Editorial: AUSÊNCIA DE CÃO-DE-GUARDA NA GUINÉ-BISSAU

[Edição impressa n°557 Ano XI, de 08 de fevereiro de 2024] A Esfera pública da Guiné-Bissau está a abarrotar de politólogos sem um cão-de-guarda, que assuma a responsabilidade de guardar as políticas públicas urbanas de que o país precisa tanto como de pão para alimentar milhares de famílias do Zé-povinho de Bandim que labuta diariamente no espaço público nacional sem salário condigno para sustentar a sua família e pagar, pelo menos, a escola dos seus filhos.

É preciso e urgente dotar o país de politicólogos com uma visão de racionalidade e razoabilidade de Amílcar Cabral. Todos os aspetos mais essenciais para a efetivação de um sistema democrático na Guiné-Bissau estão relacionados com a capacidade do cão-de-guarda para poder acompanhar, monitorizar e supervisionar todas as atividades de Estado e tudo aquilo que configura o interesse público e não interesse particular do público.

Num Estado de Direito democrático como a Guiné-Bissau, um cão-de-guarda não pode ser apenas um observador independente do interesse público. Deve também ser imparcial em todos os assuntos que elegeu como temática na esfera pública urbana nacional. A independência e a imparcialidade em relação às instâncias políticas, económicas e sociais são as condições essenciais de atuação de um cão-de-guarda no mercado de ideias nacional.

Na Guiné-Bissau, um país hoje sem politicólogos com a visão de Amílcar Cabral, é preciso e de que maneira de um cão-de-guarda com credibilidade e transparência na produção de notícias no espaço público nacional. O cão-de-guarda possui sempre a capacidade de acompanhar, de monitorizar e de supervisionar todas as atividades do nosso Estado de Direito democrático no mercado de ideias nacional, apresentando o interesse público e não o interesse particular do público.

Infelizmente, na Guiné-Bissau, o cão-de-guarda de interesse público não conseguiu ainda exercer, com responsabilidade, o seu papel na observação critica do interesse público no mercado nacional de ideias. O acompanhamento do interesse público é uma das condições essenciaispara o cão-de-guarda efetivar, na nossa esfera pública, o principio da responsabilidade de prestação de contas públicas. Esta ação não deve serrestrita apenas aos políticos. Deve também incluir uma ampla esfera de transações económicas e sociais que afetam toda a nossa vida pública nacional.

Para exercer, na Guiné-Bissau, uma verdadeira função de cão-de-guarda, é preciso constituir no mercado de ideias nacional, uma instancia independente, confiável e respeitada por toda a classe política e sociedade civil. Ou seja, não é ser apenas mais um cão-de-guarda observador independente. Tem de ser um cão-de-guarda independente e imparcial em relação aos assuntos de interesse público e de interesse particular do público.

Mas não é menos verdade que o cão-de-guarda na Guiné-Bissau, não tenha independência na sua atuação pública no mercado de ideias nacional como uma instância especifica do seu trabalho quotidiano. A monitoração do interesse público no mercado de ideias nacional foi e será sempre a tarefa de qualquer cão-de-guarda da Guiné-Bissau.

Infelizmente as redes de monitorização do cão-de-guarda na Guiné-Bissau não têm a capacidade e dedicação da coleta, de processamento e de disponibilização de informações sobre os mais diversificados temas nacionais e internacionais no espaço público nacional. Assim, a função de um cão-de-guarda na Guiné-Bissau é de produção, a nível nacional e internacional, de noticias para o consumo de interesse público e não de interesse particular do público. O que infelizmente incomoda os politólogos nacionais sem missão, valores e visão de Amílcar Cabral para o desenvolvimento do país.

Por: António Nhaga

Diretor Geral

 angloria.nhaga@gmail.com

Author: O DEMOCRATA

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