[ENTREVISTA maio_2021] Um estudo realizado pela Rede Nacional das Associações Juvenis da Guiné-Bissau (RENAJ) confirma que 35 por cento dos alunos dos liceus de Bissau consome a droga cannabis (liamba, no contexto guineense) nas suas escolas. O mesmo estudo revela que estão também presentes na vida social dos jovens as drogas como MD, AX, KIZA. Entre os diferentes tipos de drogas, diz o estudo, a mais acessível é a cannabis/liamba, que custa em média cem (100) a cento e cinquenta (150) francos cfa.
O estudo foi realizado por seis organizações, filiais da Rede Nacional das Associações Juvenis (RENAJ), nomeadamente, a Associação de Jovens de Luanda (AJOL), o Fórum de Inserção de Jovens Raparigas (FINS JOR), a ACESA/Bandim, a Associação dos Jovens de Antula Bono (AMUBAB), a Associação de Hafia (AFABA) e a Associação de Jovens Promotores dos Direitos Humanos (APDH), com nove inquiridores e mais um grupo de voluntários do bairro Plack II.
O estudo foi tornado público pelo responsável do departamento do ambiente da RENAJ, Lino Mané, em entrevista ao jornal O Democrata (maio de 2021), na qual disse que o estudo visa compreender o impacto do consumo de drogas nos adolescentes e jovens. Segundo as informações, o Centro Escolar Attadamun, Jorge Ampa Cumelerbo, Cooperativa Escolar Silva Nhaga e Kwameh N´krumah foram as escolas onde o estudo foi realizado, com a ajuda das associações dos alunos e em oito bairros de Bissau.
De acordo com as informações, dos 200 jovens inquiridos em oito bairros da cidade, 27 por cento confirma que é consumidor de cannabis/liamba e dos 100 jovens inquiridos nas quatro escolas da capital, 35 por cento consome drogas. Contudo, os resultados do estudo feito nas escolas ainda não foram entregues às escolas.
À pergunta se conheciam ou não as drogas ou o lugar onde eram vendidas, 91 por cento dos jovens entrevistados nas comunidades responderam que conheciam e sabiam onde eram vendidas.
Lino Mané afirmou que de 2008 a 2021 registou-se um aumento de 30 por cento de consumo do canábis nos países em subdesenvolvimento incluindo a Guiné-Bissau, tendo lembrado que um estudo das Nações Unidas divulgado em 2008 indicava que a única droga produzida na África Ocidental e em grande quantidade era a liamba.
Segundo Lino Mané, perante estes fatos, decidiram realizar o estudo que agora foi publicado para espelhar a real situação do consumo de drogas na classe juvenil e consequente criação de plano de combate.
“O estudo, nesta primeira fase, foi efetuado apenas na capital mas há todo o interesse de chegar às regiões”, disse.
Sobre o plano de combate às drogas na Guiné-Bissau, Mané frisou que a RENAJ contém, na sua estrutura, organizações filiadas e é dessa forma que irá criar atividades específicas para sensibilizar e informar os jovens sobre as consequências do consumo de drogas.
O também coordenador desta atividade frisou que é preciso fazer uma forte sensibilização, sobretudo nas comunidades, porque “são a origem de tudo” e as escolas não têm a capacidade de controlar o fenómeno.
Finalmente, recomendou ao Estado guineense a realizar estudos sobre a temática do consumo de drogas na Guiné-Bissau.
Por: Djamila da Silva
















