Andebol: FALTA DE APOIO FINANCEIRO DO GOVERNO IMPEDE REALIZAÇÃO DO CAMPEONATO NACIONAL DA MODALIDADE

A Federação de Andebol da Guiné-Bissau decidiu não realizar o Campeonato Nacional da modalidade na presente temporada desportiva (2024-2025) no país, devido à falta de apoio financeiro do executivo de iniciativa presidencial, que dirige o país  desde dezembro de 2023. O organismo foi solicitado pelo executivo para integrar um plano de atividades e o seu orçamento no mês de outubro último para que pudesse apoiar a federação financeiramente, mas a promessa do governo liderado por Rui Duarte Barros acabou por não se concretizar até ao momento.

Neste sentido, a Direção Executiva da Federação de Andebol do país decidiu não avançar para a realização da competição no sentido de permitir que os jovens atletas competissem em 2025 ao nível do território nacional. Devido à falta da disponibilidade financeira de sucessivos governos,  a instituição federativa tem realizado, nos últimos anos, o Campeonato Nacional apenas com meios financeiros próprios e com o apoio do Comité Olímpico Nacional.

A informação foi transmitida esta terça-feira, 13 de maio, pelo próprio presidente do órgão, Quecuta Indjai, em entrevista  ao Jornal O Democrata, com o objetivo de abordar vários assuntos ligados à modalidade, com destaque para a falta de apoio financeiro para a deslocação das seleções jovens do país a fim de participar no torneio da zona II em Mauritânia, que vai decorrer neste mês naquele país da África Ocidental.

“O governo solicitou-nos a apresentar um plano de atividades e o seu orçamento que foi apresentado no mês de outubro de 2024, logo depois fizeram abertura da época desportiva, onde garantiu que apoiaria as federações desportivas no sentido de realizarem as suas respetivas provas nacionais e outras atividades, mas essa promessa não foi concretizada e decidimos simplesmente não realizar o Campeonato Nacional, porque todas as atividades que temos realizado é com os nossos meios financeiros e com o apoio pontual do Comité Olímpico”, disse.

“Este ano não conseguimos o apoio do Comité Olímpico e fomos obrigados a cancelar todas as nossas atividades e concentramo-nos somente na participação das nossas seleções femininas que estão na Mauritânia para participar no torneio de Andebol”, frisou Quecuta Indjai.

Segundo as explicações de Indjai, o organismo que dirige entregou desde 2016 toda a planificação para realização das suas atividades e foi entregue ao executivo, mas simplesmente o executivo não reagiu. Perante este cenário, Indjai acusou os sucessivos governos de falta de sensibilidade com as restantes modalidades desportivas, com a exceção a Federação de Futebol da Guiné-Bissau  (FFGB), uma vez que o órgão liderado por Carlos Mendes Teixeira “Caíto” tem beneficiado de apoios financeiros do governo para realização das suas atividades.

“Isso tem a ver com a questão de falta de vontade das nossas autoridades. As nossas autoridades desportivas às vezes não têm sensibilidade para o desporto, porque temos o Ministério da Juventude Cultura  e Desportos e a Primatura que devem ajudar para fortificar as modalidades desportivas, mas todas estas estruturas, incluindo a Direção-geral dos Desportos, não estão a funcionar como deveria ter sido, sobretudo no que tema ver com  apoios às federações. No  Conselho de Ministros, não se discute nada sobre o setor desportivo e não saem decisões relativamente ao apoio ao setor desportivo. Para nós é uma situação estranha”, criticou.

Preocupado com a não realização do Campeonato Nacional nesta época desportiva, Quecuta Indjai, que está nos últimos meses do seu mandato, disse que esta situação terá enorme implicação na Federação de Andebol, porque “nos últimos anos o órgão  tem apostado fortemente na formação de jovens atletas no sentido de dar maior progressão à modalidade no país”.

O dirigente desportivo informou que nos últimos tempos várias equipas  aderiram à modalidade a nível das regiões com a participação de jovens, permitindo a massificação de Andebol na Guiné-Bissau, cumprindo os critérios da Confederação Africana de Andebol e Federação Internacional de Andebol.

”A Direção Executiva está a fazer esforços, realizando alguns torneios e algumas atividades, mas tem sido já  para nós uma a tradição a nível da Federação Internacional participar a cada ano numa competição da sub-região com as seleções masculinas e femininas alternadamente. Por isso, para ter uma seleção nacional os atletas devem competir internamente“, frisou.

Reeleito para o segundo mandato em 2020 sem adversários, depois de ter vencido Cipriano Có nas anteriores eleições de 2016, Indjai garantiu ao seminário O Democrata que não vai recandidatar-se à presidência do organismo para um terceiro mandato, embora admita que os estatutos da instituição federativa não lhe vedam mais uma recandidatura.  

“Moralmente acho que não existe necessidade para avançar com uma candidatura, porque já dei a minha contribuição e vou dar oportunidade a outras pessoas para assumir o destino da Federação de Andebol”, afirmou Indjai.

Antes de assumir a presidência da Federação de Andebol, onde fez dois mandatos, Quecuta Indjai foi Secretário Geral da instituição federativa durante oito anos. Na altura, Eugénio Lopes de Oliveira Lopes, era o presidente do organismo. Após abandonar o cargo de presidente da Federação de Andebol, Eugénio de Oliveira Lopes assumiu o cargo do Secretário-geral do Comité Olímpico da Guiné-Bissau. 

Esta não é primeira vez que a Federaçao de Andebol tem questionado a falta do apoios do governo com as restantes federações desportivas. Em 2022, acusou o executivo de falta de atenção durante a cerimónia de entrega dos prêmios aos clubes e às equipas vencedores das competições nacionais.

Igualmente secretario-geral do Forum das Federações Desportivas, acusou o governo, em 2024, de apenas estar a olhar para o futebol, deixando de lado as outras modalidades desportivas.

Por: Alison Cabral

Author: O DEMOCRATA

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