Países Africanos da Língua Oficial Portuguesa (PALOP) onde, infelizmente, existe ainda o pensamento da “geração de Cristiano Ronaldo”.
Por que os Chefes de Estados dos países membros da CPLP se preocupam mais em reforçar contingente militar estrangeiro no nosso país, se há neste momento, na própria CPLP, país como Moçambique, cujo líder da oposição está a monte há mais de três meses e os seus guerrilheiros ameaçam dividir o país. Mas, ninguém, na CPLP, fala em contingente militar estrangeiro para Moçambique. Aqui, na nossa Guiné-Bissau, ninguém está escondido num sítio incerto. Vemos, todos os dias, o General António Indjai, sabemos onde é que ele dorme e ele próprio já disse, publicamente, que não haverá mais golpe de estado. Portanto, temos que fazer fé nas palavras dos nossos militares.
Angola é um país irmão da Guiné-Bissau com a ligação histórica de longa data. Mas, infelizmente, nós, os guineenses, não somos culpados por nossos irmãos de Angola terem formado, durante 30 anos da guerra civil, milhares de jovens militares especializados e que hoje constituem um fardo para a política económica do governo de Luanda, que quer, com o apoio dos seus aliados da CPLP, fazer regressar a famosa MISSANG, que nos dividiu em cadoguistas e golpistas de má memoria.
Não! Não, obrigado, não queremos mais, não só MISSANG, mas também tropas estrangeiras, em geral, no nosso país. Já elegemos os nossos legítimos representantes. Esperemos que Deus os abençoe, para que saibam conduzir o povo e o país neste nosso regresso a ordem constitucional e ao convívio das Nações Democráticas. Por outro lado, é bom que os nossos amigos históricos e países membros da CPLP saibam que nós queremos, sem margem para dúvidas, a sua ajuda para podermos agilizar as nossas estruturas internas, para podermos produzir riqueza no país; mas, não de tropas estrangeiras vindas de Angola ou de qualquer outro país amigo da CPLP. Já estamos cansados com esta ECOMIB, que, há dois anos, os vizinhos da Comunidade Economia dos Estados de África Ocidental (CEDEAO) nos impuseram. Estamos a estudar a formar de nos desembaraçar deles e agora nos falam, outra vez, do regresso da MISSANG, que foi um dos problemas do nosso último golpe de Estado.
Não deixam de ser estranhas as pretensões de alguns países amigos da Guiné-Bissau com longa ligação históricas em querer reforçar mais tropas estrageiras no nosso país. Até o Zé-povinho de Badim começa a suspeitar que, se calhar, alguém pagava os nossos militares para fazerem golpe de Estado. Por amor de Deus, não queremos mais tropas estrangeiras no nosso país. Estamos convencidos que, quem der o próximo golpe de Estado nesta pátria de Amílcar Cabral, o nosso povo sairá a rua com paulada contra os líderes desse golpe. Os nossos militares já estão, há muito, advertidos que esta é a nossa única oportunidade de assumir de novo a nossa marca mundial: “Guiné-Bissau, pequenina em tamanho, grande em Fama”.
Ninguém compreende esta pretensão dos estadistas africanos, porque na Nigéria, por exemplo, tem estado a morrer quase, diariamente, 50 pessoas com o ataque de Boko Haram, mas nenhum estadista africano, em particular, os nosso vizinhos aqui da CEDEAO, fala em envio de contingente militar para ajudar a combate a este fenómeno que até poderá alastrar para toda África Ocidental. O vizinho Senegal tem aqui, em Casamansa, nas nossas barbas, um conflito armado, há 30 anos. Ninguém fala em tropas estrangeiras para pacificar a situação que já causou milhares de refugiados em toda nossa fronteira do Norte.
Repito, queremos, sim, ajuda dos nossos parceiros internacionais, dos países amigos da CPLP e da CEDEAO, mas não de trazer mais contingentes militares de natureza de MISSANG e ECOMIB, porque não queremos que alguém, aqui internamente, aproveite outra vez a vinda de tropas estrangeiras para nos criar mais problemas. Já chega de problemas de tropas estrangeiras. Queremos, sim, apoios financeiros para reformas internas das nossas forças da defesa e da segurança e não da vinda de contingente militar estrangeiro.
Na nossa visão, a reforma no sector da Defesa e da Segurança nacional é incompatível com mais presença de contingentes militares estrangeiros. Já nos chega a experiência da ECOMIB e da MISSANG. Estamos cansados de fardas estrangeiras desde Bissau até diáspora. Deixam, por favor, os nossos legítimos representantes apresentar- vos os nossos interesses nacionais. Aliás, gostaríamos que os nossos amigos da CPLP e da CEDEAO nos ajudassem em função dos nossos interesses nacionais, e estamos convictos que os nossos interesses não passam por nos trazer mais tropas estrangeiras, até porque estamos bastante preocupados com a progressão alarmante da SIDA no nosso país. Aliás, quando precisarmos de tropas estrangeiras e da ajuda dos países amigos da CPLP e da CEDEAO saberemos pedir na altura certa, mas agora, não. Obrigado, povo irmão de Angola!
Por: António Nhaga
Diretor-Geral
antonionhaga@hotmail.com
















