PAIGC PEDE ÀS NAÇÕES UNIDAS QUE RETIRE À CEDEAO O PROCESSO DE MEDIAÇÃO DA CRISE GUINEENSE

As três organizações de massa do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), a Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC), o Conselho Nacional de Quadros Técnicos, Militantes, Simpatizantes e Amigos do PAIGC (CONQUATSA) e a União Democrática das Mulheres (UDEMU) pediram à representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Rosine Sri-Coulibaly, e aos restantes membros do P5 a retirada da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) do processo de mediação da crise política da Guiné-Bissau.

As três estruturas do partido libertador fizeram essa exigência em conferência de imprensa realizada esta terça-feira, 14 de julho de 2020, na qual responsabilizaram o Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, pela transformação da Guiné-Bissau numa República sem leis. 

A UDEMU, a JAAC e o CONQUATSA sublinharam que é importante a unidade e coesão dos dirigentes, militantes e simpatizantes do partido no sentido dese prepararem para assumir uma “luta sem tréguas” contra o atual regime no poder e acusam a CEDEAO de ser “dono” do processo político no país

O responsável pelos Assuntos Políticos e Estratégicos e Porta-Voz da JAAC, Ussumane Camará, exigiu, por isso, a reposição da ordem constitucional na Guiné-Bissau para que o PAIGC chefie o governo da Xª legislatura, enquanto vencedor das últimas eleições legislativas de 10 de março de 2019.

Ussumane Camará diz acreditar que o seu partido irá consolidar o seu processo de coesão e unir interna e disciplinarmente todos os seus militantes para desenvolver a Guiné-Bissau.  

“A questão da disciplina partidária dentro do PAIGC é inegociável”, avisou.

Na sua intervenção, chamou atenção aos militantes do partido a não perderem tempo com o atual contexto político, porque “é uma distração” e lembrou que compete à direção superior do partido proceder conforme as normas internas da formação política contra os deputados que “traíram o partido”.

“A única coisa que importa neste momento é intensificar os trabalhos políticos nas vossas bases”, indicou.

Por seu lado, a primeira vice-secretária da UDEMU, Binto Nanque, mostrou-se indignada com a atuação do atual governo e fez lembrar que o regime político na Guiné-Bissau é o presidencialismo, não o semipresidencialismo, “estamos a viver uma verdadeira ditadura no nosso país, mas vamos lutar para acabar com ela”, disse aos militantes.

Binto Nanque exigiu ao Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, que respeite a Constituição da República e que devolva a governação da Xª legislatura ao PAIGC.

Em reação ao atual cenário político no país, o primeiro secretário do CONQUATSA, Simões Silva, encorajou os militantes a encararem o atual momento como uma “luta árdua para reconquistar o que é de direito do PAIGC, não transformá-lo em tristeza.

Simões Silva alertou os atores políticos que a Guiné-Bissau não pode ficar atrás na concorrência com outros países e pediu, por isso, respeito à última recomendação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que insiste na nomeação de um primeiro-ministro e na formação de novo governo, em conformidade com a Constituição da República e observando os resultados eleitorais das legislativas de 10 de março de 2019.


Por: Djamila da Silva

Foto: D.S

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