O futebolista internacional pela Guiné-Bissau, Bacar Baldé, está com a carreira em risco, depois de ter-se lesionado com gravidade no joelho, no jogo da seleção nacional realizado em Portugal frente à sua congénere de Angola em 2019, em partida de preparação para o Campeonato Africano das Nações (CAN2019) no Egito.
A informação foi transmitida ao Jornal O Democrata esta segunda-feira, 23 de agosto de 2021, pelo próprio jogador.
“Fiquei em silêncio há muito tempo, como sabem, porque estava a trabalhar na recuperação da lesão contraída para poder voltar à vida normal como jogador profissional. Na época passada joguei no Vianense, quase toda época com dor no joelho e quem estiver ao pé de mim nota a diferença nos meus dois pés”, disse.
“Logo no início da época desportiva não consegui aguentar as dores no joelho e pressão por causa do número de jogos, porque eu não estava bem recuperado e voltei a contrair nova lesão no mesmo joelho. Portanto, fiz a segunda operação num curto espaço de tempo. Agora não consigo recuperar a 100% da lesão nem consigo jogar também, esta é a minha situação neste momento”.
Numa entrevista telefónica a partir de Portugal, o atleta guineense, que atua como defesa esquerdo, lamentou sobre os recursos financeiros que desembolsou para o seu tratamento, que “podiam servir para investimento noutra área da sua vida pessoal e profissional”.
“Sinceramente se eu soubesse que não conseguiria recuperar a 100% da lesão, não investiria quase todos os meus recursos financeiros no tratamento. Deixaria jogar o futebol e investiria o dinheiro em outras coisas para obter um rendimento, porque nunca imaginei que um dia fosse jogador numa liga amadora”, acrescentou Baldé.
Segundo a explicação do jogador, que fez a sua formação como futebolista no FC Porto, desde que sofreu a lesão ao serviço da seleção nacional, “Djurtus”, não recebeu nada das autoridades desportivas do país e nem da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), entidade que gere o futebol nacional.
Baldé revelou que vendeu quase todos os seus bens, incluindo o seu carro em Bissau para investir no seu tratamento no joelho e agora está a enfrentar enormes dificuldades para sair dessa situação, devido à falta de apoio das autoridades competentes.
“Contraí a lesão ao serviço da seleção da Guiné-Bissau e se estou nestas condições hoje é por causa do meu país, por fazer parte dos jogadores que abraçaram bem cedo o projeto de jogar pela seleção, mas é triste o que se passa comigo e ninguém faz nada”, criticou Baldé.
Embora fustigado pela lesão, o futebolista guineense realizou, na última época desportiva, ao serviço do clube Vianense, 20 jogos.
A secção desportiva de O Democrata tentou obter a reação da FFGB, mas sem sucesso. Questionado se tentou entrar em contato com a nova direção do órgão liderado por Carlos Mendes Teixeira “Caíto”, Baldé confessou não ter falado com nenhum dos membros da direção executiva da FFGB.
Baldé, de 29 anos de idade, estreou-se na seleção principal em 2010 no jogo frente à seleção do Quénia no Estádio Lino Correia, onde a seleção venceu por 1 a 0. Após a fase de formação como jogador no FC Porto, o jogador teve passagem por vários clubes, nomeadamente, Paços Ferreira, Arouca, Tondela, Mirandela, Atlético, Beira-Mar, Vasco da Gama, Cacak, Samtredia, Pyunik e Gandzasar FC.
Por: Alison Cabral
