O Presidente da República cessante da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que estão criadas as condições necessárias para a realização das eleições gerais na data indicada, de modo a que seja “um pleito eleitoral pacífico, livre, transparente e credível”.
“Durante os últimos cinco anos, tenho primado pelo diálogo, pela inclusão, pela estabilidade política e pela consolidação do Estado de Direito Democrático. Estou convicto de que as próximas eleições vão confirmar o carácter irreversível da cidadania e dos valores democráticos na Guiné-Bissau”, disse o Chefe de Estado guineense, durante o seu discurso na 80.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, esta quinta-feira, 25 de setembro de 2025, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
“ONU CONTINUA A SER O ESPAÇO MULTILATERAL ÚNICO, ONDE O DIÁLOGO É AINDA POSSÍVEL”
A 80.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas está a ser marcada pelas diferentes posições dos países relativamente à situação da guerra em Gaza, que alguns consideram ser um genocídio cometido pelo exército israelita e inclusive, a Comissão de Inquérito Independente, criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, através do relatório apresentado em 16 de setembro deste ano, afirma que as ações de Israel em Gaza “constituem genocídio”.
Vários países, nomeadamente França, Inglaterra, Canadá, Brasil e Senegal, defenderam a solução de dois Estados, Israel e Palestina, posição rejeitada pelo governo israelita, através do seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e também pelos Estados Unidos da América.
Relativamente aos conflitos armados registados na Europa, no Médio Oriente e em África, o Chefe de Estado da Guiné-Bissau lamentou a persistência dos conflitos armados na Ucrânia, em Gaza, no Sudão e noutras regiões.
“Estamos confrontados com desigualdades socioeconómico, choques ambientais, políticos e humanitários, que mais afetam os países em desenvolvimento, com maior impacto nos pequenos estados insulares”, assegurou.
Umaro Sissoco Embalo disse que num mundo cada vez mais interdependente, “precisamos, mais do que nunca, de uma ordem mundial assente nos princípios consagradas na Carta das Nações Unidas, no respeito pelo Direito Internacional e na coexistência pacífica”.
A este respeito, afirmou que a Guiné-Bissau reitera o seu apelo com vista para que seja posto fim ao embargo económico, comercial e financeiro e outros tipos de restrições impostos contra Cuba.
“Oitenta anos depois da criação da ONU, o mundo mudou. Hoje, somos mais de que os Cinquenta e um (51) Estados signatários da Carta das Nações Unidas em 1945. Hoje as Nações Unidas somos nós, todos nós, os 193 estados membros, mais os estados observadores, as ONG, Organizações da Sociedade Civil e outras entidades presentes nesta Magna Assembleia”, defendeu.
O Presidente da República cessante defendeu, ainda no seu discurso, que as Nações Unidas para estar a altura dos desafios do século XXI, deve proceder as reformas que considera serem urgentes e, que, segundo a sua explanação, refletem as realidades geopolíticas atuais, e os equilíbrios mundiais.
“Reformas no sentido do alargamento e da democratização do Conselho de Segurança; Reformas que dêem lugar e voz ao Sul Global; Reformas que restaurem a confiança no multilateralismo e na cooperação internacional”, disse, afirmando que a ONU continua a ser o espaço multilateral único, onde o diálogo é ainda possível, mesmo quando a diplomacia e os bons ofícios falham noutros fóruns e circunstâncias.
“A legitimidade, a força e o futuro da ONU residem na inclusão e plena participação de todos nós, nas deliberações e tomadas de decisões. Os seus ideais fundamentais: paz, dignidade, igualdade, luta contra a pobreza, cooperação e resolução pacífica dos conflitos continuam vivos e a inspirar os propósitos e a marcha da humanidade”, exortou.
Por: Assana Sambú
















