O Instituto Nacional de Estatística (INE) realizou um workshop com o objetivo de capitalizar as lições aprendidas, rever os procedimentos adotados e aprimorar as metodologias para o processo do recenseamento geral da população e no final do encontro, foi produzida uma recomendação na qual os participantes solicitaram a atualização do Plano de Trabalho Anual e do Orçamento Anual, assim como o funcionamento do comité técnico de recenseamento, pedindo ainda a garantia da presença e permanência dos técnicos afetos no departamento central do recenseamento.
O workshop para a avaliação do recenseamento piloto decorreu de 5 a 30 de maio de 2025, numa das unidades hoteleiras da capital, Bissau, e contou com a presença de 70 pessoas, entre as quais técnicos do INE, membros do Comité Técnico de Recenseamento, supervisores e representantes de parceiros técnicos e financeiros.
Durante o workshop, os participantes avaliaram os resultados dos trabalhos do recenseamento piloto, visando propor os ajustes necessários para o recenseamento geral, assegurando assim a qualidade e a conformidade com os padrões internacionais.
“NÃO PODE HAVER MARGEM PARA ERRO NO MOMENTO CENSITÁRIO” – PRESIDENTE DO INE

Na sua comunicação durante o encerramento dos trabalhos do workshop, o presidente do Instituto Nacional de Estatística, Roberto Vieira, aproveitou a ocasião para enfatizar a necessidade imperiosa de dar seguimento às recomendações provenientes do encontro.
Vieira elogiou a determinação e a pressão das representantes do Banco Mundial e do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) no processo, acrescentando que o Banco Mundial está a fornecer um “apoio extraordinário” ao processo estatístico. Enfatizou ainda que “a bola agora está do nosso lado. Tivemos um hiato que já foi ultrapassado e já não temos razão de queixa”.
O presidente do INE agradeceu a todos os que participaram no processo, de forma direta e indireta, com destaque para a comunicação social que, segundo a sua explanação, desempenha um papel preponderante no Processo de Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH4).
“Os órgãos de comunicação ajudaram na difusão das mensagens rapidamente, em diferentes línguas nacionais,” notou, acrescentando que “todo o mundo está à nossa espera”.
Roberto Vieira afirmou que todos os intervenientes neste processo já estão empenhados para que isso aconteça, “porque não pode haver margem para erros no momento censitário, que deve durar 21 dias”.
Presentes na cerimónia de encerramento do workshop, a representante do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Zaliah Assoumana, destacou a importância deste encontro de avaliação do recenseamento piloto e das recomendações dele decorrentes, e alertou a todos os participantes para velarem pela sua implementação.
“Como sabem, o recenseamento tem duas componentes: a cartografia, que acabamos de implemente e a numeração. Durante a apresentação, identificámos um problema a nível da colaboração da população, por isso exorto à multiplicação das ações de sensibilização para aumentar a adesão dos cidadãos ao processo. O recenseamento não é apenas para os agentes de campo, mas sobretudo para a população e o seu desenvolvimento”, disse.
“Acho que devemos focarmo-nos no aspecto da sensibilização antes da fase de numeração, a fim de permitir que todo o esforço conjunto levado a cabo para digitalizar a recolha de dados traga resultados fiáveis, com a adesão das comunidades. Esses resultados beneficiam não só o país, mas também os parceiros de desenvolvimento, porque, enquanto não tivermos dados fiáveis, dificilmente teremos programas credíveis e resultados concretos com vista a mudar as tendências dos indicadores que desejamos para a Guiné-Bissau”, assegurou a representante do FNUAP, mostrando-se satisfeita com o exercício realizado e as diferentes recomendações.
Para a representante do Banco Mundial, Rosa Brito, é através dos censos que se conhecem dados atualizados e precisos sobre o tamanho, a distribuição e a composição demográfica da população da Guiné-Bissau.
“Podemos ainda identificar lacunas no acesso a serviços essenciais, como saúde, educação, abastecimento de água e saneamento, entre outros. Ter dados atualizados sobre a população é absolutamente indispensável para o planeamento eficaz de políticas públicas e para a formulação de estratégias de desenvolvimento local e nacional”, assegurou, avançando que dados fiáveis garantem que os recursos sejam alocados com base nas reais necessidades da população, frisando que “em suma, é fundamental para o progresso do país”.
Explicou que a instituição que representa tem vindo a apoiar regularmente o fortalecimento da capacidade estatística do país, mas mostrou estar ciente da importância da atualização desses dados, lembrando que o último RGPH teve lugar em 2009.
Revelou na sua comunicação que o Banco Mundial disponibilizou uma subvenção de 15 milhões de dólares para apoiar o projeto de harmonização e melhoria da estatística na África Ocidental e Central, dos quais metade destas verbas está alocada para o Recenseamento Geral da População e Habitação da Guiné-Bissau.
Rosa Brito revelou, neste particular, que foram identificados cerca de 85% dos edifícios durante a fase de pré-cartografia, que termina no final deste mês, após quatro meses de trabalho.
No final dos trabalhos de três dias, os participantes deixaram algumas recomendações, das quais se destacam as seguintes:
Rever e partilhar os documentos à luz da avaliação feita pelos técnicos do DCR e supervisores; Desenvolver um planoapropriado de gestão logística para enfrentar os desafios identificados no recenseamento piloto; Avaliar a situação energética e propor soluções adequadas ao contexto nacional e regional; Assegurar a disseminação dos principais documentos metodológicos sobre o recenseamento e finalizar os manuais de agentes controladores e supervisores e adquirir software para a coleta de dados estatísticos.
Relativamente à estratégia de comunicação, solicitaram a revisão da mesma e a intensificação das campanhas de informação e sensibilização, de modo a garantir a mobilização das partes interessadas. Além disso, propuseram intensificar as ações de comunicação social e sensibilização comunitária, envolvendo líderes locais, poderes tradicionais, associações comunitárias de base, jovens e mulheres.
Sobre equipamentos e aspectos da tecnologia de informação e comunicação, foram sugeridos os seguintes pontos adicionais: garantir a segurança e inviolabilidade das infraestruturas de tecnologia de informação e comunicação, nomeadamente os servidores; e velar pela observância da política de salvaguarda de dados instituída.
Por: Assana Sambú



















