Líder de APU-PDGB: “NENHUM PARTIDO ESTÁ PREPARADO PARA GOVERNAR SOZINHO A GUINÉ-BISSAU”

[Campanha eleitoral] O líder de Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabian, afirmou que nenhum partido está preparado para governar sozinho a Guiné-Bissau, defendendo que haverá sempre a necessidade de concertação e de buscas de capacidades no seio dos outros partidos e da diáspora para formar um governo forte capaz de dar um arranque ao desenvolvimento do país.   

“A APU-PDGB está confiante neste processo e o partido está a trabalhar nas bases, mas como eu disse não vai haver vencedor com maioria absoluta nestas eleições, é impossível. É bom que sejamos honestos, politicamente falando, para transmitir essa mensagem à nossa população. Quem ficará desta corrida ninguém sabe, mas nós contamos que APU-PDGB está em condições de estar à frente e estando a frente vamos estar disponíveis para trabalhar com quaisquer outros partidos, mas também com a sociedade civil e a diáspora guineense” disse Nabian, que também dirige o governo de iniciativa presidencial, durante a entrevista para falar do programa eleitoral do seu partido,apresentado aos eleitores e dos setores que constituirão prioridade no governo de apuanos em caso de vencer o escrutínio de 04 de junho.  

O Democrata (OD): Sr. Primeiro-ministro tem estado nas tabancas para falar com a população diretamente. O que é que as populações têm pedido, ou seja, as suas maiores preocupações?

Nuno Gomes Nabian (NGN): Nós estamos numas eleições que vão ter lugar no dia 04 de junho. Eu penso que vão ser das mais disputadas na história da democracia da Guiné-Bissau. Cada partido está a tentar passar a sua mensagem às populações. De outro lado também estamos a receber informações da população e de momento o que se verifica é que há fome. 

Na verdade, há fome, porque a castanha de cajú não está a ser comercializada e todos sabemos que os fatores não dependem da situação interna do país, mas como eu disse, e repito, é uma situação conjuntural. O preço da castanha não é bom a nível internacional e isso tem um reflexo profunda na Guiné-Bissau, criando assim o sofrimento da população. 

Outra razão é que temos a campanha eleitoral que coincide com a campanha de cajú. Os investidores estão com receio. Como sabem, na Guiné-Bissau tudo corre bem, mas depois das eleições há sempre problemas. Esperamos que estas eleições sejam diferentes, porque estão criadas todas as condições básicas necessárias para que sejam disputadas de forma ordeira e transparente. 

Esperamos que tudo corra bem e que os resultados que advirem destas eleições sejam aceites por todos partidos políticos. Isso vai facilitar eventualmente os comerciantes para poderem entrar nas tabancas e concretizar a compra da castanha de cajú. 

A APU-PDGB está confiante neste processo e o partido está a trabalhar nas bases, mas como eu disse não vai haver vencedor com maioria absoluta nestas eleições, é impossível. É bom que sejamos honestos politicamente falando para transmitir essa mensagem a nossa população. Quem ficará desta corrida ninguém sabe, mas nós contamos que a APU-PDBG está em condições de estar a frente e estando a frente vamos estar disponíveis a trabalhar com quaisquer outros partidos, mas também a sociedade civil e a disporá guineense.

Disse e continuo a dizer que nenhum político está preparado para governar a Guiné-Bissau sozinho, vai haver sempre sempre a necessidade de concertação e de busca de capacidades no seio dos outros partidos e da diáspora para formar um governo forte capaz de dar um arranque ao desenvolvimento. 

Eu percorri o norte, o sul e leste do país e tudo indica que APU-PDGB sairá muito bem destas eleições. 

OD: Há denúncias sobre diferentes situações que afetam negativamente o aparelho de Estado, em caso da vitória da APU-PDGB nestas eleições, como pretende lidar com estas situações?  

NGN: Não sei do que está a falar concretamente, mas a verdade é que nós políticos, inventamos tudo. Lembro que eu também estive na oposição e muitas vezes procuramos criticar quem está a governar. A ausência de assuntos para criticar leva os políticos a inventar coisas a dizer que isto ou aquilo não está bem. 

