REPORTAGEM: FARIM RECORDA O MASSACRE DE 1965 COM MÁGOA

Depois de quarenta e nove (49) anos do Massacre de Morcunda, uma tabanca situada nos arredores da cidade de Farim, no norte do país, um grupo de pessoas decidiu trazer à memória os acontecimentos ocorridos a 01 de novembro de 1965 com registos de mais de trinta vítimas mortais e cerca de cem feridos, na sua maioria mulheres e crianças.
Na cerimónia de homenagem às vítimas deste bombardeamento de 1965 foi depositada uma coroa de flores em memória dos falecidos. O Governo central, a administração local e os deputados da nação eleitos em Farim nas últimas eleições legislativas de abril fizeram-se representar na cerimónia.

Segundo informações de testemunhas, o atentado que matou civis inocentes, aconteceu à noite, no meio da dança do “Djamdadon”, uma das manifestações culturais da etnia Mandinga.
A dança ocorria ao ritmo de sons de tambores tocados pelos “Djidius” com a multidão a volta do local. Dados recolhidos no terreno pelo Jornal O Democrata revelaram ainda que o número das vitimas poderá não ter sido o que consta dos documentos coloniais. Depois do bombardeamento houve pessoas que tentaram resistir aos ferimentos, mas acabariam por morrer, ficado fora dos dados oficiais disponíveis nos boletins de informações coloniais.

A equipa de O Democrata que se deslocou a cidade de Farim viu o local e pôde ainda constatar a tristeza e as lágrimas a caírem dos olhos de crianças depois de vários depoimentos de testemunhas ainda em vida. Este facto revela que o que aconteceu foi muito doloroso e que ainda abala a memória dos cidadãos daquela terra.

Os organizadores pretendem que no futuro a iniciativa seja institucionalizada como dia de Farim, porquanto é um dos maiores massacres da história do povo local.
Malam Sané, um dos sobreviventes do ataque, recorda de 01 de novembro de 1965 com muita tristeza e mágoa. O sobrevivente disse que estava inconsciente e que apenas se lembra dos momentos ocorridos antes do ataque.

Depois do Bombardeamento, na mesma noite do dia 01 de novembro, o primeiro grupo dos feridos foi evacuado de imediato para Bissau num avião. A segunda equipa que incluia Malam Sané saiu de Farim em direçao a Bissau as 08 horas do dia seguinte.

Malam Sané informou ainda que antes do rebentamento, estava ainda em casa com a sua mãe e que de repente chegaram-lhes uma série de rumores que indicavam que um avião militar “ Dakota” iria efetuar uma rusga para perseguir e consequentemente prender pessoas nos bairros de Morcunda, Nema, Sintcham, Gã-sapo e Praça.

Mas sobretudo Gã-sapo e Praça não especificando contudo as razões porque os dois últimos bairros foram sublinhados. Poucas horas depois de chegar no local, por volta das 22 horas, aconteceu o ataque que vitimou civis inocentes e feriu perto de cem pessoas, explicou Malam Sane com lágrimas nos olhos “não posso prosseguir chaga” – concluiu.

Sadjo, também uma das sobreviventes do atentado, conta a sua versão na primeira pessoa. Disse que foi atingida por um estilhaço de granada que lhe cortou a barriga e que, em consequência dos ferimentos, não conseguiu comer nem beber água durante um mês. E enquanto recuperava desses ferimentos foi ajudada por médicos que administraram um soro. “Até agora padeço de dores devido aos ferimentos na barriga. Não consigo fazer nada nem jejuar”, notou a vítima.

Ela fez parte do primeiro grupo evacuado para Bissau. Referiu que depois da detonação que ouviu nada mais soube e não pode avançar com explicações se foi algo preparado internamente ou pelos colonialistas, porque “estava no ponto da morte”, assinalou.

Armando Conté, um dos membros da organização, referiu que o motivo fundamental da comemoração do dia, é solidarizar-se com todas vítimas e também informar as pessoas que não tinham nascido, quando o triste acontecimento sucedeu em Farim, para poderem se informar daquilo que realmente se passou no sítio do monumento ainda em construção.
Lembra que é um primeiro passo apenas para que no próximo ano, em 2015, quando se completarem 50 anos, pedir ao Governo central que declare o dia 01 de novembro, curiosamente dia dos fiéis defuntos, como um dia de “ reflexão de Farim”, referiu.

