O presidente da Comissão da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Omar Alieu Touray disse este domingo, 14 de dezembro de 2025, que a organização avançará com a imposição de “sanções específicas” a qualquer pessoa que tente impedir o regresso a um regime civil na Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado do passado dia 26 de novembro.
“As autoridades irão impor sanções específicas a indivíduos ou grupos de pessoas que entrem no processo de transição”, declarou o presidente da Comissão da CEDEAO aos jornalistas no final da reunião.

O diplomata gambiano que preside a Comissão da CEDEAO, falava no final da 68.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, que se reuniu hoje em Abuja, capital da Nigéria, e da qual saiu a decisão que a força de manutenção da paz destacada na Guiné-Bissau está “autorizada a garantir a proteção de todos os líderes políticos e instituições nacionais”
Um autodenominado “alto comando militar” tomou o poder na Guiné-Bissau a 26 de novembro, três dias depois das eleições gerais (presidenciais e legislativas) e um dia antes da data anunciada para a divulgação dos resultados na Guiné-Bissau.
A 68.ª cimeira ordinária dos chefes de Estado do bloco regional foi dominada pelo golpe de Estado na Guiné-Bissau e por outro golpe frustrado no Benim ocorrido há uma semana.
No caso do Benim, a Nigéria enviou caças e tropas, juntamente com soldados da Costa do Marfim, para apoiar o Governo civil, tendo hoje a CEDEAO indicado que outros soldados chegarão em breve do Gana e da Serra Leoa.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau e a tentativa frustrada de tomada do poder militar no Benim acabaram por dominar a agenda da cimeira, convocada antes destes eventos, bem como as eleições presidenciais de 28 de dezembro na Guiné-Conacri.
Touray qualificou a marcação destas eleições como um “progresso significativo” no “processo de transição”, após o golpe de Estado de setembro de 2021.
Estas declarações surgem num momento em que o chefe da junta militar da Guiné-Conacri, Mamady Doumbouya, concorre à presidência, apesar de uma promessa anterior de não se candidatar, e em que o opositor exilado e antigo primeiro-ministro Cellou Dalein Diallo foi excluído das eleições. Questionado sobre a credibilidade da votação neste país, Touray disse aos jornalistas esperar que “as eleições sejam credíveis, transparentes e justas”.
Na cimeira foi ainda abordada a questão da segurança na região do Sahel, onde grupos jihadistas lideram insurreições em vários países da África Ocidental.
Liderados por militares, o Burquina Faso, o Mali e o Níger deixaram a CEDEAO e formaram a sua própria organização, a Aliança dos Estados do Sahel (AES).
Na semana passada, Touray apelou a negociações com a AES sobre questões de segurança comuns, enquanto o conflito continua a alastrar para sul.
Após o golpe na Guiné-Bissau, a CEDEAO suspendeu o país de todos os seus órgãos de decisão “até que a ordem constitucional plena e efetiva seja restabelecida”, decisão também tomada pela União Africana (UA), sendo que os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) irão analisar, numa cimeira ainda sem data anunciada, a recomendação do Conselho de Ministros para a suspensão da Guiné-Bissau e a sua substituição na presidência rotativa da organização.
A CEDEAO é composta por doze países após a saída de Burkina Faso, Níger e Mali, países governados por juntas militares que chegaram ao poder com golpes de Estado nos últimos anos e criaram a Aliança dos Estados do Sahel.
Por: Redação
O Democrata/DW
















