
[Campanha eleitoral] O Presidente do Partido Manifesto do Povo (MP), Aristino João da Costa, afirmou que a Guiné-Bissau caminha para o abismo, sublinhando que o povo guineense precisa de salvação, esperança e concretização de modelos de desenvolvimento.
Em entrevista telefónica a O Democrata, a partir de Pandim, Setor de Canchungo, onde se encontra em campanha eleitoral, Aristino João da Costa lembrou que a política é uma causa honrada e que ela deve ser exercida por pessoas honestas e de honra.
Para João da Costa, os políticos guineenses estão desacreditados por causa dos seus comportamentos, afirmando que a política, enquanto atividade nobre para erguer um Estado, transformou-se num “cartel de bandidasco”, na Guiné-Bissau, por esta atividade ter sido invadida por políticos impreparados.
“Políticos nos outros países são investigados, antes de começarem a fazer política. Mas aqui no país, as pessoas chegam hoje, trazem dinheiro de origem duvidosa, compram as consciências do povo, são eleitos e governam o país. Qual é o tipo de Estado que queremos construir com este tipo de políticos e governantes?!” questionou, afirmando que o país deve ser dirigido por pessoas preparadas, porque um país alfabetizado, instruído, educado é um país formatado para o desenvolvimento.
O líder político explicou que os principais eixos do programa do MP assentam-se em quatro setores, nomeadamente Educação, Saúde, Agricultura e Eletricidade e água.
Defendeu a reestruturação e consolidação da educação e a elevação do conhecimento da juventude guineense, através de atribuição de bolsas de estudos para especialização no exterior, assim como a formação do homem guineense para a cultura de trabalho.
Para termos um bom sistema nacional de saúde, disse Aristino João da Costa, é preciso que tenhamos um bom sistema nacional de saúde. Por isso, defendeu um pacto social, denominado programa de sociedade, onde serão traduzidas as aspirações da sociedade e um pacto de governação, onde as lideranças políticas vão, em conjunto, definir as estratégias e prioridades de governação, denominado pacto político, com o intuito de construir um Programa Nacional de governação e desenvolvimento.
O partido Manifesto do Povo prevê a formação eorganização da agricultura por etapas, por prioridades de setores agrícolas, assim como trabalhar para garantir a dieta alimentar, através da formação da juventude nas áreas de agronomia, engenharia florestal e a cartografia do solo.
“Enquanto tivermos políticos que procuram poder paratachos, ou com o objetivo de introduzir os seus militantes sem preparação na função pública, o país não avançará” insistiu.
Em relação aos Setores de Defesa e Segurança, Aristino João da Costa revelou que a sua formação política tenciona transformar o quartel de QZ num centro nacional de academia de Estado, o quartel de Canchungo num pólouniversitário de academia de Estado, defendendo que os quartéis fiquem nas zonas estratégicas do país.
Para João da Costa, é preciso realizar seminários temáticos destinados aos agentes destes dois setores, assim como o envolvimento de militares com formação na academia militar para discutir os problemas dos setores de defesa e segurança, antes de se avançar com a reforma.
O Partido Manifesto do Povo concorreu em cinco círculos eleitorais, nomeadamente, 5 (Bissorã), 19 (Ingoré/Bigene/ Bula), 20 (Caio/ Canchungo), 21 (Cacheu/ Calequisse/ São Domingos) e 25 (SAB). O líder do partido apontou como meta, eleger cinco deputados para constituir uma bancada parlamentar, com o intuito de influenciar a governação na próxima legislatura, porque o seu partido quer mudar o paradigma de governação, a estabilidade, a democracia e a consolidação dos ganhos democráticos, desde a independência, a liberdade e a justiça.
“Queremos ter a voz na assembleia Nacional. Se atingirmos essa meta, qualquer coligação pós – eleitoral deve ser fundada nos valores de justiça, paz, desenvolvimento e igualdade. Estaremos dispostos a viabilizar uma governação coerente e com um programa concreto capaz de acabar com o sofrimento do povo, atrocidades, a barbaridade, o ambiente de terror e perseguição que se vive no país” explicou.
Considerou “inconcebível, imoral, incoerente” a campanha “luxuosa” que está a ser feita por alguns partidos políticos, numa altura em que a população está sem comer e está com falta de quase tudo.
“Há partidos com cinquentas dupla cabines novos, outros com mais de 30 duplo cabines, trezentas a quinhentas motorizadas, mas a população não tem água potável. É moral isso? Um duplo cabine custa, no mínimo, 12 a 22 milhões de francos cfa. Este valor poderia construir muitos poços de água. Fiquei transtornado pelo que estou a assistir nesta campanha eleitoral. Em nenhum Estado faz-se a campanha eleitoral que se faz na Guiné-Bissau. É uma falta de vergonha para o povo que está a pedir o voto” criticou Aristino João da Costa.
Por: Tiago Seide
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