“Penso que o Governo vai estar na posição de nos ver, ouvir e dar a voz a quem não tem voz. Acredito que esse ato vai ser o princípio de muitas coisas que virão para Farim e com a eminência da exploração do fosfato local”, disse.

Armando Conté disse ainda que em 2015, a organização vai construir um monumento com nomes de todas as vítimas, para que sirva de informação aos mais novos e as gerações vindouras.
Entretanto, até agora não há informações concretas sobre a verdadeira origem do ataque. Vítimas sobreviventes do atentado dizem desconhecerem por completo a proveniência desse bombardeamento e os seus motivos específicos.

Sobreviventes ilesos e testemunhas reclamam que se tratou de um ato bárbaro e premeditado perpetrado pelos colonialistas portugueses devido às perseguições contra certas pessoas ligadas ao partido PAIGC.
As vozes que se levantaram agora atribuem o ataque aos portugueses. Ao mesmo tempo pedem a intervenção do Governo guineense junto de Portugal par indemnizar todas as vítimas do atentado que ceifou as vidas de dezenas de pessoas e cerca de cem feridos.
O registo do atentado está nas duas páginas deste livro que O Democrata conseguiu fotografar, com a solidariedade de um dos elementos da equipa de reportagem da RTP-áfrica em Bissau.
Fora do plano do massacre, Armando Conté, atual administrador da GB Minerais, SARL, empresa responsável neste momento pela exploração do fosfato revelou a O Democrata que, dentro de duas semanas, uma quantia que não especificou de fosfato vai ser transportada pela DHL, uma companhia aérea para Miami para provar a sua pureza.

Segundo este responsável da empresa mineira, atualmente a Guiné-Bissau figura na lista dos países com fosfato mais puro do mundo com 36 por cento acima de Marrocos que tem 32 por cento.
Armando Conté anunciou ainda que até 2016 estará pronta a aldeia mineira em Banni, uma tabanca situada nos arredores de Salquenhe (centro do fosfato), antes do início oficial da exploração do mineiro, prevista para 2017.

“A exploração durará 25 anos antes atingir propriamente a localidade de Salquenhe “, afirmou.
Dados indicam que primeiros indícios da existência deste mineiro em Farim aconteceram pela primeira vez nos anos 40 por franceses. Mais tarde, na década 80 com os mesmos franceses.

Curiosamente, um cheque de cinquenta e sete milhões e quatrocentos e um mil e trezentos e setenta e sete milhões de francos cfas foi entregue este ano à administração local como valor trimestral de que deve beneficiar a população por ano. O montante foi entregue de seguida à população de Farim A distribuição deste produto mineral está esquematizada em 25 por cento para população local (setor de Farim), 25 por cento para o Ministério que tutela a área e 50 por cento destina-se ao tesouro público.

Fonte local contatada pelo Jornal O Democrata disse que é a primeira vez que isso acontece, desde a primeira exploração há 09 anos. “É um momento histórico” – frisou.

Segundo técnicos da empresa, o fosfato é um fertilizante com grande valor agrícola que pode interessar neste momento gigantes na agricultura, como a China, Japão, etc. Quanto ao fosfato de Farim, as primeiras indicações de exploração apontavam que pode acontecer por um período máximo de 25 anos, mas fontes ligadas ao produto dizem que a exploração pode durar perto de cem anos.

 

Por: Filomeno Sambú

 

1 thought on “REPORTAGEM: FARIM RECORDA O MASSACRE DE 1965 COM MÁGOA

  1. lamento, e foi bom para relembrar d mumentos d trestes, ataque saiu d farim bedju a 3 a 4 klrs de morucunda para kem conhese farim sabe aonde fika farim bedju, ataki foi grande inganu, i ponto fianl cabu aqui ponto final. storia verdadeira; homem sorou quando splicou me mais sorou mesmo foi unico e grande ero que ele cometeu e nunca vai squeser, diz o homem com plavra dele que ele sorou mais e criancas e irmaos civils que tva n este tarde d disgaca……………………..

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