A Frente Popular, o Movimento Revolucionário Pó de Terra e o Movimento de Defesa da Democracia da Guiné-Bissau, denunciaram o “colapso vertiginoso” do Estado, consequência da falência moral da liderança política e da “captura partidária” da administração pública, que sacrificou a meritocracia, a racionalidade e a competência em favor da mediocridade e da submissão.
As três organizações organizaram a Conferência Caminhos para a Libertação no sábado, 27 de setembro, na qual participaram cerca de seis dezenas de participantes, na sua maioria jovens e representantes de organizações sociais.
Nas resoluções finais da conferência consultadas pelo O Democrata, a Frente Popular, o Movimento Revolucionário Pó de Terra e o Movimento de Defesa da Democracia GB denunciaram, ainda, a degeneração das organizações partidárias, divorciadas da ideologia e da ética, convertendo a política numa feira mercantilista de interesses obscuros e pessoais, uma anarquia institucional sem precedentes, alimentada pela violação sistemática das instituições republicanas, Assembleia Nacional Popular, Supremo Tribunal de Justiça e Governo, num ultrajante desprezo pela Constituição, assim como a erosão brutal das liberdades fundamentais, de pensamento, expressão, reunião e manifestação, esmagadas por uma agenda de manipulação da história e de profanação da memória da luta de libertação, incluindo a figura imortal de Amílcar Cabral, e a instalação de um regime marcado por violência, assassinatos, corrupção desenfreada, endividamento asfixiante e compra de consciências com dinheiro público, minando a essência da República e ameaçando a própria sobrevivência do Estado.
Lê-se no documento que se regista a miséria crescente da população, fruto do colapso da educação, da saúde e da segurança pública, bem como da total ausência de políticas que dignifiquem a juventude e as mulheres.
“A epopeia da luta conjunta dos povos da Guiné e de Cabo Verde, conduzida pela visão intemporal de Amílcar Cabral e dos seus companheiros, permanece como farol inspirador da nossa determinação em construir um futuro livre e justo. A execução deliberada de um plano sinistro para desmontar a democracia e o Estado de Direito” insistiram, denunciando as detenções arbitrárias e prolongadas de cidadãos, alguns encarcerados há mais de três anos sem julgamento, como prova do autoritarismo vigente e a tentativa de legitimar o regime, através da farsa eleitoral, com manobras fraudulentas que insultam a inteligência e a dignidade do povo.
Por isso, os participantes da Conferência Caminhos para a Libertação deliberam reafirmar o compromisso de lutar até ao fim pela liberdade, pela democracia autêntica, pela independência nacional e pela emancipação plena do povo guineense.
“Condenar energicamente as medidas inconstitucionais e ilegais do regime de Umaro Sissoco Embaló, que visam corromper a transparência e assassinar a credibilidade do processo eleitoral. Denunciar com veemência as constantes ingerências do regime no poder judicial, responsabilizando os juízes conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça por cada decisão que fira a Constituição e a lei eleitoral”, lê-se no documento, tendo relembrado às Forças Armadas da Guiné-Bissau a sua missão histórica de defender a legalidade democrática, exortado a liderança militar a romper com a vergonhosa conivência com o regime moribundo de Sissoco Embaló.
Por fim, a Frente Popular, o Movimento Revolucionário Pó de Terra e o Movimento de Defesa da Democracia GB convocam o povo guineense à mobilização patriótica massiva para pôr termo à “anarquia institucional, resgatar a República e restaurar” a ordem constitucional e democrática.
Por: Tiago Seide
















