AMBIENTALISTA ALERTA QUE A MÁ GESTÃO DE LIXO IMPACTA O AMBIENTE E AMEAÇA A SAÚDE PÚBLICA

O gestor dos resíduos urbanos, Isnaba Posto Merba, alertou que o vazamento irregular de lixo constitui um impacto negativo no meio ambiental e é uma ameaça à saúde pública. O ambientalista afirmou que a má gestão do lixo cria um impacto ” negativo e grave”, tanto na saúde pública quanto influência a economia, mostrando que a falta de gestão criteriosa de lixo deve ser uma preocupação social.

Em entrevista ao jornal O Democrata, Isnaba Posto Merba disse que o lixo tem um impacto negativo no meio ambiente, não apenas os plásticos, como também afeta espaços e o ambiente de muita aglomeração, porque” o lixo liberta águas lixiviadas que contaminam os lençóis freáticos”.

“LIXO POLUI O AR E O SOLO E ESSA POLUIÇÃO INFLUENCIA DIRETAMENTE A SAÚDE E A ECONOMIA”

‎”E quando isso acontece, acaba por contaminar a àgua daquela zona e cria problemas de saúde devido ao consumo da àgua contaminada”, frisou, afirmando que os espaços onde são vazados o lixo perdem automaticamente os seus valores económicos, exemplificando o antigo vazadouro de Antula.

‎”Quando o espaço ainda era vazio, as casas vizinhas não tinham procura para arrendamento, por causa do mau cheiro. Agora   com a mudança do vazadouro, o espaço ganhou nova dinâmica e isso demostra que o problema do lixo mexe com a economia de um país, de uma comunidade e de uma sociedade”, disse.

‎Isnaba Posto Merba informou que o lixo polui o ar e o solo e que essa poluição influencia diretamente a saúde e a economia, mostrandoque quem vive perto dos pântanos poluídos não consegue ter boa saúde nem sequer respira um ar saudável e o solo, independentemente do cultivo, os sacos plásticos impedem a penetração da água.

‎De acordo com o gestor ambiental, a falta de uma indicação dos ecopontos obriga os moradores aimprovisarem sítios para agrupar o lixo e muitas vezes a Câmara Municipal de Bissau (CMB) não consegue evacuá-lo a tempo, alegando que alguns ecopontos na cidade são indicados pela autoridade Camarária e outros são improvisados por moradores.

Questionado se é possível mudar essa situação e como, disse que sim, sugerindo a sensibilização como ponto mais alto para proteger o ambiente, porque a má gestão de lixo tem efeitos   diretos na vida das espécies que vivem nesses espaços contaminados, bem como na vida das pessoas que vivem à volta desses lugares.

‎”Ninguém tira esmola para se auto destruir, por isso quando recebe um agradecimento sempre deseja que seja uma boa esmola”, assinalou.

‎”Creio que se soubermos que o lixo que deitamos de forma irregular faz mal a nós mesmos, vamos mudar a nossa forma de estar. Os sacos plásticos que gerimos mal acabam nos nossos pratos, porque alimentamo-nos   dos recursos marinhos que ingerem esses plásticos”, afirmou.

‎Além da sensibilização, disse que é preciso criar motivações e incentivos, envolvendo as associações juvenis dos bairros na limpeza, razão pela qual sugeriu que a CMB, tendo   dificuldades na remoção de lixos nos bairros, deve criar mecanismos para incentivar positivamente a reciclagem, porque” isso contribui para a redução de lixo na cidade”.

‎”Existem iniciativas de produção de blocos de garrafas. Este tipo de iniciativa deve ser incentivado. De igual modo as pessoas devem apostar na compostagem das frutas, reduzindo os problemas de moscas e cheiros fortes. Temos casos das mangas e das laranjas que quando estragadas, criam um ambiente horrível”, disse.

Questionado se o lixo constitui problemas relacionados com o assoreamento dos nossos rios, disse que sim, embora não seja o único problema, porque “o cultivo nas bocanas do rio e a correnteza das chuvas acabam por arrastar as areias e aqueles detritos   em grande quantidade para o rio acelerando o assoreamento.

