X° Congresso Ordinário: MARTILENE DOS SANTOS AFIRMA QUE DOMINGOS SIMÕES PEREIRA NÃO PODE CONTINUAR A FRENTE DO PAIGC

Martilene dos Santos, militante e dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), afirmou que o presidente cessante daquela formação política, Domingos Simões Pereira, não tem condições para continuar a frente do partido libertador, devido à falta de transparência na sua liderança e de este não ter apresentado o relatório de contas aos membros do Comité Central.

“O mais grave de tudo isso,  que me fez ficar muito mal na reunião do Comité Central, levando-me a concluir que o Camarada Domingos Simões Pereira á não tem condições para continuar à frente do PAIGC, ele [Domingos Simões Pereira] assumiu na reunião que tem conhecimentos de pessoas próximas, neste caso, familiares que estão envolvidos na alienação indevida do patrimônio do partido. Infelizmente, foi aplaudido pelos dirigentes depois de ter proferido essas declarações” disse, para de seguida, questionar em que parte do mundo que essa situação pode acontecer.

Dos Santos fez estas afirmações na entrevista ao Jornal O Democrata para falar das razões da sua desistência da liderança do partido libertador, bem como das críticas à gestão do partido pelo presidente cessante, Domingos Simões Pereira.

Martilene Santos, Coordenador cessante dos quadros do partido, e o antigo Presidente Interino, Raimundo Pereira, anunciaram hoje, em cartas endereçadas à Comissão Nacional Preparatória do congresso, a desistência de concorrer à liderança dos libertadores por haver défices de democracia interna no PAIGC que impede debates sérios dos verdadeiros problemas que corroem a coesão do partido.

Em entrevista, recordou que apresentou a sua candidatura à presidência do partido como uma alternativa à atual liderança, acrescentando que a sua candidatura trabalhou afincadamente para que houvesse uma abertura, liberdade de escolha e igualdade em termos de tratamento no seio do partido.

“Pensamos que esses são valores fundamentais para o exercício político, porque na nossa forma de fazer política, entendemos que nenhum tipo de valor está acima da pessoa humana ou da vida da pessoa” assegurou, frisando que está “muito espantado” com a forma como o partido está a ser conduzido.

“Pensávamos que iríamos discutir a situação do partido antes do congresso, porque antes do congresso faz-se a apresentação do relatório de contas do partido, permitindo-nos ter a ideia das dificuldades e das necessidades do partido para os próximos tempos e já no congresso esse relatório iria ser apresentado como o do Comité Central, infelizmente não tivemos oportunidade de discutir esses aspetos”, notou.

Dos Santos disse que os membros do Comité Central não tiveram a oportunidade de ouvir ou discutir os trabalhos feitos pela Comissão de Reconciliação do partido dirigido pelo Comandante Lúcio Soares, que, segundo a sua explanação, fizeram um grande esforço em ouvir os candidatos.

“Era preciso dar oportunidade à comissão para apresentar o relatório e ouvir as contribuições dos candidatos para a reconciliação interna, mas alegaram que não era preciso a apresentação do relatório da comissão. Afinal, tudo era apenas para entreter os candidatos e tentar ganhar tempo” criticou, revelando que “um membro do Comité Central levantou-se para pedir a palavra à mesa e foi espancado na presença de todos, depois foi atirado na escada para fora da sala”.

“Tudo isso que vimos na reunião do Comité Central, certamente o Congresso vai nesta mesma linha. Tudo vai ser uma encomenda e vamos confrontarmo-nos com limitações estruturais fortes que não poderemos ultrapassar” assegurou, criticando ainda a direção cessante de estar a gozar com a inocência dos militantes e dirigentes do PAIGC.

“Os dirigentes que tiveram coragem de questionar ou criticar a gestão do partido são agredidos com insultos nas redes sociais, da parte de pessoas sustentadas pela atual direção e com as quais aparecem toda hora na rede social. Essas pessoas são contratadas para insultarem dirigentes do PAIGC com conquistas, por causa da divergência apenas de ideias”, disse.

Questionado se não está a comprometer o seu futuro político no partido, caso recuse participar naquela reunião magna, respondeu que na verdade não há condições para participar naquela reunião magna, sobretudo nas condições em que está a ser realizada.

“Há uma coisa muito importante que deve nos movimentar, valores e não o benefício de posição. Se acreditarmos que as coisas não estão a ser feitas corretamente, de acordo com as normas, o melhor é deixar de fazermo-nos de corpo presente! Não preciso ir a este congresso apenas para ser eleito ou conseguir lugar nas estruturas do partido. Eu tenho que ir ao congresso e ter um espaço para apresentar a minha ideia” referiu, avançando que “essa posição vai reforçar o meu futuro no partido, porque o PAIGC não acabará com essa liderança”. 

Por: Assana Sambú

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