A Liga Guineense dos Direitos Humanos e a União Europeia lançaram esta quarta-feira, 20 de julho de 2022, o projeto Observatório da Paz “nó cudji paz”. O projeto foi concebido no âmbito do estudo do fenómeno da erradicação de violência promovida por investigadores guineenses, do Instituto Marquês de Valle Flôr e da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
A iniciativa apoiada pela UE visa contribuir para a consolidação da paz e coesão nacional, através do reforço da participação cívica, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre as organizações da sociedade civil e as instituições do Estado.
Na sua intervenção, o Secretário de Estado de Presidência e do Conselho de Ministros, Florentino Dias, defendeu que a paz deve ser solidariamente cultivada, fortificada e enraizadas “no âmago das razões” para que perdure no tempo e “preserve a felicidade e o bem-estar no seio dos povos”.
Florentino Dias frisou que a paz constitui um dos elementos basilares e fundamentais da subsistência de uma sociedade, razão pela qual o governo felicitou a iniciativa da criação do projeto de observatório da no país.
“O observatório no cudji paz é uma estrutura que complementará e tornará ainda mais robustos os esforços nacionais para a consolidação da paz na Guiné-Bissau, devido à sua metodologia e foco de intervenção”, enfatizou.
Para Florentino Dias, os desafios da consolidação da paz transcendem qualquer abordagem particularizada, pois “são intrínsecos” e que “a humanidade deve, portanto, ser missão global e de responsabilidade partilhada”.
O Secretário de Estado de Presidência e do Conselho de Ministros frisou que a construção da paz não significa apenas a erradicação dos conflitos armados, por isso a sua “abordagem deve ser transversal, implicando o Estado, instituições da sociedade civil e famílias, considerando os vários desafios, combates e mitigação dos efeitos dos males sociais que afetam a sociedade”.
Por sua vez, o Presidente de Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva, afirmou que a sociedade guineense registou profundas transformações no último quarto do século provocadas, por um lado, pelo maior contato com outros povos de outras culturas derivadas do fenómeno migratório e, por outro, pelo maior acesso às ferramentas digitais proporcionadas pela internet.
De acordo com o ativista, o contato com o mundo e ferramentas digitais proporcionadas pela internet coloca a sociedade guineense perante os fenómenos e desafios complexos e cada vez mais complexo e socialmente perniciosos, nomeadamente a radicalização e o extremismo violento e a criminalidade organizada, requerendo uma maior capacidade de prevenção e de resiliência de todos.
Augusto Mário da Silva sublinhou que atualmente, a problemática da radicalização e do extremismo violento constitui a maior ameaça à paz no mundo, em particular na África ocidental.
Mário da Silva indicou que a Guiné-Bissau, apesar de ser reconhecida como exemplo inequívoco de tolerância e da convivência étnica ou religiosa pacífica, apresenta nos dias que correm um “emaranhado de fatores sociais, econômicos e políticos” que facilitam o crescimento de grupos sectários radicais e violentos, alimentados pelas “dinâmicas na sub-região e a instabilidade governativa no âmbito nacional”.
Por: Carolina Djemé
Fotos: Marcelo Naritche