A Frente Social pretende participar no processo de recrutamento de novos professores para o ano letivo 2025/2026 na Guiné- Bissau para “salvar” o sistema educativo nacional.

O Ministério da Educação Nacional, através da direção- geral dos Recursos Humanos, estima que, para o presente ano letivo, sejam precisos mais de três mil professores para colmatar as vagas deixadas pelos professores que se encontram no estrangeiro.

Na carta consultada pelo O Democrata esta terça- feira, 16 de setembro de 2025, a congregação dos sindicatos da educação e de saúde, nomeadamente o Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF), a Frente Nacional dos Professores e Educadores (FRENAPROFE), o Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA) e o Sindicato Nacional dos Quadros Superiores da Saúde (SINQUASS), entende que a qualidade dos professores passa necessariamente por um processo rigoroso de recrutamento e seleção dos mesmos.

“Nos últimos anos, temos acompanhado esse processo sem o mínimo rigor e transparência, como tal, criou-se um formato inédito de seleção, ao nível de Recursos Humanos do Ministério de Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica, denominados PRIMEIRO GRUPO e SEGUNDO GRUPO” lê-se numa carta dirigida para o Ministro, da Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica, Queba Djaita, cujo assunto é Ponto de vista da Frente Social sobre o processo de recrutamento de professores para ano letivo 2025/2026, lembrando que o processo de recrutamento faz-se mediante uma clara identificação de necessidades para cobrir o número de vagas existentes nas escolas a nível nacional, antes do início do ano letivo. 

Contudo, lê-se na carta, o “mais estranho e incompreensível”, é o recrutamento de pessoal de outras áreas do saber que não têm preparação pedagógica, exemplificando que, com base na estrutura da educação formal, segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº04/2011 de 29 de maio), o recrutamento dos professores do 1º e 2º ciclo deve basear-se nos formados pela Unidade Escolar 17 de Fevereiro, ENAC de Bolama e demais escolas vocacionadas para estes ciclos.

“Ensinar exige vocação e preparação técnica. A pessoa pode ter vocação em transmitir conhecimento, mas tendo em conta a particularidade do pré-escolar, ensino básico e ensino secundário, essa pessoa precisa ter uma formação na área pedagógica para poder lecionar nestes ciclos” insistiu, para em seguida denunciar supostas situações de cumplicidade dos Recursos Humanos do ministério da educação que “nos últimos tempos tem invertido, em certas escolas, a ordem de colocação, passando Guias de Marcha para o ensino secundário (3º ciclo) à alguns professores formados para o ensino Básico (1º e 2º ciclo) e vice-versa”. 

“Vê-se um professor licenciado em língua portuguesa a dar aulas no 1º ciclo; um professor formado na economia a lecionar matemática … Esta mistura de alhos com bugalhos está a matar lentamente o sistema educativo, portanto, o antídoto para salvar o nosso sistema é pôr cada pedra no respetivo lugar” denunciou, manifestando a sua disponibilidade para colaborar no processo de recrutamento, que o Ministério da Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica provavelmente irá fazer, para que seja transparente e com base no respeito dos critérios de especialização.

Por: Tiago Seide