Visita de Sissoco aos EUA: ECONOMISTA DIZ QUE A INTEGRAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU EM BLOCOS REGIONAIS CONFERE-LHE VANTAGENS GEOPOLÍTICAS E ECONÓMICAS

O economista guineense, Afonso Gomes, afirmou que a situação geográfica da Guiné-Bissau na sub-região e a sua pertença a blocos regionais diversos, nomeadamente a CEDEAO- a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a União Económica e Monetária Oeste Africana- UEMOA, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa-CPLP, conferem ao país várias vantagens geopolíticas e geoeconómicas.

“No campo político, somos importantes em cada organização regional, porque conseguimos estabelecer pontes com quase todos os países africanos, por exemplo, na CPLP, através de Angola, podemos chegar com facilidades a um dos fortes blocos regionais, SADEC. Aplica-se também a outras estruturas regionais que pertencemos”, reforçou.

Em entrevista ao jornal O Democrata para falar de possíveis ganhos e resultados da deslocação do Presidente da Guiné-Bissau aos Estados Unido da América, Afonso Gomes destacou que,  além de vários fatores a do país ,  clima, reservas naturais e minerais, recursos haliêuticos, potencial agrícola e o turismo, a situação geográfica coloca o a Guiné-Bissau como uma rampa de lançamentos das empresas internacionais para atingir outros países da África Ocidental.

“No campo económico, além de vários fatores a nosso favor, o clima, reservas naturais e minerais, recursos haliêuticos, potencial agrícola e o turismo, a nossa situação geográfica coloca o nosso país como uma rampa de lançamentos das empresas internacionais para atingir outros países da África Ocidental e economicamente robustos”, insistiu.

Questionado se a discussão com Trump centrar-se-ia apenas no sentido de restabelecer a embaixada no país, afirmou que o estabelecimento da Embaixada dos Estados Unidos na Guiné-Bissau poderia ter sido explicado, em parte, pela posição geoestratégica que o país para Donald Trump, tendo em conta os desafios que cada potência mundial enfrenta para liderar o mundo.

“Como expliquei nas linhas anteriores, a África Ocidental é fundamental e sendo a Guiné-Bissau, o país que pode exercer influências significativas, dadas as relações que o nosso Presidente estabelece com, quase todos os chefes deste tão cobiçado espaço, torna-se para os Estados Unidos da América muito relevante”, afirmou, sublinhando que a exploração dos recursos mineiros no bloco sub-regional é o foco principal do programa da visita dos chefes de Estado africanos.

ECONOMISTA DIZ QUE CORTES ANUNCIADOS POR TRUMP NÃO PODEM SER TRAVADOS APENAS COM ESSA VISITA

Instado a pronunciar sobre os cortes anunciados pela Administração Trump, economista guineense, disse que será difícil apurar os resultados práticos da visita do Presidente Sissoco Embaló aos Estados Unidos da América, mas admite que essa deslocação pode despertar interesses dos investidores institucionais e privados.  

“Relativamente aos resultados práticos, é difícil apurar. O que sei é que vai despertar interesses dos investidores institucionais e privados”, afirmou e disse que os cortes anunciados pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, não podem ser contornados apenas com esta visita, por serem medidas “profundamente económicas” e “é nesse quadro que o país deve procurar soluções, até porque os cortes são transversais a quase todo o mundo”.

Afonso Gomes destacou que a deslocação do chefe do Estado guineense aos Estados Unidos da América representa “um evento de elevado nível para toda a nação guineense”, porquanto confirma a importância estratégica de uma diplomacia “positivamente agressiva empreendida pelo Presidente da República”, desde o início do seu mandato.

“É uma vitória diplomática porque o país saiu do estado de coma induzido de longos anos para uma ribalta internacional. Isto incorpora várias vantagens, desde logo tornar a Guiné-Bissau visível mundialmente e criar condições para o investimento estrangeiro, tão necessário, no nosso país”, enfatizou.

Defendeu, neste particular que o foco da visita dos cinco chefes de estados africanos não se deve versar fundamentalmente nestas questões económicas pontuais, embora com reflexos negativos nos aspetos estruturantes da economia destes países, mas na abordagem geopolítica e geoeconómica.

CHEFES DE ESTADO DEVEM FOCAR-SE NOS FATORES PROPORCIONADORES DA CRISE MUNDIAL

Para o economista Afonso Gomes, os chefes de Estados africanos deverão abordar questões ligadas aos fatores proporcionadores da crise mundial e, sobretudo, no continente africano, apresentar as propostas concretas sobre as cooperações económicas, neste caso, insere-se a questão de cortes em referência, propor a alteração da atual arquitetura das instituições financeiras internacionais (Banco Mundial e FMI), cujas decisões têm impactado negativamente a economia dos países africanos.

“Espero que eles tenham a coragem de abordar soberanamente a situação de segurança e Paz no mundo”, indicou, para de seguida lembrar que a África Ocidental regista intensos movimentos soberanistas, causados pelo despertar de consciência dos cidadãos desse espaço sobre a importância geoeconómica e geopolítica mundial, com profundos conhecimentos de que os seus países são detentores de maiores reservas minerais do mundo, portanto incontornáveis, tornando-se num palco de disputa das grandes potências mundiais como a China, a Rússia e entre outras.

“Trump não faz mais do que tentar preservar o seu espaço e conquistar o espaço que a França tem perdido a favor de outros países nesta zona, sendo os países cujos chefes de Estado se deslocaram aos Estados Unidos da América, fortes politicamente no contexto dos blocos regionais que pertencem. Ele quer apenas estabelecer alianças estratégicas com eles no sentido de influenciar decisões que poderão impactar a continuidade da presença do ocidente nas áreas económicas fundamentais”, afirmou. 

Por: Filomeno Sambú

Author: O DEMOCRATA

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