O governo da Guiné-Bissau, em colaboração com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), realizou, na terça-feira, 17 de junho de 2025, o lançamento do Projeto de Desenvolvimento, Integração e Reforço das Competências Técnicas (DIRECT), com a intenção de fortalecer as instituições de ensino técnico e profissional e apoiar a articulação entre o setor educativo e o mercado de trabalho, garantindo que os jovens, incluindo mulheres, tenham acesso a oportunidades reais e dignas de emprego.
O projeto surgiu no âmbito de um acordo assinado entre a União Europeia e a UNESCO em dezembro de 2024 e com a duração de cinco anos. O projeto financiado pela União Europeia no valor de dez milhões de euros, representa uma evolução estratégica da intervenção RESET, anteriormente liderada pela ENABEL, e visa consolidar os avanços alcançados, ao mesmo tempo que amplia o alcance e a ambição das ações no setor.
Confiado à UNESCO para a sua execução, o projeto representa um novo capítulo na cooperação entre a União Europeia e a Guiné-Bissau para o fortalecimento da formação profissional, da empregabilidade e da valorização. A cerimónia de lançamento serve como uma apresentação pública do projeto às autoridades nacionais, aos parceiros internacionais e à sociedade civil, assegurando a sua visibilidade institucional e promovendo o envolvimento ativo dos intervenientes relevantes.
Presidindo à cerimónia de lançamento do projeto, o chefe do governo, Rui Duarte de Barros, afirmou que o Projeto DIRECT surgiu como uma resposta direta aos desafios identificados e que irá apoiar a modernização curricular, bem como promover a qualificação dos formadores, fortalecendo as instituições de ensino técnico e profissional.
“Este é um compromisso com a dignidade, com o emprego, com a juventude e, sobretudo, com o futuro da Guiné-Bissau”, assegurou o primeiro-ministro, reafirmando total dedicação do seu governo à causa da educação e da formação técnica e profissional.
Barros aproveitou a ocasião para convidar todas as instituições públicas, o setor privado, assim como a sociedade civil e os parceiros internacionais, a unirem-se na jornada transformadora da juventude guineense.
O Primeiro-Ministro reconheceu que a formação técnica e profissional é um pilar fundamental para transformar a Guiné-Bissau num mundo em constante evolução em que as demandas do mercado de trabalho se renovam a cada dia. Acrescentou que, para tal, é necessário capacitar os jovens com ferramentas concretas, como tecnologias modernas e competências adaptadas, de modo que possam não apenas sonhar com um futuro melhor, mas também construí-lo com as suas próprias mãos.
Por sua vez, a Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas, Genevieve Boutin, revelou que a juventude guineense enfrenta desafios profundos no acesso à educação e à formação, tendo frisado que, atualmente, o país tem 560 mil crianças fora da escola e que apenas 27% das crianças completam o ensino básico, afirmando que esta é a taxa de conclusão do ensino primário mais baixa do mundo.
Genevieve Boutin disse que, no campo da formação técnica e profissional, os desafios também são evidentes, dado que existem apenas 29 centros de formação profissional em todo o território guineense, dos quais 73% estão concentrados em Bissau, criando um forte desequilíbrio territorial.
A Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas manifestou-se preocupada com a desigualdade de género no país, uma vez que, conforme afirmou, os dados são evidentes: apenas 35 dos 161 formadores são mulheres e menos de 25% das raparigas completam o segundo ciclo do ensino básico. Isto demonstra que a exclusão educativa afeta mais fortemente as raparigas, as zonas rurais e os grupos mais vulneráveis.
Para o chefe do Setor de Política da Delegação da União Europeia, Pedro Saraiva, investir numa formação de qualidade, acessível, inclusiva e adaptada ao tecido económico local é uma prioridade absoluta.
Pedro Saraiva alertou que o sucesso do projeto Desenvolvimento, Integração e Reforço das Competências Técnicas (DIRECT) dependerá indubitavelmente do envolvimento contínuo e comprometido das autoridades nacionais, nomeadamente do Ministério da Educação Nacional e do Ministério do Trabalho, assim como da sociedade civil, das empresas e das comunidades locais.
Saraiva reafirmou o seu compromisso de longo prazo com o desenvolvimento humano, com a inclusão socioeconómica dos jovens e com a construção de um sistema de educação e formação resilientes, relevantes e transformadores.
Por: Carolina Djeme



















