A República Popular da China abriu-se ao mundo, realizando, periodicamente, seminários, formações de curta e longa duração e intercâmbios em diferentes cidades. Estes eventos mostram que a China se assume como ator global e que defende a ideia de um futuro partilhado. Essa abertura é parte de uma estratégia clara de desenvolvimento e de afirmação internacional.
A China tornou-se uma potência mundial, porque soube definir as suas prioridades. Erradicou a fome, através da agricultura, investiu na educação e na saúde, apostou em infraestruturas e eletrificação, e hoje, ela lidera a inovação tecnológica e forma gerações capazes de sustentar o progresso.
A visita à província de Yunnan é reveladora. O turismo, a preservação cultural, a medicina tradicional e a modernização agrícola convivem num mesmo espaço. É um retrato de como se pode valorizar o passado e, ao mesmo tempo, preparar o futuro.
O contraste com a Guiné-Bissau é inevitável. Aqui, a instabilidade política, a corrupção e o clientelismo bloqueiam qualquer projeto de desenvolvimento. Enquanto na China as disputas políticas giram em torno de ideologias e planos de progresso, na Guiné-Bissau a luta pelo poder serve para enriquecer elites e manter um Estado frágil.
Os nossos recursos, nomeadamente areias pesadas, bauxite, fosfato, madeira, peixe, ostras, mancara, batata, feijão e frutas como foli, manga, limão, continuam a beneficiar os interesses externos e pequenos grupos de governantes, em vez de servirem o povo. A agricultura, que poderia ser a base da nossa independência alimentar, está abandonada. Não há um plano sério que motive a juventude a apostar na formação nesta área e na produção local.
A experiência em Yunnan reforça uma certeza que a Guiné-Bissau pode combater a fome se investir seriamente na agricultura e valorizar os seus recursos. Temos ainda plantas medicinais de grande valor, que poderiam sustentar uma indústria nacional inspirada no modelo chinês de medicina tradicional.
A China mostra que é possível crescer valorizando a história e apostando em setores estratégicos. A Guiné-Bissau precisa de líderes patriotas, capazes de trocar o clientelismo por visão de futuro. O país tem tudo para trilhar o caminho do desenvolvimento, tal como desenhado no programa maior pelo saudoso líder imortal, Amílcar Cabral. O que falta é vontade política e compromisso real com o bem-estar do povo.
Por: Tiago Seide
Professor e Jornalista
















