[ENTREVISTA EXCLUSIVA] O candidato à eleição presidencial, Fernando Dias da Costa, suportado pelas coligações PAI Terra Ranka e API Cabaz Garandi, defendeu “profundas” reformas institucionais, caso venha a ser eleito Chefe de Estado nas eleições previstas para 23 de novembro, para o futuro político da Guiné-Bissau.
Em entrevista ao jornal O Democrata para falar da sua visão política para apoiar o desenvolvimento da Guiné-Bissau, Dias da Costa afirmou que a sua candidatura resultou de uma reflexão, após ter recebido incentivos de cidadãos de diferentes setores sociais, mas sobretudo da análise da situação atual do país.
“SOU CANDIDATO DO POVO PARA ACABAR COM AS RESTRIÇÕES À LIBERDADE, RAPTOS E ASSASSINATOS”
O candidato disse sentir-se motivado pelo que considera ser “a instrumentalização de um regime ditatorial”, apontando “violações sistemáticas dos direitos humanos, restrições à liberdade, raptos, espancamentos e assassinatos”.
Perante este cenário, declarou apresentar-se “como candidato do povo”, tendo garantido que, caso seja eleito, irá cumprir e fazer cumprir rigorosamente a Constituição da República, assegurando o normal funcionamento das instituições.
“O papel do Presidente está claramente plasmado na nossa carta magna. Vou respeitá-lo e assegurar que todas as instituições funcionem dentro da normalidade”, afirmou, sublinhando que os princípios do fortalecimento do Estado de Direito, da independência da justiça e da separação de poderes estão garantidos na Constituição, mas defendeu uma ação firme para que esses mecanismos sejam efetivamente respeitados.
“Irei trabalhar afincadamente para que estes instrumentos sejam estritamente respeitados”, assegurou o candidato.

Para enfrentar o desafio da corrupção, que considera um dos maiores problemas do país, Fernando Dias da Costa prometeu apoiar o Governo no combate ao fenómeno e reforçar a independência das instituições de fiscalização.
Defendeu na entrevista um Ministério Público “forte, independente e com condições de trabalho”, assim como um Tribunal de Contas ativo, com auditorias regulares a todas as instituições, incluindo os órgãos de soberania.
DIAS REALÇA O COMPROMISSO HISTÓRICO DOS EX-COMBATENTES COM A DEFESA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

Dias criticou o estado atual das forças de defesa e segurança, que, segundo ele, foram levadas a uma “crise” pelo regime no poder. Ainda assim, reafirmou a confiança nas forças armadas republicanas, destacando a experiência dos combatentes da liberdade da pátria e o seu compromisso histórico com a defesa da Constituição e da liberdade.
Questionado sobre o reforço da unidade num país marcado pela diversidade étnica e religiosa, respondeu que essas diferenças constituem uma riqueza sociocultural, mas denuncia tentativas recentes de “promover divisionismo étnico e religioso para dividir e reinar”. No entanto, acredita que “o povo é consciente e nunca se deixará enganar”.
O candidato enfatiza a importância da Guiné-Bissau manter uma posição ativa em organizações como a CEDEAO, a União Africana e a CPLP, defendendo uma participação que promova a integração económica, cultural e académica.
Caso seja eleito, compromete-se a garantir que o país respeite as normas e obrigações dessas entidades.
Na mesma entrevista, Fernando Dias da Costa avalia como “péssima” a atuação do Presidente cessante, Umaro SissocoEmbaló, ao longo dos últimos cinco anos, acusando-o de desestruturar o Estado e enumerando um conjunto de alegadas violações constitucionais, como “criação de governos fora da Constituição, dissolução inconstitucional do Parlamento, assalto ao Supremo Tribunal de Justiça, criação de milícias e importação ilegal de armamento”.
O também líder de uma das alas do Partido da Renovação Social (PRS) denunciou ainda que o Palácio Presidencial foi transformado “numa prisão e local de tortura”.
Em relação à segurança nacional e combate ao crime organizado, o candidato defende o reforço da vigilância das fronteiras e a colaboração com países vizinhos e organizações internacionais para prevenir o terrorismo e o jihadismo na sub-região.
Para combater o crime organizado e o tráfico transfronteiriço, Dias propõe meios humanos qualificados, tecnologia moderna e um sistema judicial eficiente que puna os envolvidos.
Por fim, Fernando Dias da Costa deixa uma mensagem de renovação aos cidadãos guineenses: “Estamos em tempos de mudança, de renovação e de esperança. Renovem os vossos ânimos e votem conscientemente. Este é o momento de resgatar o país”.
Por: Tiago Seide



















