Trabalho com refugiados colocou organização liderada por ex-primeiro-ministro português e a chanceler alemã no topo da lista
Que o Bild escreva que Angela Merkel tem “boas hipóteses” de vencer, no dia 9, o Nobel da Paz devido ao seu papel na crise dos refugiados na Europa, não espanta. Mas quando ao jornal alemão se junta Kristian Berg Harpviken, diretor do Peace Research Institute Oslo (PRIO), a dizer que a chanceler “vai ganhar”, o nome da líder alemã depressa passou ontem a liderar uma lista de favoritos ao galardão que inclui figuras e organizações tão diversas como o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), liderado por António Guterres, o Papa Francisco ou o presidente Juan Manuel Santos e Timoleón Jiménez, o líder das FARC conhecido como “Timochenko”, pelo trabalho no processo de paz na Colômbia.
“É essa combinação de liderança moral e ao mesmo tempo de lidar com dilemas reais que fazem [Merkel] merecer o prémio”, explicou Harpviken à agência alemã dpa. Apesar de ter sido nomeada como candidata (numa longa lista de 273) por deputados alemães pelo seu papel no cessar-fogo acordado no Leste da Ucrânia, entre tropas de Kiev e separatistas pró-russos, é a sua política de portas abertas em relação aos refugiados, com a Alemanha – primeira economia da União Europeia – a já ter recebido mais de 800 mil e a esperar um milhão até fim do ano, que faz dela favorita.
Vindos sobretudo da Síria, onde a guerra entre regime e grupos rebeldes já dura há mais de quatro anos, os refugiados que tentam chegar à Europa têm dominado as notícias e revelado divisões dentro da UE. Esta crise explica que o ACNUR esteja também no topo da lista dos candidatos ao Nobel da Paz. Já vencedor por duas vezes – em 1954 e 1981 -, o órgão da ONU liderado pelo ex-primeiro-ministro português pode repetir agora o feito graças ao apoio que dá aos refugiados. Se tal se confirmar, será Guterres – cujo mandato no ACNUR termina em dezembro, gerando especulação sobre uma candidatura às presidenciais de 2016 em Portugal ou mesmo a secretário-geral da ONU – a subir ao palco em Oslo (os restantes prémios são entregues em Estocolmo) a 10 de dezembro para receber o Nobel da Paz das mãos do rei Harald V.
Mas tem concorrência forte. Não só Merkel, mas também o Papa Francisco. O argentino foi nomeado pelo trabalho a favor da justiça social e defesa da liberdade religiosa. Mas num ano que termina com a cimeira de Paris para travar as alterações climáticas, o chefe da Igreja Católica ganhou pontos com a sua encíclica a favor do ambiente.

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