
Os restos mortais do líder do Partido da Renovação Social (PRS), Alberto Mbunhe Nambeia, chegaram ao país no início da tarde desta sexta-feira, 03 de fevereiro de 2023, provenientes de Lisboa (Portugal), onde faleceu no passado dia 25 do mês em curso, vítima de doença prolongada e vai ser sepultado amanhã (sábado) no cemitério municipal de Bissau.
A urna funerária do presidente do partido de milho e arroz foi recebida por milhares de guineenses, particularmente dos militantes, dirigentes dos renovadores, dirigentes de várias formações políticas, amigos e familiares. O corpo de Nambeia chegou de voo de uma das companhias aéreas que faz a ligação entre Bissau e Lisboa, por volta das 14 horas de Bissau.
Após a retirada da urna do avião, elementos da força da Guarda Nacional entregaram-na ao presidente em exercício do PRS, Fernando Dias, que estava acompanhado de alguns dirigentes para receber o corpo do “Padrinho de Paz”, seguindo direto numa viatura, acompanhada de alguns familiares e dirigentes do partido, do aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissalanca, para a sua residência, em Cuntum.
Dirigentes do partido, militantes e homens grandes de “sumbia vermelho” seguiram o féretro num itinerário de mais de cinco quilómetros, os homens grandes gritando palavras em coro, às quais eram respondidas apenas por aqueles que cumpriram o ritual de fanado balanta.
FERNANDO DIAS: “NAMBEIA DEIXA UM SENTIMENTO POPULAR NA GUINÉ-BISSAU”

O presidente em exercício do Partido da Renovação Social, Fernando da Costa Dias, afirmou que a presença das diferentes formações políticas na receção dos restos mortais de Nambeia é uma demonstração clara que ele deixou um sentimento popular de uma pessoa que lutou pela consolidação da paz na Guiné-Bissau.
Assegurou que as divergências políticas devido às ideologias partidárias aparecem várias vezes como elemento de conflito, mas quando houve um sentimento do gênero, acabaram por tornar-se num único corpo e fala, por isso agradeceu o gesto de solidariedade dos responsáveis políticos.
Dias reconheceu igualmente o gesto e contribuição do Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló e do líder do parlamento, Cipriano Cassamá, pelas diligências feitas, bem como apoios e contribuições das diferentes formações políticas.
“Nambeia outrora foi reconhecido como padrinho da paz na Guiné-Bissau, de maneira que devemos recordar a sua obra, porque a sua figura tem vários significados na democracia guineense, começando pelo partido até ao país em geral. Neste momento de dor, queremos apelar a todos os militantes do Partido da Renovação Social, a uma calma total, preocupando-se apenas com a cerimónia fúnebre do Alberto Nambeia, para depois realizar tudo que é necessário”, sublinhou.
Para o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, este é o momento em que os atores políticos devem ser capazes de ultrapassar diferenças, esquecendo as cores políticas e partidárias e diferenças de ponto de vista.
“É preciso consagrar esse momento e dar um sinal da unidade nacional e congregação da nação guineense para render homenagem a um homem que dedicou a sua vida para servir, de acordo com a sua convicção. É momento de homenagear Nambeia sem associar cores de preferências políticas”, disse.

Por sua vez, o Coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15), Braima Camará, recordou Nambeia, “como um homem tolerante, de justiça, liberdade, paz e acima de tudo era um homem muito humilde e defensor dos injustiçados”.
“Nambeia é um líder que não compactua com injustiça e defende sempre a verdade, assim o reconhecimento da direção superior do MADEM G-15 é profunda, porque a sua morte é uma perda irreparável não só para o PRS, mas também para o país em geral”, notou.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: Marcelo Na Ritche