Penso que o país está indo normal. Assumimos a nossa responsabilidade enquanto governantes e criamos todas as condições necessárias para a realização destas eleições. É normal que haja crítica, porque sempre defendo que não é demais criticar até porque quem está na oposição deve, de facto, levantar as questões que entende quando entende que algo não está bem. 

Nós estamos conscientes disso e, por isso, estamos a dar o nosso máximo para o bem-estar da Guiné-Bissau. Vocês enquanto jornalistas acho que estão a acompanhar a evolução do país e de toda a situação política. 

Estamos num governo de iniciativa presidencial formada depois da dissolução da Assembleia Nacional Popular. Pelo trabalho que temos estado a fazer ganhamos muita confiança da comunidade internacional, aliás como sabem conseguimos aprovar o programa com o Fundo Monetário Internacional, que muitas pessoas pensavam que seria impossível conseguir o programa com o fundo, sobretudo com o governo que não é da legislatura ou que saiu de uma eleição.  

É bom realçar a dinâmica do Presidente da República que está a fazer um trabalho a nível internacional, onde o país ganhou muita reputação. Temos um programa com o FMI e estamos muito bem com o Banco Mundial, bem como estamos também muito bem com as instituições financeiras sub-regionais. 

O país está normal. O processo da eletrificação do país está a andar muitíssimo bem e como podem constatar a nível de todo o país estão a ser colocados postos de corrente eléctrica para toda a Guiné-Bissau. Temos ainda a construção de estradas, do aeroporto até Safim, bem como a estrada que liga Safim e M’Pack (Senegal) que já tem o financiamento garantido. 

Temos o porto de pescas de Bandim inaugurado recentemente pelo chefe de Estado cujo financiamento vai permitir conseguir divisas para o país. A Guiné-Bissau, dentro de pouco tempo estará em condições de exportar o seu pescado e marisco para o mundo fora, o que vai ajudar muito para o crescimento económico do país. Estamos a fazer o nosso trabalho e mesmo tendo em conta as dificuldades que enfrentamos desde a pandemia do coronavírus (Covid-19) e a guerra entre a Rússia e Ucrânia, que tiveram muito impacto na economia. 

Com toda essa situação estamos a fazer esforço. Estamos ainda engajados na luta contra a corrupção, aliás é o cavalo de batalha do Presidente da República. Lutar contra a corrupção vai dar-nos credibilidade de boa governação. 

Esperamos que a APU-PDGB saia muito bem destas eleições para continuar nesta luta de desenvolver o país através de uma dupla com o Presidente Umaro Sissoco Embaló. É normal que haja erros ali e acolá, porque somos todos humanos. Não há nenhum governo ou Presidente neste mundo que não tenha cometido falhas, aliás só Deus não comete erros. 

O homem na terra está sujeito a cometer falhas, mas se as comete é bom sermos capaz de recuperar e encontrar caminhos viáveis para andar.

OD: Em caso da vitória, quais são os setores prioritários que merecerão uma atenção especial da APU-PDGB e do Senhor enquanto chefe do Governo?

NGN: Todos os setores constituem uma prioridade neste país. Temos um país que já conta com 50 anos de independência e que está praticamente destruído. Hoje a nossa população vive essencialmente da castanha de cajú, mas não é razão paraculpar este governo ou uma pessoa, porque foi a política conduzida ao longo destes 50 anos, que promoveu um fio condutor da produção da castanha de cajú.  

Durante estes 50 anos podíamos diversificar a nossa produção e cultivar batata, mandioca, feijão entre outros. Como eu disse, na Guiné-Bissau tudo é prioritário, sobretudo nas áreas sociais e na infraestrutura do país, portanto é preciso fazer tudo isso para desenvolver o país.   

Para conseguirmos tudo isso é preciso criar as condições para que haja uma boa governação e engajarmo-nos seriamente em trabalhar em prol do desenvolvimento da Guiné-Bissau e do seu povo, onde vamos estar isento da corrupção e combater o enriquecimento ilícito. Vamos ganhar credibilidade junto da comunidade internacional e isso vai ajudar-nos de facto, alavancar todos os obstáculos para que o país possa avançar para a frente. 

Por: Assana Sambú

Cortesia da Rádio Sol Mansi 

Author: O DEMOCRATA

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