‎“Queimar lixo não é uma solução, devido à poluição. A melhor forma é separar o lixo, sobretudo os plásticos e colocá-los ao pé da fogueira, depois retirar e colocar num bidões de tamanho maior e deixar o recipiente num cantinho. Separar areia de tudo e o resto pode ser enterrado. Porque quando chover tudo vai apodrecer no solo e para evitar o mau cheiro, a areia retirada do lixo pode ser utilizada para minimizar o impacto do cheiro e com tempo poderá servir para a sua plantação”, disse.

‎”Não temos vazadouro, segundo as normas ambientais. Um espaço para vazadouro passa por um estudo, criando condições para libertação de gases com o efeito de estufa, reciclagem, descontaminação do lençol freático e a vedação do espaço”, aconselhou.

‎Isnaba  Posto Merba disse que uma das características exigidas para um vazadouro é que deve estar   longe das  habitações humanas e  do mar. Deve ser um espaço que contém pedras para reduzir a contaminação do lençol freático, mostrando que  as pedras reduzem a filtração  em quantidade,  das águas lixiviadas que contaminam o lençol freático  e que as pessoas não podem construir numa distância de cento e cinquenta metros do vazadouro.

‎Isnaba Posto Merba convidou, neste particular, os cidadãos a pensarem na redução de lixo, usando o mecanismo de amigo de ambiente, reduzindo o uso de plásticos.

MÉDICO DIZ QUE O IMPACTO DE MAU CHEIRO NA SAÚDE PÚBLICA CRIA PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

‎Interpelado pelo jornal O Democrata, o Médico especialista em medicina familiar, Idulino Gomes Correia, revelou que o mau cheiro nos lugares públicos cria problemas respiratórios, justificando que há pessoas que não conseguem aguentar o cheiro forte, tendo em conta a saúde respiratória e, “perante essa situação,acabam por ter uma irritação das fossas nasais”.

‎Segundo o especialista em medicina familiar, a contaminação do lençol freático acaba por afetar a água que é consumida e cria problemas de diarreia, de tifóide, problemas intestinais e digestivos.

Idulino Gomes Correia aconselhou a população no sentido de se cuidar com o vazamento de lixo em lugares sensíveis, sobretudo nos lugares públicos, assim como nas comunidades e nas zonas de furo de água.

“Lixo nos lugares públicos não é nada saudável. Por exemplo no mercado, as moscas saem de lixo e levam vermes para os produtos e quando uma pessoa compra os produtos contaminados, leva esses vermes para casa e lá pode contaminar muitas pessoas”, indiciou.

Preocupado com essa situação, exortou o Ministério da Saúde Pública a tomar um engajamento sobre a saúde sanitária, promover programas de sensibilização sobre o saneamento básico, bem como pediu à Câmara Municipal de Bissau a   colocar depósitos (tanques) nos lugares públicos para o vazamento de lixo.

‎O médico convidou a CMB no sentido de distribuir tanques de lixo para os bairros para evitar que a população vaze lixo de uma forma inapropriada e que prejudique a saúde pública.

‎Na sua opinião, o vazadouro não deve ficar próximo da população, por ser   prejudicial à saúde.

‎De acordo com o especialista, segundo o estudo que está a ser desenvolvido, os resíduos plásticos são uma das causas de câncer, justificando que “atualmente usamos plásticos de forma inapropriada”.

‎”Os plásticos soltam alguns produtos que nos criam algumas células no organismo. O ministério da Saúde e do Ambiente devem criar mecanismos para proporcionar uma boa gestão de lixo e   uso de sacos plásticos no território”, disse.

‎O especialista disse que o país não tem um vazadouro que respeite as normais ambientais, um espaço para ser vazadouro, tem razão e desafiou o Ministério de Saúde a tomar um engajamento sério sobre o lixo na Guiné-Bissau.

“Podemos tratar o lixo de várias maneiras: colocar os sacos plásticos ao pé de fogueira no momento da cozinha, é uma das saídas”, defendeu.

Por: Jacimira Segunda Saia    

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