Opinião: PROTOCOLOS DE ESTADO SILENCIAM ESTADISTAS LOGO À CHEGADA AO PAÍS

É normal um chefe de Estado, ao chegar a um país, não der uma declaração à imprensa. Mas impedir aos jornalistas interpelarem esse chefe de Estado, seja lá quem for o visitante, sob pretexto de ser chefe e/ou protocolo de Estado, contrariaria os limites de atuação entre os dois campos, e isso se chama limitação de exercício da profissão jornalística.

Não deixar os jornalistas interpelarem um chefe de Estado é sinónimo de mandar o visitante entrar de boca fechada ao nosso país. Aliás, a maioria dos chefes de Estado é instruída.

A primeira coisa que  fazem antes da visitar é consultar as agências de notícias nacionais e internacionais, as redes sociais etc. para  ficarem a conhecer muito bem a realidade do país a visitar. A diplomacia “agressiva” de que se fala precisa da união de esforços de todas as instituições, incluindo os esforços da comunicação social. Não se deve esquecer que um jornalista é os olhos e os ouvidos do  zé povinho e a sua missão ultrapassa, de longe, as fronteiras, o que o torna um jornalista do mundo, assim entendido por questões das novas tecnologias – o mundo hoje está próximo.

Entrevistando um chefe de Estado que está de visita ao país logo à sua chegada e ainda no aeroporto, é de certa maneira, permiti-lhe dar satisfações ao seu povo, porque viajou com o seu dinheiro. O povo não pode esperar que o seu presidente fique horas e horas de boca fechada num país estrangeiro, por capricho dos agentes do protocolo. Quem pode fazer isso não são esses agentes do protocolo de Estado e/ou chefes dos protocolos de Estado, são os jornalistas. Entendam isso e deixem os jornalistas fazerem o trabalho deles nas visitas oficiais e/ ou em qualquer cerimónia de Estado.

Copiem o trabalho e o comportamento dos protocolos de Estado de outros países. Vejam como ao Presidente da Guiné-Bissau é dada a oportunidade de interagir com a imprensa, quando viaja em missão de serviço.

Aqueles protocolos de Estado não incomodam a imprensa, porque sabem que perguntar/ questionar para saber COMO e PORQUÊ das coisas é papel dos jornalistas.

Os responsáveis das instituições do país e seus acólitos, digamos protocolos, tendem a desrespeitar os jornalistas no exercício da sua profissão, por acharem que esta classe tem pessoas sem nível social  nem académico, medíocres, pedintes…. Confesso que não conheço hoje em dia um jornalista que ingressou nesta profissão sem ter no mínimo, o 12° ano de escolaridade. Mas conheço políticos e protocolos de Estado que nem sexto (6°) ano de escolaridade concluíram. 

É preciso que os jornalistas se unam e ponham ponto final a esta falta de respeito dos incompetentes que os querem dar lições de moral. 

Desafio os jornalistas, se formos impedidos de entrevistar e/ou interpelar qualquer chefe de Estado, primeiro ministro, membro de governo de qualquer país em missão na Guiné-Bissau, optarmos por um “apagão mediático total”, ou seja, deixar em branco a visita e vermos se os protocolos é que vão falar da visita.

Sei que é difícil sobretudo num país em que a imprensa é um parente pobre e alguns jornalistas são pedintes, mas estou certo que se um dia conseguirmos cumprir esse desígnio necessário e urgentíssimo, seremos de vez respeitados.

“Jornalista Ka dibidi rispitadu só hora k limpa sujeira di gubernante”!

Por: Tiago Seide

Professor e Jornalista

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