O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Assuntos Parlamentares e Porta-voz do governo, Mamadu Serifo Jaquité, defendeu que é necessário que os atuais dirigentes dêem um exemplo motivador e esclarecedor de governação, aplicando incessantemente o sentido do dever e do estado do direito democrático. Jaquité falava esta segunda-feira, 03 de agosto de 2020, durante as comemorações dos 61 anos do massacre de Pindjiguiti de 1959, que vitimou mais de 50 marinheiros em protesto por um salário digno e merecido e pela melhoria de condições laborais.
O ato central das comemorações teve lugar na Praça dos Mártires de Pindjiguiti, em Bissau, e foi marcado com as intervenções dos representantes das duas maiores Centrais Sindicais, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau (CGSI-GB), da ministra da Função Pública, Trabalho Emprego e Segurança Social, Maria Celina Vieira Tavares e do Porta-voz do governo, Mamadu Serifo Jaquité e de alguns sobreviventes do massacre e o presidente da Câmara Municipal de Bissau, gestor da cidade.
Numa retrospetiva aos acontecimentos que marcaram o massacre, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Assuntos Parlamentares e o Porta-voz do governo disse que nunca o país deixará de celebrar a data, porque apesar de, na altura, não representasse nenhuma reivindicação de uma associação partidária, foi claro que esse acontecimento ficou para a história como o momento que transformou e iluminou a consciência dos guineenses para a “luta gloriosa e heróica até à independência”, como também acelerou a criação e a consolidação do partido libertador (PAIGC).
“Não quero com esse discurso transmitir ódio, muito menos direcioná-lo contra quem quer que seja, mas sim relembrar que os comportamentos de violência visam apenas a manutenção do poder, da superioridade e dos privilégios, mas não resolvem os problemas da população e nem os dos funcionários públicos”, notou.
Mamadu Serifo Jaquité frisou que a data de 03 de agosto deve ser direcionada às boas práticas de governação e na procura incessante de desejos de ambição de uma vida cada vez melhor para todos os guineenses.
Em reação às exigências das maiores centrais sindicais do país, Mamadu Serifo Jaquité assegurou que o executivo de Nuno Gomes Nabian tudo fará para que sejam cumpridas, na medida do possível, contudo, reconheceu que não será fácil, pedindo, por isso, aos líderes sindicais para que tenham paciência.
“Foram 46 anos de maus hábitos e não será num dia, num mês ou num ano que um governo vai conseguir resolver todos os problemas de toda administração pública. É preciso, sim, continuar a exigir, a acompanhar e ser parceiros do governo na resolução desses problemas. Por isso quero aqui reafirmar a nossa determinação em melhorar a vida dos trabalhadores, tanto os ligados ao mar quanto a todos os funcionários públicos para que conheçam dias melhores”, referiu.
Jaquité defendeu que é necessário que os atuais dirigentes dêem um exemplo motivador e esclarecedor de governação, aplicando incessantemente o sentido do dever e do estado do direito democrático, indicando que a maior aposta do governo é tornar a Guiné-Bissau um país próspero e de liberdade, onde nunca mais haja 03 de agosto e num país em que todos os cidadãos podem e devem reclamar sem esquecer também das suas responsabilidades.
Por sua vez, a ministra da Função Pública, Trabalho Emprego e Segurança Social, Maria Celina Vieira Tavares, referiu que a reivindicação dos marinheiros era mais do que justa e condenou a resposta da então administração colonial, porque “ foi tudo menos que consentânea”, pois no lugar de diálogo, a tropa colonial “preferiu utilizar a força a força das armas com balas reais para chacinar aqueles filhos da Guiné que ousaram dizer basta ao salário de miséria e basta à exploração”!
Lembrou, no entanto, que o massacre de Pindjiguiti foi o despertar de consciência do povo da Guiné-Bissau sobre o imperativo de ter que lutar, por todos os meios possíveis na época, para assumir o seu destino, sublinhando que o ministério da Função Pública está empenhado em prosseguir e executar fielmente o programa do governo de forma a dar melhores condições de vida aos trabalhadores da administração pública.
DIRETOR-GERAL DOS PORTOS GARANTE TRABALHAR PARA EVITAR NOVO 03 DE AGOSTO NA GUINÉ-BISSAU

O Diretor-geral dos Portos da Guiné-Bissau, Félix Na Ndungue, assegurou que, enquanto gestor dos portos, trabalhará para que não haja novo 03 de agosto na Guiné-Bissau, mas sublinhou que para que tal aconteça será necessário trabalhar mais para arrecadar mais receitas, sobretudo numa altura em que o mundo foi atingido pela crise sanitária provocada pelo novo Coronavírus (Covid-19).
Pediu ao governo que acompanhe a direção dos portos, tanto na sustentabilidade e arrecadação de receitas como também na sua própria gestão.
Na sua curta declaração, o presidente do sindicato dos trabalhadores dos portos da Guiné-Bissau (APGB), Doutor Martinho Gomes, sublinhou que, apesar de algumas melhorias registadas em termos de pagamentos de salários, os trabalhadores continuarão a exigir do governo que cumpra as suas obrigações, nomeadamente, o pagamento das horas extras e quinzenas em atraso, bem como a limpeza do porto para permitir a atracagem de barcos de grande porte.
Outra exigência levantada pelo sindicato dos trabalhadores de APGB tem a ver com o “recrutamento ilegal” de funcionários com base na filiação partidária e defendeu que, caso seja necessário, que seja aberto um concurso público para evitar eventuais consequências que poderão advir desse comportamento. Exigiu ainda a aquisição de máquinas da parte da direção dos Portos para aumentar a produção e o pagamento de mais de oito biliões de francos CFA que o governo tem para com a direção dos portos de Bissau.
“Não é justo contrair dívida a uma empresa e depois exigi-la que tenha rendimento. O governo opera nos portos, mas todos os materiais, combustível e o esforço físico dos trabalhadores são compensados pela própria direção e depois quer que rendamos como um porto dos Estados Unidos da América”, criticou.
O sindicalista denunciou que os trabalhadores em regime de reforma recebem pensão miserável, por isso é urgente atualizar o pagamento da previdência social para aliviar os encargos que a direção da APGB tem neste momento com os funcionários em idade de reforma, mas que continuam a receber normalmente.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche



















