A suspensão da admissão de novos ingressos nos setores da educação e da saúde pelo executivo guineense, por supostamente haver um aumento de número do pessoal nesses setores e consequentemente a subida da massa salarial, é uma “decisão inédita” que visa, como se disse, conter o aumento da massa salarial na Guiné- Bissau.
O mais caricato é que o governo justifica a sua medida com o aumento da massa salarial, mas no mesmo comunicado nomeou sete pessoas no ministério dos Negócios Estrangeiros para exercerem altas funções naquele pelouro e uma (1) pessoa no ministério dos Transportes e Telecomunicações, como Presidente do Conselho de Administração (PCA).
Essa atitude acaba por ilustrar mais uma vez, a falta do interesse deste executivo para os setores da educação e saúde que passam todo o tempo a “cantar” nas médias que constituem prioridades das prioridades da governação. Conferindo os factos acima referenciados, pode-se concluir que só interessa ao governo o seu umbigo e que o “Zé Povinho” se foda, aliás as greves ou paralisações nos setores da educação e da saúde ao longo dos últimos anos demonstram a falta da vontade política dos nossos governantes em garantir pelo menos, o básico: a educação e a saúde ao “Zé Povinho”.
Mas não é que o governo não sabe que o país precisa ainda mais de quadros nesses sectores para colmatar as carências nas zonas recônditas do país. O executivo sabe que alguns centros de saúde estão fechados há anos, devido à falta de profissionais de Saúde e que em algumas zonas recônditas do país, as pessoas com 6° a 9° ano estão a lecionar no ensino básico e outras com 11° e 12° ano a lecionar no secundário, devido à falta de professores com a formação específica e psicopedagógica.
As questões que não se querem calar são essas: quanto gasta o governo para os órgãos de soberania, as forças de defesa e de segurança? Quanto gasta o governo para pagar um licenciado nos setores da educação e da saúde?
Quem não se lembra dos subsídios milionários destinados aos titulares dos órgãos de soberania?
Quem não se lembra da decisão do governo anunciada pelo ministro da Administração Territorial e Poder Local em equiparar os governadores das oito regiões com as funções e regalias de Secretários de Estado, e os administradores de 38 sectores equiparados a diretores gerais?
Essa decisão só vem confirmar a falta de vontade e de interesse do governo em priorizar os setores vitais para o desenvolvimento da Guiné-Bissau: Educação e Saúde.
Como conter o aumento da massa salarial na Guiné- Bissau, se até hoje temos 23 Ministros, 19 Secretário de Estado (11 + 8 governadores), centenas de conselheiros com regalias de Ministros, de Secretários de Estado e de diretores gerais, centenas de diretores gerais, incluindo 38 administradores, dezenas de PCA’s, etc.
Essa gente quer desviar-nos do essencial. O essencial, neste momento, é trabalhar para diminuir a subida galopante dos preços dos produtos da primeira necessidade no país, reajustar e consequentemente aumentar o salário dos servidores públicos, reduzir em 70% os subsídios milionários dos titulares dos órgãos de soberania, criar condições para o emprego juvenil e auto- emprego no país, construir hospitais, escolas, infraestruturas rodoviárias, pensar no novo modelo de formação para Homens de amanhã, criar condições para a mecanização agrícola no país [a maioria da população vive da agricultura], etc. Essas sim são prioridades urgentíssimas.
Enfim, é preciso que o apelo de “apertar o cinto”, obedecendo às orientações do “papai FUNDO”, nos sectores da educação e da saúde, seja extensivo a outros sectores e em especial aos órgãos de soberania.
Tenho dito!
Por: Tiago Seide
Professor e Jornalista